O pró-reitor de Graduação, Ivan Toro, apresentou, na reunião desta terça-feira (3) do Conselho Universitário (Consu), a proposta de criação de novos cursos na Unicamp. Segundo Toro, a Pró-Reitoria de Graduação (PRG) conta com 12 propostas de novos cursos, mas, por questões de infraestrutura, o órgão decidiu dar prioridade a cinco deles – Habilitação em Inglês, Fisioterapia, História (noturno), Farmácia (noturno) e Direito.
A proposta ainda será avaliada por uma comissão especial a ser instalada pela Reitoria em 2025. Se o parecer da comissão for favorável, a proposta vai à deliberação do Consu. Além dos cinco novos cursos, a PRG pretende implementar o curso de Licenciatura em Teatro Noturno – que foi autorizado pelo Consu em 2019, mas que ainda não está sendo oferecido.
Ivan Toro argumenta que, entre as três universidades públicas estaduais de São Paulo, a Unicamp é a que oferece o menor número de cursos. São 69 cursos na Unicamp, contra 183 da Universidade de São Paulo (USP) e 136 da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Também é a que oferece o menor número de vagas para estudantes: 3.340. A USP dispõe de 11.147 vagas, e a Unesp, de 7.680.
Ainda estão sob análise da PRG a criação dos cursos Engenharia Agrícola Noturno (Faculdade de Engenharia Agrícola), Bioprocessos (Faculdade de Engenharia de Alimentos), Biotecnologia (Instituto de Biologia-IB), Biomedicina (IB), Filosofia Noturno (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas-IFCH), Medicina (Faculdade de Odontologia de Piracicaba) e Ciências de Dados (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica).
Confira as propostas de novos cursos:
– Licenciatura em Inglês, com 30 vagas e contratação de 11 novos docentes para os quadros do Instituto de Estudos da Linguagem (Instituto de Estudos da Linguagem) e do Centro de Ensino de Línguas (CEL).
– Fisioterapia, com proposta de 40 vagas e contratação escalonada de 14 docentes. Segundo o relatório, o projeto de criação do curso já foi aprovado, mas não foi levado à diante pela indisponibilidade de recursos.
– História no período noturno, com 45 vagas e contratação escalonada de novos 10 docentes ao longo de dois anos para o quadro do IFCH.
– Farmácia no período noturno, com 32 vagas para estudantes e contratação de mais cinco docentes para o quadro da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF).
– Direito, com proposta de oferta de 50 vagas no período diurno e sinalização de outras 50 vagas noturnas e com contratação de 35 docentes ao longo de cinco anos. O local onde o curso seria oferecido ainda não está definido. O GT argumenta que menos de 5% dos cursos de Direito do país são oferecidos por universidades públicas e, no estado de São Paulo, apenas 1,12% deles estão em instituições públicas.
Memorial DOI-Codi
O relatório final do Grupo de Trabalho (GT) que analisou a proposta de que a Unicamp seja a mantenedora de um memorial nas dependências do antigo DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna) também passou para a ciência do Consu nesta terça-feira.
A Unicamp mantém a guarda provisória dos artefatos encontrados em uma investigação arqueológica realizada em agosto de 2023 e foi procurada pelo Ministério Público para que faça a gestão do memorial a ser instalado no complexo de cinco prédios, localizado na Vila Mariana, em São Paulo.
O DOI-Codi era um órgão de inteligência e repressão ligado ao Exército e foi transformado em centro de aprisionamento, tortura e morte de pessoas que se opunham à ditadura militar (1964-1985).
No relatório, o GT argumenta que a Universidade já desenvolve trabalhos importantes na manutenção de acervos históricos e destaca o papel do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL). Salienta que a possibilidade de a Unicamp ser responsável pela gestão do espaço amplia suas frentes de trabalho de difusão do conhecimento e reforça seu compromisso com os valores democráticos. Lembra, ainda, que o equipamento poderá proporcionar novas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
O documento propõe um plano de etapas para a ocupação dos prédios, incluindo a necessidade de intervenções arquitetônicas, possíveis parcerias e fontes de financiamento que garantiriam a viabilidade financeira do projeto.
Desde 2018, a Unicamp integra o Grupo de Trabalho Memorial DOI-Codi, que realiza investigações históricas e arqueológicas sobre o local em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Federal de Minas Gerais (UFMG).
Assista ao documentário produzido pela Secretaria Executiva de Comunicação.
Cotas Trans
O diretor da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), José Alves, apresentou ao Conselho Universitário o relatório final do GT sobre a adoção de cotas para acesso de pessoas trans no vestibular da Unicamp. A proposta também deverá ser votada no Consu no ano que vem.
O documento do GT prevê que as vagas serão disponibilizadas no edital Enem-Unicamp, sendo aberta a possibilidade de participação tanto de candidatos de escolas públicas quanto privadas.
Pela proposta, os cursos com até 30 vagas regulares deverão ofertar, no mínimo, 1 vaga como vaga regular ou adicional – a critério da Congregação. No caso de vaga extra, sem preenchimento obrigatório. Os cursos com 30 ou mais vagas poderão ofertar duas vagas.
O processo de seleção inclui autodeclaração na inscrição, além de relato de vida – modelo já utilizado em outras Instituições de Ensino Superior (IES). Esse relato será avaliado por uma comissão de verificação. No vestibular 2025 (realizado este ano) da Unicamp, houve 203 candidatos inscritos com nome social. Destes, 73 foram para a segunda fase.
Câmara de Mediação
Também durante a 189ª sessão ordinária do Consu, a servidora Maria Augusta Pretti Ramalho apresentou o funcionamento da Câmara de Mediação e Ações Colaborativas (Camac) – órgão ligado à Reitoria que atua de forma a reduzir os conflitos, no dia a dia, entre funcionários, entre servidores e docentes ou entre docentes e estudantes.
Criado em 2019, o órgão começou a funcionar em 2021 e conta, hoje, com o trabalho voluntário de 87 servidores. A coordenadora conta que a Câmara está desenvolvendo um programa para criar espaços de acolhimento nas várias unidades da Unicamp. Esses espaços fazem uma abordagem preliminar e, se necessário, encaminham o caso para mediação.
O objetivo, segundo ela, é agir de forma a evitar que um conflito cotidiano possa se transformar em uma sindicância ou, em caso extremo, num processo criminal.