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Câmara de mediação organiza seminário para discutir solução de conflitos na Universidade

A Camac também desenvolve programa para criar espaços de acolhimento nas unidades, com o objetivo de realizar uma abordagem preliminar

Nascida há pouco mais de três anos com a missão de promover a paz nos campi da Unicamp, a Câmara de Mediação e Ações Colaborativas (Camac) realiza, no final deste mês, o II Seminário de Mediação em Ambiente Universitário da Unicamp. O evento ocorrerá ao longo do dia 30 de outubro e vai discutir, entre outros temas, a mediação como ferramenta para solucionar conflitos, a qualidade da convivência nos espaços da Universidade e a saúde mental geral.

De acordo com a coordenadora da Camac, Maria Augusta Pretti Ramalho, a câmara atua de forma a reduzir os conflitos, no dia a dia, entre servidores, entre servidores e docentes e entre docentes e estudantes.

“Às vezes essas relações [conflituosas] começam com uma simples antipatia, com um mal entendido. Mas uma sensação de mal-estar pode crescer a ponto de se transformar em um problema de difícil solução”, diz. “A câmara age de forma a evitar que um conflito vire uma sindicância ou antes que possa se transformar em um processo criminal, porque, a partir daí, a gente não consegue atuar mais.” Criado em 2019, o órgão começou a funcionar em 2021 e, desde então, soma 49 casos finalizados. Alguns deles foram resolvidos em duas ou três sessões de mediação. Outros duraram mais de um ano e meio até sua solução.

A coordenadora conta que a câmara está desenvolvendo um programa para criar espaços de acolhimento nas várias unidades da Unicamp. Esses espaços fazem uma abordagem preliminar e, se for o caso, encaminham o caso para mediação. “Hoje nós já conseguimos implantar em 21 unidades, além do Centro de Ensino de Línguas [CEL] e do Profis [Programa de Formação Interdisciplinar Superior]. O próximo deverá ser no HC [Hospital de Clínicas].” Segundo Ramalho, a mediação é a melhor opção já que, muitas vezes, a penalização nem sempre representa o fim do conflito.

A coordenadora da Camac, Maria Augusta Pretti Ramalho: "sensação de mal-estar pode crescer a ponto de se transformar em um problema de difícil solução"
A coordenadora da Camac, Maria Augusta Pretti Ramalho: “sensação de mal-estar pode crescer a ponto de se transformar em um problema de difícil solução”

O órgão conta hoje com 87 mediadores – todos sob regime de trabalho voluntário, como a servidora Maria Cristina Lourençoni. A servidora chegou à Unicamp em 2012 e começou a trabalhar no Hemocentro. Depois passou pela ouvidoria do HC e hoje está na pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Na gestão da qualidade no Hemocentro ficou dez anos atendendo clientes e recebendo reclamações. Foi nesse período que Lourençoni teve contato com os mecanismos de mediação.

“Participar de uma mediação à qual as pessoas chegam armadas e doloridas e da qual, após se expressarem e serem acolhidas, saem agradecidas pelo espaço de escuta e pela oportunidade de ter conseguido realmente serem ouvidas faz com que eu me sinta à vontade, viva e carregada dessa energia de gratidão. Esse é um momento mágico de conexão humana”, diz.

“Hoje sou muito grata por ter tido a oportunidade de conhecer as técnicas e a profunda importância da mediação nas relações humanas”, afirma. “O curso [sobre mediação feito pela servidora] foi um divisor de águas para o meu trabalho e para a minha existência.”

A mediadora Cláudia Marques, que, entre outros órgãos, passou pela Secretaria Geral da Unicamp e pela Diretoria Acadêmica (DAC), soma mais de três décadas na Universidade. Marques integra a câmara desde o início do órgão e já atuou em dezenas de casos. Na opinião da mediadora, o trabalho voluntário significa uma espécie de retribuição.

“Para mim, pessoalmente, esse trabalho tem valido muito a pena porque, na verdade, é um propósito de vida. Decidi fazer um serviço comunitário porque me sinto privilegiada por trabalhar na Universidade. Meus dois filhos estudam aqui. Por isso, achei que deveria devolver isso de alguma forma”, conta a servidora, que hoje atua na Secretaria Executiva de Comunicação (SEC).

Além de na Unicamp, Marques também trabalha como mediadora voluntária no Ministério Público de São Paulo (MPSP). Ali, cumpre jornadas extras, realizadas em horários noturnos ou em finais de semana. “Resolvi também atuar no MPSP porque podemos atender pessoas da periferia, muitas vezes em situação de vulnerabilidade econômica, que dificilmente teriam recursos para, eventualmente, pagar por um mediador”, afirma.

Autocompositivas

Oito mediadores voluntários formados na Unicamp atuam hoje no Núcleo de Incentivo em Práticas Autocompositivas (Nuipa), órgão do MPSP dedicado a propor soluções consensuais para os mais variados conflitos.

Firmado em 2021, o convênio entre a Universidade e o MPSP trabalha hoje em duas áreas específicas: processos relativos a conflitos familiares que envolvam idosos e aqueles referentes a pessoas com deficiência (PCD). De acordo com o promotor de Justiça Paulo César Martinez de Castro, que coordena o núcleo de Campinas, a maioria dos casos envolve episódios em que filhos ou parentes próximos divergem sobre a responsabilidades pelo cuidado de uma pessoa idosa ou PCD.

Castro afirma que os mediadores saídos da Unicamp mostram bastante empenho. “Esse grupo já trabalhou em aproximadamente 50 casos e, em mais da metade deles, conseguimos um acordo”, disse. “E, nos casos que os envolvidos não firmaram um acordo, a maioria ao menos concordou com negociar, o que deve agilizar muito o processo judicial.”

“Os mediadores usam técnicas que vão para além da conciliação. Trata-se de sessões de mediação e diálogo – às vezes individualmente, às vezes com todos os envolvidos – que podem se prolongar por horas e que ocorrem fora do horário normal de trabalho, em horários de almoço, ou mesmo em finais de semana. E é sempre bom lembrar: trata-se de um trabalho voluntário. Eles não recebem por isso”, conta o promotor.

Castro diz estar convencido sobre a eficácia do programa. “Eu tenho 36 anos de MP, estou há dois anos e meio no núcleo e vejo que a construção da autocomposição, sobretudo nesses casos, é uma saída já que as partes decidem dialogar e trabalhar em busca da solução de um determinado problema. Assim, fica muito mais fácil para elas cumprirem o que foi acertado”, pondera.

“Eu gostaria de agradecer a Reitoria da Unicamp e a coordenação da câmara de mediação da Unicamp por esse serviço. E também quero agradecer o trabalho dos servidores da Unicamp que prestam esse serviço voluntário. Para mim, isso é algo fantástico. Uma atitude altamente elogiável”, finalizou o promotor.

Confira a programação completa

II Seminário de Mediação em Ambiente Universitário da Unicamp

Tema: Pertencendo, todos crescemos!

Data: 30/10/2024

Horário: das 9h às 17h

Local: Auditório do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), Praça das Bandeiras, 45 (prédio da Diretoria Geral de Administração – DGA)

Realização: Unicamp e Câmara de Mediação e Ações Colaborativas (Camac)

Programação

9h – Credenciamento

9h30 – Abertura

10h10 – Mesa 1: “Perspectiva Freiriana na Educação”; com Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos e Néri de Barros Almeida

11h – Café

11h15 – Mesa 2: “O Diálogo Sobre Mediação em Ambiente Universitário: USP, Unesp e Unicamp”; com Camilo Zufelato, Renato Cymbalista, Edson César Dos Santos Cabral e Maria Augusta Pretti Ramalho. Mediador: Antônio Rodrigues de Freitas Jr.

12h15 – Almoço

14h15 – Mesa 3: “Qualidade da Convivência na Universidade – Acolhimento”; com Telma Pileggi Vinha e Cléo Garcia. Mediadora: Maria Victoria Guinle Vivacqua

15h15 – Café

15h30 – Mesa 4: “Perspectiva da Mediação e Saúde Mental na Universidade”; com Rosane Mantilla de Souza e Tânia Maron Vichi Freire de Mello. Mediadora: Célia Regina Zapparolli Rodrigues de Freitas

16h15 – Palestra de Encerramento com Silvia Maria Santiago

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