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Universidades públicas paulistas implantam novo modelo na pós-graduação

Chamado de PAPG, o projeto tem por objetivo dinamizar o processo formativo e oferecer trilhas formativas diversas mais adequadas

O protocolo de intenções que permite a implantação do novo modelo de pós-graduação foi assinado no dia 11 de novembro, na Reitoria da USP
O protocolo de intenções que permite a implantação do novo modelo de pós-graduação foi assinado no dia 11 de novembro, na Reitoria da USP

Um memorando de entendimento assinado nesta segunda-feira (11) por oito instituições públicas permitirá a implementação de um novo modelo nos cursos de Pós-Graduação nas universidades públicas do estado de São Paulo. Pelo acordo, partir do ano que vem, os programas de pós-graduação de excelência das seis universidades públicas paulistas, com notas 6 ou 7 na avaliação da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), poderão adotar mudanças estruturantes no modelo de seus cursos de pós-graduação.

Chamado de Plano de Aperfeiçoamento da Pós-graduação (PAPG), o projeto tem por objetivo dinamizar o processo formativo, oferecer trilhas formativas diversas mais adequadas, com a aquisição de competências esperadas dos pós-graduandos, e uma cooperação mais estreita com a sociedade.

O acordo foi assinado pelas três universidades públicas estaduais de São Paulo, Unicamp, USP (Universidade de São Paulo) e Unesp (Universidade Estadual Paulista); pelas três federais instaladas no estado, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e Universidade Federal do ABC (UFABC); e pelas agências de fomento  Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), esta última ligada ao Ministério da Educação, que trabalha pela expansão e consolidação da pós-graduação no país.

De acordo com o Plano, a formação na pós-graduação deve oferecer competências e habilidades para além do projeto de pesquisa – respeitando-se os objetivos do estudante –, fornecendo aprendizagens humanísticas, éticas, de empreendedorismo e com maior integração com a sociedade. Esse processo formativo deve reconhecer os interesses diversos dos estudantes e oferecer oportunidades variadas para o seu aprendizado na academia e fora dela, continua o documento.

De acordo com as instituições, as mudanças implicam em organizar, intensificar e modernizar a matriz curricular e as atividades extracurriculares. A introdução de atividades inter e transdisciplinares de forma intensiva e integrativa permitirá aos estudantes que almejam uma formação pela pesquisa alcançarem mais rapidamente o doutorado.

“Nosso modelo de pós-graduação foi criado em 1965, com o chamado Parecer Sucupira. Nesses 60 anos de vigência, o mundo mudou, o sistema de ensino superior mudou e algumas adaptações tornaram-se necessárias. Uma delas é o tempo da pós-graduação. Atualmente, o tempo médio para titulação no Brasil é de 9,5 anos, porque há um hiato entre o mestrado e o doutorado”, explicou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, que falou em nome das três universidades estaduais paulistas.

“Nos marcos dos programas de excelência 6 e 7, a ideia é que se possa permitir uma aceleração da formação na pós-graduação. [O novo sistema] Vai permitir que uma parcela dos ingressantes no mestrado possa transitar para o doutorado de forma mais rápida”, explica o reitor da Unicamp Antonio José de Almeida Meirelles. 

A cerimônia contou com representantes da Capes, Fapesp, USP, Unesp, Unicamp e Unifesp, Ufscar e UFABC
A cerimônia contou com representantes da Capes, Fapesp, USP, Unesp, Unicamp e Unifesp, Ufscar e UFABC

Sistema forte e bem estruturado

Para propor as mudanças, os especialistas que elaboraram o Plano consideraram que a pós-graduação no Brasil não tem acompanhado nas últimas décadas as mudanças ocorridas em outros países com sistemas de pós-graduação fortes e bem estruturados. Consideraram também que a estrutura da pós-graduação no Brasil não se adaptou às mudanças nos interesses dos pós-graduandos e às perspectivas de trabalho dos seus egressos.

Além disso, argumentam que, na última década, tem havido diminuição no ingresso na pós-graduação, que tem se mostrado pouco atraente para os recém-graduados. Os especialistas que elaboraram o plano alegam, ainda, que a idade média de titulação de doutores no Brasil é quase 10 anos acima daquela em países com pós-graduação forte.

O presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, reforçou que “esse é um problema que foi surgindo progressivamente nos últimos tempos. Eu me formei na pós-graduação com 28 anos. Hoje, em média, o doutoramento se dá com 38 anos, e esse aumento de tempo não resultou em aumento de qualidade. O país não suporta isso. Essa é uma realidade que temos que mudar, simplificando os processos, reduzindo a burocracia e as exigências desnecessárias para a formação de bons pesquisadores”, disse ele.

“Esse acordo representa um esforço conjunto para atrair mais candidatos ao doutorado, reduzir a média de idade dos doutores formados e dinamizar e qualificar os programas de pós-graduação das universidades envolvidas. A aplicação de recursos na formação de pessoas qualificadas em pesquisa não é gasto, é investimento”, afirmou o diretor de Programas e Bolsas da Capes, Luiz Antonio Pessan.

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