O Comitê Unicamp Universidade Promotora da Saúde está em busca de voluntários – estudantes, funcionários e docentes – para participarem de seus programas. O grupo, criado pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), tem como missão garantir que a Unicamp seja um espaço de promoção de saúde interna e externamente, proporcionando um ambiente saudável para a sua comunidade e o seu entorno. Para tanto, o comitê pretende assegurar a continuidade das ações preventivas e de cuidado já em curso nos diferentes setores da instituição, além de identificar novas medidas e oportunidades que permitam ampliar a vocação universitária.
Para garantir um olhar integrado, o órgão reúne representantes de diferentes campos do saber. Liderado pela cardiologista Patricia Leme, assessora de gabinete da CGU, o comitê também conta com a participação de Rôse Trevisane, coordenadora do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom); Silvia Santiago, diretora executiva de Direitos Humanos; Marcia Bandini, médica do trabalho; Renata Azevedo, psiquiatra; Sérgio de Lucca, médico do trabalho; Rogério do Espírito Santo, dentista e coordenador do Cecom; Ana Maria Sperandio, ortoptista; e Tânia de Mello, psiquiatra.
A iniciativa parte do pressuposto de que promover a saúde não é uma tarefa exclusiva de profissionais da área, mas uma atividade contínua e interligada, envolvendo todos os setores da sociedade. Não se trata, esclarece Leme, de adotar um estilo de vida saudável, praticar atividade física ou consumir alimentos nutritivos. “Esse é e deve ser um conceito intersetorial. Um engenheiro que trabalha na construção de estradas com acessibilidade, por exemplo, está promovendo saúde. Além disso, implica cuidar do que chamamos de determinantes sociais da saúde. Isso significa ser preciso considerar as condições de alimentação, de trabalho e de moradia de uma pessoa. Observar se essa pessoa mora bem ou não, se está exposta à violência onde vive ou se tem acessibilidade nos locais por onde anda”, define a médica.
No início do próximo ano, o comitê deve elaborar uma relação de indicadores a ser utilizada para diagnosticar a situação de cada realidade. A partir do diagnóstico, o órgão realizará o mapeamento das iniciativas que já contribuem para a promoção da saúde nos mais variados institutos, faculdades e instâncias da Unicamp – como ações educativas e de extensão universitária; serviços de saúde oferecidos nos diferentes espaços da instituição; e patentes de inovação relacionadas ao tema. Traçada a situação, o comitê definirá as diretrizes que permitirão à Universidade ampliar sua capacidade de atuação, além de continuar a monitorar os parâmetros estabelecidos.
“Precisamos de pessoas que tenham interesse em ajudar a cuidar da saúde do local onde estão, daqui, da Universidade. Precisamos de voluntários para discutir ações, multiplicar práticas, levantar dificuldades e problemas existentes onde estudam ou trabalham”, afirma Leme. A ideia é compartilhar, posteriormente, a experiência com os demais integrantes das redes de universidades promotoras da saúde. “Esse é um projeto estratégico e deve fazer parte do planejamento das universidades de maneira transversal, conforme indicam as diretrizes da Rebraups [Rede Brasileira de Universidades Promotoras da Saúde] e da Riups [Rede Ibero-Americana de Universidades Promotoras da Saúde]. De acordo com essa lógica, tudo o que for feito na Unicamp precisa proporcionar saúde de maneira integrada.”
Para a professora Maria Luiza Moretti, coordenadora-geral da Unicamp e também médica, a saúde deve ser parte da estratégia da Universidade – tanto assim que o comitê resulta de um projeto encampado pela CGU. “A Unicamp é uma universidade que sempre buscou o bem-estar das pessoas. Dessa forma, participar de uma iniciativa como as redes promotoras de saúde coroa um trabalho que já era uma tradição nossa. O poder transformador da iniciativa e o seu potencial para gerar novas ideias, certamente, vão trazer para a comunidade universitária e para a sociedade como um todo mais bem-estar.”
Fruto de um processo construído internamente, sobretudo a partir da criação do Cecom em 1986, o modelo de gestão de saúde da comunidade aplicado pela Unicamp vem chamando a atenção de outras universidades brasileiras, afirma Leme. O próprio contato com a Rebraups e a Riups tornou-se possível somente por conta do interesse de uma equipe da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) em conhecer o trabalho realizado no centro, conta a médica. “Nós já estávamos fazendo aqui o que as redes defendem, sem ter conhecimento da sua existência. Ao receber a delegação da Uerj, fomos apresentados às entidades e decidimos entrar em contato.”
Ao aderir às duas entidades, a Unicamp corrobora sua vocação histórica de cuidar do bem-estar físico e mental de sua comunidade de maneira integrada e preventiva, analisa a chefe do comitê. “O trabalho feito aqui é único no Brasil”, destaca. Com uma equipe multidisciplinar composta de 150 profissionais, entre médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, o Cecom atende a todos os que frequentam a Universidade. Além disso, o órgão conta com mais de 20 programas e grupos educativos ou preventivos, que tratam de questões variadas, como hipertensão, menopausa, câncer de intestino grosso, gravidez, dor crônica, dengue, saúde bucal e nutrição. “Não se trata apenas de atendimento ambulatorial. Procuramos começar a promover a saúde antes que a doença ocorra”, ressalta Leme.
Para a médica, ao assumir a responsabilidade de contribuir para a melhoria da saúde e do bem-estar de seu quadro de funcionários e estudantes, a Unicamp desempenha, também, um papel educativo, na medida em que serve de exemplo a ser replicado. “Promover a formação profissional, a produção de conhecimento e o desenvolvimento de pesquisas e novas tecnologias são objetivos associados das universidades filiadas às redes. Além disso, a universidade é considerada um dos ambientes mais propícios para aplicar programas e iniciativas que promovam a saúde e o bem-estar de maneira global, tanto é que o movimento de universidades promotoras de saúde é apoiado pela Organização Mundial da Saúde e pela Organização Pan-Americana da Saúde.”