A Unicamp integrará uma rede de quatro universidades públicas do estado de São Paulo e passará a oferecer uma disciplina inédita no país a partir do primeiro semestre deste ano.
Chamada “Disciplina Paulista de Acessibilidade e Inclusão”, a nova matéria tem como objetivo capacitar estudantes universitários de todas as áreas do conhecimento sobre direitos das pessoas com deficiência, a fim de promover uma cultura que valorize a diversidade humana.
A disciplina será oferecida de forma optativa aos alunos não PcDs da Unicamp, da USP (Universidade de São Paulo), da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo). Serão abertas 16 mil vagas por ano nas quatro instituições, sendo oito mil por semestre.
Realizado integralmente on-line, o curso estará disponível a partir de março de 2025. Na Unicamp, serão 2 mil vagas por semestre. As inscrições para o curso devem ser feitas na Diretoria Acadêmica (DAC), para que seja contado como crédito.
A nova disciplina trará conteúdos básicos para a promoção de uma educação mais acessível e inclusiva. Entre os principais temas, estão a análise de barreiras físicas, atitudinais, tecnológicas e pedagógicas enfrentadas pelas pessoas com deficiência, além do estudo dos seus direitos e da importância da cultura inclusiva.
Os estudantes também terão acesso a conceitos sobre tecnologia assistiva e desenho universal para a aprendizagem, a práticas pedagógicas voltadas à diversidade e a discussões filosóficas e éticas sobre inclusão.
O pró-reitor de Graduação, Ivan Toro, lembrou que, em setembro do ano passado, em uma decisão histórica, a Unicamp aprovou a adoção de um sistema de cotas para estudantes com deficiência para ingresso nos cursos de graduação. E essa medida, diz ele, exigirá uma mudança significativa na vida da Universidade.
“Com o estabelecimento das cotas, a população PcD dentro da Universidade aumentará muito, e teremos de trabalhar para inseri-la no dia a dia dos cursos, dos restaurantes, no transporte público”, argumenta Toro. “E estamos convencidos de que, se o alunado estiver consciente deste novo cenário, será muito mais fácil enfrentar eventuais dificuldades”, acrescenta.
Para Toro, a ideia de juntar as universidades públicas paulistas numa ação conjunta tem se mostrado essencial para o fortalecimento do ensino superior no estado. “Temos muito a ganhar quando fazemos disciplinas comuns, ou quando nos unimos para o desenvolvimento de projetos e programas. São universidades de ponta do Brasil e, quando trabalham de maneira conjunta, potencializam as qualidades de cada uma delas”, afirma.
Tecnologia assistiva
A introdução da nova disciplina no currículo das universidades é resultado de um acordo das instituições com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD).
“No ano passado, avançamos com a assinatura de editais de pesquisa de tecnologia assistiva, com 52 projetos, e o lançamento de três Centros de Ciência para o Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva. Agora, damos mais um passo importante ao integrar esses temas na formação de nossos futuros profissionais, promovendo uma sociedade mais acessível e equitativa”, destaca o secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa.
De acordo com Costa, a ação tem como objetivo estimular a formação de profissionais para atender pessoas com deficiência, que, só no estado de São Paulo, somam mais de 3,3 milhões de pessoas, segundo dados do Observatório dos Direitos da Pessoa com Deficiência.