Contribuir para a construção de um futuro sustentável é o principal objetivo do XIV Encontro Innovagro Brasil 2024 – Ruta de Innovación, sediado pela Unicamp entre os dias 29 e 31 de outubro. A cerimônia de abertura aconteceu nesta terça-feira (29) na Casa do Professor Visitante (CPV) e reuniu o ecossistema formado por instituições de inovação de Campinas voltadas para a agricultura. O evento contou com a presença de especialistas, acadêmicos e profissionais do setor agroalimentar do Brasil e da América Latina, além do vice-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carmino Antonio de Souza, docente da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
Organizado pela Rede de Gestão da Inovação no Setor Agroalimentar (Red Innovagro), a programação inclui, ao longo dos três dias, visitas ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC), ao Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), ao Parque Científico e Tecnológico de Campinas e ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), incluindo o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).
Mais de um século de história
O engenheiro agrícola Luís Augusto Barbosa Cortez, membro do Comitê Executivo no Brasil da Red Innovagro e professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, falou sobre a história de Campinas, que se constituiu um polo na área da pesquisa agrícola. “Em 1887, o imperador Dom Pedro II criou o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), logo após retornar de uma viagem aos Estados Unidos, curioso que estava por saber como eles produziam. Esse foi o início da pesquisa agrícola no Brasil. Não é por acaso que temos aqui o Ital e a Unicamp. Estamos aqui por causa do professor André Tosello, que veio do IAC para a Unicamp e criou a Faculdade de Engenharia de Alimentos e Agrícola”, lembra Cortez, que desejou a todos um bom evento e agradeceu a presença das instituições convidadas.
A Red Innovagro, representada por Cortez, é composta por 70 instituições públicas e privadas de 15 países diferentes, que trabalham na busca de soluções e inovações voltadas para a transformação dos sistemas agroalimentares. Em parceria com a Innovagro, também participaram da organização do evento a Unicamp, a Universidade de Córdoba, o Campus de Excelência Internacional Agroalimentário (CEIA3) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Comer e viver melhor
O vice-presidente do IICA, Diego Montenegro Ernst, participou da mesa de abertura do evento e agradeceu a hospitalidade. Sediado na Costa Rica, o IICA é uma organização que atua nas Américas há 83 anos. “Trabalhamos na busca de uma agricultura mais sustentável, competitiva, inclusiva e equitativa”, disse Ernst. “Encontros como esse alimentam o conhecimento e o trabalho coordenado, na busca de contribuir para um mundo que possa comer melhor e viver melhor. Que seja o início de uma série de trabalhos colaborativos entre todos que estamos aqui presentes e outros que não puderem estar”, concluiu o vice-presidente do IICA.
Sinergia
O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, reforçou o papel relevante da cidade de Campinas na história da inovação e na geração de conhecimento na pesquisa agrícola. Além de mencionar o IAC, o Ital e a Unicamp, Meirelles falou da Embrapa “que veio coroar isso tudo no Brasil”, com as pesquisas sobre a soja que proporcionaram grande força à produção agrícola no Brasil.
“Existe uma grande sinergia da Unicamp com as instituições locais, como a Embrapa agrodigital, que fica dentro da Unicamp, e outras duas unidades na região. Somos uma universidade jovem e de médio porte, criada em 1966, e temos muitas pesquisas que se transformaram em patentes no Brasil nas áreas de Tecnologia da Informação, transição energética e nas áreas agrícola e de alimentos. Temos essa força na inovação, com 1,3 mil empresa-filhas catalogadas, originadas de profissionais de nossa comunidade”, mencionou Meirelles. “A região é responsável por 16% da produção de Ciência & Tecnologia no Brasil, metade da Unicamp.”
Ecossistema de inovação
A diretora-geral do Ital, Eloísa Elena Correa Garcia, agradeceu o convite e falou que espera receber os participantes do evento na visita agendada para o terceiro dia do evento. “É muito importante trabalharmos em rede, porque hoje nada se faz sozinho. Estamos cada vez mais conectados e, para fazermos a diferença, temos que andar juntos.”
A pesquisadora do IAC Regina Célia de Matos Pires agradeceu em nome do diretor-geral Marcos Landell e disse estar feliz de receber a visita de todos no Instituto. “Vocês terão oportunidade de conhecer, por exemplo, o projeto Reciclar Verde, excelente exemplo de sustentabilidade e de criação de insumo para a agricultura com sustentabilidade. Não tenho dúvida de que a troca de conhecimento entre as várias instituições da região de Campinas vai representar um avanço.”
O professor Rosley Anholon, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, representante da Comissão Organizadora do evento e do HUB Internacional de Desenvolvimento Sustentável da Unicamp (HIDS), também compôs a mesa de abertura e disse acreditar que o encontro “vai se caracterizar como um momento para futuras parcerias e colaborações, em prol do desenvolvimento sustentável, que precisa da união de múltiplos conhecimentos”. Anholon fará apresentação do HIDS no dia 31/10, último dia do evento.
Universo científico
Roberto Donato, também integrante da comissão organizadora e do HIDS, comemorou a mobilização das instituições locais na participação do encontro Innovagro, que se transformou em uma oportunidade de mostrar para essa rede de atores o potencial de inovação de Campinas, da Unicamp e dos institutos de ciência e tecnologia presentes. “A Rede Innovagro é uma entidade que reúne grandes atores da discussão sobre ciência alimentar e ciência agrícola na área de inovação, principalmente de países de língua espanhola e portuguesa: México, Espanha, Brasil são três eixos fundamentais.”
Também integrante da equipe organizadora, o professor Guilherme José Máximo, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, acredita que, nos três dias de encontro, podem se desenvolver parcerias em processos e alternativas, dentro do contexto da produção de alimentos e da agricultura. “Nossa região tem uma vocação nessa área de produção agrícola. Acho que é cada vez mais interessante para a Unicamp pensar estratégias sustentáveis para aumentar a produção com diminuição de impactos ambientais, porque sustentabilidade e mudanças climáticas são as temáticas que o universo científico precisa encabeçar.”