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Rede que conecta 8 universidades paulistas bate recorde na transmissão de dados

Marco foi obtido durante a maior conferência do mundo na área de Computação de Alto Desempenho

Inaugurado no ano passado, o Backbone SP – uma rede de fibra óptica de alta velocidade que conecta oito universidades paulistas entre si por meio da internet – participou de um experimento, realizado nos Estados Unidos, no qual os pesquisadores conseguiram bater o recorde de volume de dados transmitidos.

Gerido pela Research and Education Network at São Paulo (Rednesp), o Backbone SP foi usado, junto a outras redes, com o objetivo de determinar a capacidade de transmissão em massa de dados entre instituições acadêmicas de várias partes do mundo. A demonstração conseguiu atingir 10,3 Tbps (terabits por segundo) de transmissão conjunta, e a rede paulista colaborou com 550 Gbps (gigabits por segundo) para o fluxo total de dados.

Os cientistas também enviaram dados armazenados em servidores simulando condições reais de operação e usando links em produção. Os especialistas confirmaram ter havido um avanço significativo em relação ao evento de 2023, quando se atingiu uma taxa máxima de 250 Gbps.

A demonstração ocorreu durante a conferência Supercomputing 2024, realizada na cidade de Atlanta (Estados Unidos) e considerada a maior do mundo na área de computação de alto desempenho. O evento reuniu 17 mil pessoas de todas as partes do mundo para discutir tendências e novidades do setor, que abrange da configuração de máquinas até questões relativas à operação de datacenters.

A Rednesp conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e é dirigida por um comitê executivo vinculado ao Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp).

De acordo com Ney Lemke, coordenador do comitê e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o suporte de uma rede como o Backbone SP poderá garantir a participação de pesquisadores brasileiros em projetos globais, como por exemplo, a análise de dados que virão do telescópio Vera Rubin – que entra em operação em 2025 e que deve ampliar de forma substancial o conhecimento sobre o universo – ou o processamento das informações obtidas no Large Hadron Collider (LHC) – o mais poderoso acelerador de partículas do mundo, localizado na fronteira da França com a Suíça. 

Ney Lemke, coordenador do comitê e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Ney Lemke, coordenador do comitê e professor Unesp: IA vai impulsionar pesquisas na área

O Backbone SP interliga a Unicamp, a Universidade de São Paulo (USP), a Unesp, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade Federal do ABC (UFABC) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Segundo Lemke, está em fase de negociação a inclusão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nessa lista.

O Backbone SP também conecta essas instituições às redes acadêmicas internacionais por meio do consórcio Amlight, com dois links internacionais, providos pela Fapesp, de 100 Gbps cada. 

“Eu acho que a tendência é acontecer, cada vez mais, a colaboração em pesquisas em grandes consórcios”, disse Lemke. “Ainda que a pesquisa individual deva ser mantida, e isso não se pode evitar, essa tendência de [participação em] grandes projetos não está nem perto de arrefecer. Ao contrário. Só vejo aumentar”, acrescentou. “Alguns grupos estão crescendo muito, como a astronomia, a física, aqueles ligados às questões do clima.” Lemke lembrou ainda que o uso da inteligência artificial (IA) também deve impulsionar essa modalidade de pesquisas.

O coordenador afirmou que, para isso, as instituições deverão precisar, cada vez mais, de uma estrutura especializada. “Hoje já não se coopera mais como antes. Não adianta pegar gente sem conhecimento técnico. Você precisa de estrutura profissional, que é para onde a ciência está indo. Os europeus estão indo nessa direção, os americanos, os japoneses, os chineses. Se não quiser ficar para trás, o Brasil vai ter de se adaptar a essa nova realidade.” 

Segundo o diretor-executivo de tecnologia de informação e comunicação (TIC) da Unicamp e membro do comitê, Ricardo Dahab, ter uma rede dedicada para essas instituições representa uma garantia. 

Coordenador da Detic, professor Ricardo Dahab
O professor Ricardo Dahab, diretor de TIC da Unicamp: rede é garantia para as instituições

“O fato de termos uma iniciativa específica no Estado de São Paulo, custeada pela Fapesp, é algo muito importante”, afirmou. “Um dos objetivos iniciais do projeto era prover serviços de supercomputação para a comunidade acadêmica de São Paulo e, com isso, você não precisa replicar vários supercomputadores, em vários lugares. Você precisa apenas de uma rede rápida para compartilhar esse equipamento multiusuário, que é caro e que exige investimento.”

Os dois especialistas avaliam que um dos próximos desafios do projeto passa por replicar no restante do Brasil o modelo de rede que une atualmente as oito instituições paulistas.

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