Entre os dias 26 e 29 de novembro, a Unicamp, em parceria com instituições francesas e latino-americanas, realiza, na França, a segunda edição do Seminário Internacional Refúgio Acadêmico.
O evento será sediado em três locais – no campus Condorcet, em Aubervilliers, na Universidade de Paris Nanterre e na Sciences Po Lille – e reunirá especialistas, estudantes e instituições para debater políticas de acolhimento acadêmico de pessoas em situação de deslocamento forçado.
A realização é fruto de uma colaboração entre a Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Unicamp (CSVM-Unicamp), o Institut Convergences Migrations, a Universidade de Lille, o Clersé (Centre Lillois d’Études et de Recherches Sociologiques et Économiques), a Universidade da República (Uruguai) e outras instituições parceiras.
A edição inaugural do seminário aconteceu na Unicamp em 2022 e reuniu cerca de 90 pessoas de várias nacionalidades. Ana Carolina de Moura Delfim Maciel, presidenta da CSVM-Unicamp e uma das organizadoras, diz que esta segunda edição representa um marco na internacionalização do projeto. “Nosso seminário inicia uma carreira internacional, trazendo reflexões e proposições para um efetivo acolhimento de indivíduos em risco.”
A proposta de sediar a segunda edição na França partiu do antropólogo Michel Agier, referência global em estudos de deslocamento forçado, que esteve na Unicamp para o primeiro seminário em 2022.
A programação inclui palestras, mesas-redondas e atividades culturais. No dia 26, o coquetel de abertura será realizado na embaixada do Brasil na França, com presença do embaixador, Ricardo Neiva Tavares.
Além de Ana Carolina Maciel, a delegação da Unicamp conta ainda com a presença da chefe de gabinete adjunta, Adriana Nunes Ferreira, pesquisadores e ativistas que se dedicam à temática do refúgio contemporâneo.
Mobilização acadêmica para acolhimento
O projeto Refúgio Acadêmico começou em 2021, quando houve um acirramento da crise humanitária no Afeganistão. Naquele contexto, Maciel e o pesquisador Omar Ribeiro Thomaz discutiram a necessidade de uma mobilização acadêmica para acolher os deslocados. “Desde o início, a Unicamp se destacou como pioneira, e o movimento logo se expandiu para outras universidades brasileiras”, relembra Maciel.
A proposta ganhou visibilidade com a publicação de um artigo na Folha de São Paulo sobre como as universidades poderiam se tornar espaços de acolhimento para alunos, docentes e pesquisadores em risco. “Desde então, expandimos nosso escopo para incluir nacionalidades diversas e promover o acolhimento de alunos, pesquisadores e docentes em risco”.
Em agosto deste ano, foi anunciada pela Unicamp uma nova modalidade pioneira de ingresso aos cursos de graduação e pós-graduação que será oferecida às pessoas em situação de deslocamento forçado. Atualmente, a Unicamp já conta com um processo simplificado, mas a nova modalidade ampliará as possibilidades de acolhimento.