O Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) da Unicamp e a empresa Equinor Brasil inauguraram nesta segunda-feira (11) um laboratório que pode representar um salto nas pesquisas sobre o petróleo do pré-sal, além de contribuir com a descarbonização da cadeia produtiva dessa indústria. Instalado dentro do centro, o Laboratório de Propriedades Termofísicas de Fluidos em Alta Pressão (PVTLab) recebeu investimentos de R$ 12,5 milhões, feitos pela empresa e usados também para a aquisição de equipamentos de última geração capazes de simular diferentes condições.
Os pesquisadores explicaram que diversos fatores devem ser levados em consideração na extração de petróleo a mais de 3 mil metros de profundidade, como acontece na exploração do pré-sal brasileiro. Segundo os especialistas, ao ser retirado de um reservatório, o óleo bruto, em alta temperatura, sobe pelos dutos, aos redor dos quais há água extremamente gelada. Nesse cenário, é comum ocorrer a formação de parafinas – um derivado de petróleo – ou emulsões – a mistura de dois líquidos que não se dissolvem um no outro.
“A grande vantagem dessa nova estrutura é que a gente vai conseguir restituir o petróleo em condições de reservatório e, com isso, ter melhores condições de estudar os fenômenos nas mesmas condições em que são observados, no reservatório ou na linha de produção, nas mesmas condições de pressão e temperatura”, explicou o pesquisador Carlos Eduardo Perles, responsável pelo laboratório e membro do Cepetro. “Com isso, conseguiremos uma maior representatividade dos dados em relação aos fenômenos que acontecem em campo”, acrescenta.
O laboratório permitirá a simulação, em pequenos volumes, das condições de pressão e temperatura dos reservatórios e sistemas de produção, aproximando os estudos laboratoriais dos sistemas reais, permitindo obter resultados mais representativos de fenômenos associados à garantia de escoamento e à propriedade dos fluidos reais.
“Esse novo laboratório representa um marco para a nossa instituição e para o avanço da pesquisa e da inovação no Cepetro e na Unicamp. O laboratório visa promover um ambiente colaborativo, com tecnologia de ponta, capaz de estudar fluídos complexos, em condições extremas como as observadas na produção de petróleo no Brasil e também para aplicações que envolvem a captura de carbono”, disse o diretor do Cepetro, Marcelo Castro.
“Temos confiança de que esse laboratório impulsionará a formação de profissionais e o desenvolvimento de soluções inovadoras, fortalecendo nossa colaboração com a Equinor, com a indústria como um todo e com a comunidade científica, de modo a gerar novas tecnologias”, finalizou Castro.
A gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) da Equinor Brasil, Andrea Achoa, lembrou que o dinheiro gasto no laboratório corresponde ao montante que, por lei, as concessionários precisarem invistir em PD&I, o equivalente a 1% da receita bruta gerada pelos campos de grande rentabilidade ou com grande volume de produção.
Achoa agradeceu a Unicamp pela parceria. “O laboratório é um símbolo do fortalecimento da nossa parceria com a Universidade. Queria aproveitar a oportunidade, também, para agradecer a Unicamp pelo ótimo trabalho que vem desempenhando até aqui”, disse.
Compromisso com a sustentabilidade
O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, afirmou que a nova instalação mantém a Universidade em contato com o que há de mais moderno nesse tipo de pesquisa.
“Para nós enquanto instituição, ter acesso a esses recursos e poder empregá-los na melhoria e modernização da nossa infraestrutura é essencial para nos mantermos atualizados com a pesquisa no mundo”, disse. “E sabemos o que isso pode significar em termos de desenvolvimento de conhecimento – para que possamos explorar os recursos finitos de uma forma mais produtiva.”
Meirelles lembrou ainda o compromisso da Universidade com a sustentabilidade. “A gente sabe do compromisso que a Equinor tem com a sustentabilidade e isso coloca a empresa em uma posição de muita proximidade com a nossa agenda. Nós temos a aspiração de ser a Universidade mais forte no que se refere à transição energética”, afirmou o reitor.