
O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, recebeu, na manhã desta segunda-feira (10), a deputada estadual Clarice Ganem. Em uma audiência de cerca de uma hora, os dois discutiram ideias que podem se transformar em políticas públicas de apoio à pessoa com deficiência (PCD). Integrante da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e também da Comissão de Educação, ambas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Ganem disse pretender fortalecer o vínculo do Legislativo com as universidades na elaboração de medidas voltadas a essa fatia da população.
O reitor lembrou à deputada que a Universidade tem caminhado de forma consistente na construção de uma política interna de acessibilidade – aumentando os investimentos para a adequação de seus prédios e para a ampliação de programas de inclusão e permanência e também trabalhando na formação de pessoal, na elaboração de metodologias de ensino e pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias de apoio.
Meirelles afirmou ainda que as três universidades públicas paulistas, a Unicamp, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), além da Universidade Virtual de São Paulo (Univesp), criaram uma disciplina voltada exclusivamente para discutir questões envolvendo a acessibilidade e a inclusão.
Essa nova disciplina, que passará a ser oferecida a partir deste primeiro semestre de 2025, tem o objetivo de informar os estudantes universitários de todas as áreas do conhecimento sobre os direitos das pessoas com deficiência. Pretende-se assim promover uma cultura que valorize a diversidade humana. No total, serão abertas 16 mil vagas por ano nas quatro instituições, 8 mil a cada semestre.
Segundo o reitor, a Unicamp já conta com cerca de 1.200 inscritos nesse curso. “Isso mostra o apelo da causa e a importância que isso tem para os nossos estudantes. Eles querem se formar, mas querem, no desenvolvimento de sua atividade pedagógica futura, ser instrumentos dessa mudança”, disse.
“Isso vai ser muito importante, porque os professores poderão sair formados já com essa capacitação e terão melhores chances de sucesso no contato com os alunos que tenham algum tipo de deficiência”, argumentou a deputada.

Estudantes com deficiencia
Em setembro do ano passado, em uma decisão histórica, o Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou a adoção de um sistema de cotas nos cursos de graduação para estudantes com deficiência. Segundo a decisão, fica estabelecida uma reserva de vagas para pessoas com deficiência em cada curso de graduação, em um total de uma ou duas vagas por curso, ou até 5% do total de vagas, em caso de vagas adicionais.
Antes, em julho do ano passado, a Universidade passou a abrigar dois centros de ciência para o desenvolvimento de tecnologias assistivas e de acessibilidade em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e em matemática.
A adoção de medidas voltadas para os PCDs ganhou impulso em maio de 2023, quando o secretário estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, anunciou um acordo com as três universidades públicas paulistas. Para o secretário, as instituições deveriam adotar um amplo programa de desenvolvimento de tecnologias assistivas, contribuindo assim de forma decisiva para a formulação de políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência.
Além das três universidades, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) também participa do projeto.