A Unicamp e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) assinaram nesta quarta-feira (4) um memorando de entendimentos por meio do qual as instituições poderão formalizar acordos de cooperação, prestação de serviços e suporte científico e tecnológico. Fundado em 1928, o Ciesp conta com mais de 8 mil empresas industriais associadas e 42 diretorias regionais espalhadas pelo Estado de São Paulo.
Pelo acordo, a Universidade e o Ciesp poderão identificar demandas comuns para fins de elaboração de projetos, prospectar projetos colaborativos e promover o estímulo à inovação. Espera-se que as entidades desenvolvam projetos em diferentes áreas, entre as quais a de transição energética e a ambiental.
“A Unicamp está inteiramente aberta para intensificar esse tipo de colaboração porque acredita que são iniciativas como essas que podem fazer a diferença”, disse o reitor Antonio José de Almeida Meirelles na manhã desta quarta-feira, na abertura de um seminário realizado no auditório do Instituto de Geociências (IG) para discutir as possibilidades de parceria.
O reitor afirmou ser preciso retomar o papel da indústria no processo de desenvolvimento do país, mas lembrou que as universidades devem ser incluídas nesse processo. Segundo Meirelles, a academia tem conhecimento acumulado e a indústria, a sensibilidade para identificar as necessidades e demandas do mercado.
“Sem a indústria, não há inovação. E, se a gente não retomar o papel da indústria na economia, não teremos muita chance de desenvolvimento. Sem o conhecimento avançado [da academia] também não haverá. Por isso, a parceria é fundamental”, acredita o reitor.
Novas vocações regionais
Os representantes das empresas conheceram projetos da Unicamp para vários setores, entre os quais energia, meio ambiente, saúde, produtos químicos e transformação digital. Os empresários foram apresentados também ao projeto HIDS (HUB Internacional de Desenvolvimento Sustentável), atualmente em fase de implementação em uma área de 11,5 milhões de m² localizada ao lado do campus de Barão Geraldo (Campinas).
O presidente do Ciesp, Rafael Cervone, disse que a aproximação entre a academia e a indústria é tão importante quanto estratégica. “Estamos em uma fase de transformação digital na indústria, mas nós também estamos vendo a sociedade 4.0. E isso abre uma nova janela de possibilidades de interação entre a indústria e a academia.”
“Em uma região como Campinas, onde há um parque tecnológico já instalado, universidades de altíssimo nível, uma indústria pujante e diversificada, cabe uma aproximação maior com a academia”, defendeu.
Cervone contou ainda ter apresentado ao governo do Estado uma metodologia de desenvolvimento econômico que, entre outras questões, pretende descobrir “novas vocações regionais” de São Paulo.
“A RMC [Região Metropolitana de Campinas], por exemplo, tem um PIB [produto interno bruto] maior que o do Chile, que o da Argentina. É como se essa região fosse um país. Nós temos de fazer com que as prefeituras trabalhem com uma visão estratégica de macrorregião, senão cidades vizinhas se matam concorrendo uma com a outra, quando poderiam atuar de forma complementar”, argumentou.