O físico Marcelo Knobel, ex-reitor da Unicamp, é o novo diretor-executivo da The World Academy of Sciences (TWAS), a Academia Mundial de Ciências. Com sede na cidade de Trieste (Itália), a entidade internacional está ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) e tem por missão impulsionar o desenvolvimento científico nos países do Sul Global. Para tanto, atua em quatro frentes principais: pesquisa, educação, política e diplomacia. “Trata-se de uma entidade que realmente trabalha para dar visibilidade aos esforços de cientistas desses países, fortalecendo a ciência em seus países”, resume Knobel.
Professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, o novo líder da TWAS assumiu o cargo no início deste mês, na Itália, após participar de um processo de seleção que contou com participantes do mundo todo. Substituindo o cientista indiano Atish Dabholkar, Knobel comandará programas da entidade que buscam alavancar a atuação mundial no avanço científico de países em desenvolvimento. “Como diretor da academia, vou buscar recursos para dar continuidade ao seu trabalho e ampliar seus programas, além de buscar mais parcerias e outras maneiras de cumprir essa missão da própria instituição”, afirma.
Associado à TWAS desde 2007, inicialmente como jovem membro, o agora diretor-executivo, em novembro deste ano, foi nomeado fellow da organização, fundada em 1983 pelo físico paquistanês Abdus Salam (ganhador do Prêmio Nobel) e que conta com mais de 4 mil membros, provenientes de mais de cem países. Seu mandato na instituição, com uma vigência mínima de dois anos, compreende também a direção da Organização para Mulheres na Ciência para o Mundo em Desenvolvimento (OWSD, na sigla em inglês), primeiro fórum de mulheres cientistas de países do Sul Global. Paralelamente, o professor comandará a Parceria InterAcademia (IAP, na sigla em inglês), uma rede mundial de instituições que atuam para fornecer consultoria independente especializada nas áreas de ciência, tecnologia e saúde.
Knobel, assim, passa a ser a principal liderança intelectual, estratégica e operacional da TWAS. Para o físico, sua experiência à frente da Reitoria da Unicamp, entre 2017 e 2021, não apenas influenciou na escolha de seu nome para o novo cargo, mas o auxiliará no trabalho de angariar apoiadores para as iniciativas da organização. “É um orgulho, para mim, estar representando a Unicamp em uma instituição tão importante no mundo. Acredito que toda nossa atuação na reitoria em termos de buscar recursos, principalmente durante a pandemia, pesou para minha escolha e ajudará agora. Assim como a criação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, com a Agência do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, e de outros programas voltados a cuidar de pessoas que trabalham com ciência em países em situação de vulnerabilidade.”
Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), Knobel foi o 12º reitor da Unicamp e em 2023, já após o fim da sua gestão, assumiu a presidência do Insper – instituição de ensino superior e pesquisa sediada em São Paulo. Recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Prêmio Jovem Cientista da TWAS (América Latina e Caribe); o Prêmio Zeferino Vaz da Unicamp; e a insígnia de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, conferida pela Presidência da República.
Durante o mandato de Knobel como reitor da Unicamp, implementaram-se medidas que promoveram mudanças significativas no acesso à Universidade, com destaque para as cotas étnico-raciais e o Vestibular Indígena. Sua gestão também se viu marcada pela criação da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DEDH) e do Instituto de Estudos Avançados (IdEA). Idealizador do Museu Exploratório de Ciências da Universidade, o professor sempre se dedicou à divulgação científica, tendo sido editor-chefe da revista Ciência & Cultura, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).