Especialistas da Unicamp, da empresa pública Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A) e do Centro de Inovação Teranóstica em Câncer (CancerThera) reuniram-se nesta sexta-feira (29), em um workshop realizado na Universidade, para discutir dois aspectos ligados ao uso da tecnologia nuclear.
O primeiro se refere à irradiação de alimentos – uma técnica de conservação de alimentos que utiliza radiação ionizante, capaz de eliminar microrganismos e insetos prejudiciais à saúde humana. O segundo é o uso da tecnologia nuclear no desenvolvimento de pequenos reatores modulares na produção de energia. Chamados de SMR (da sigla em inglês Small Modular Reator), esses reatores têm potencial no setor energético e industrial, segundo os especialistas, pois podem alcançar áreas isoladas, substituir plantas de carvão e de gás, com redução de emissões.
O workshop – “Tecnologia Nuclear na Irradiação de Alimentos e na Transição Energética” – é consequência do memorando de entendimento assinado entre a Unicamp e a Amazul em setembro deste ano. Constituída em 2013, a Amazul tem o objetivo desenvolver atividades referentes ao Programa Nuclear da Marinha (PNM), ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e ao Programa Nuclear Brasileiro (PNB).
O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, disse que a Universidade quer estimular colaborações que tenham como objetivo atender a demandas diretas da sociedade. Para Meirelles, o país conta com uma produção científica relevante no cenário mundial, mas ainda precisa avançar no que se refere à inovação.
“Ocupamos a 13ª posição em produção científica no mundo, mas ainda estamos lá atrás, depois do 40º lugar, em termos de inovação”, disse. “Isso quer dizer que nosso impacto na economia, com aquilo que já temos de conhecimento acumulado, ainda é pequeno”, acrescentou. “E esse talvez seja o grande desafio para nosso desenvolvimento”, concluiu.
O presidente da Amazul, o vice-almirante Newton de Almeida Costa Neto, diz que o país deseja o desenvolvimento da energia nuclear.
“Estamos vivendo hoje uma situação muito interessante. O mundo quer transformação e vê a energia nuclear como uma possibilidade grande. Além disso, já encontrou uma solução: os SMRs. Só que não os temos. E, para tê-los, precisamos de muita gente – engenheiros, físicos, químicos; e esses profissionais podem ser encontrados na academia”, explicou.
O vice-coordenador do CancerThera, Celso Dario Ramos, lembra que o Centro – cujo objetivo é produzir radiofármacos para diagnóstico e tratamento do câncer – atuou como apoiador neste primeiro evento e pretende ser um facilitador para a aproximação da Amazul com outras unidades da Unicamp, interessadas em eventuais parcerias.