A consulta à comunidade acadêmica para a escolha do novo reitor da Unicamp será definida em um segundo turno, a ser disputado entre os professores Paulo César Montagner (Cesinha), professor da Faculdade de Educação Física, e José Antônio Rocha Gontijo, professor da Faculdade de Ciências Médicas. Segundo os dados da apuração divulgados pela Comissão Organizadora da Consulta (COC) no final da tarde desta quarta-feira (12), Montagner obteve 46,88% dos votos e terminou em primeiro lugar. Gontijo veio em segundo, com 39,58% dos votos. Já a professora Maria Luiza Moretti terminou a consulta em terceiro, com 13,54% dos votos, e está fora da disputa. De acordo com os dados apurados pela comissão, um total de 11.352 eleitores participaram do primeiro turno.
Integram o colégio eleitoral cerca de 38.300 eleitores, divididos aproximadamente em 1.900 professores, 6.900 demais servidores e 29.400 estudantes. O voto é facultativo. Para vencer no primeiro turno, o candidato precisaria obter mais de 50% dos votos ponderados válidos – das categorias docente, discente e servidores. O peso do voto dos docentes é de três quintos. Já o peso dos votos dos servidores e dos estudantes é de um quinto. (Veja quadro abaixo)
De acordo com a comissão, os dois dias de votação transcorreram sem incidentes. “Esse foi um processo muito respeitoso. Houve respeito mútuo entre os candidatos e isso nos pareceu uma coisa muito boa”, disse o professor Márcio Cataia, presidente da COC.


A partir de agora, os dois candidatos mais bem colocados terão 12 dias de campanha, durante os quais poderão visitar unidades, participar de debates e entrar em contato com eleitores. Segundo Cataia, já há três debates programados.
Ao final do segundo turno, o Conselho Universitário (Consu), órgão máximo de deliberação da Universidade, deverá elaborar uma lista tríplice e encaminhar o documento ao governador do Estado, que nomeará o novo reitor. Tradicionalmente, o governador indica o primeiro nome da lista elaborada pelo Consu.
A consulta marca a sucessão do reitor Antonio José de Almeida Meirelles, no cargo desde abril de 2021. A data da posse do novo reitor ainda não está definida, mas deverá ocorrer entre os dias 22 e 24 de abril. O indicado vai comandar a Universidade de abril de 2025 a abril de 2029.
A campanha na Unicamp começou no final de janeiro, quando a COC homologou as três candidaturas. Desde então, ocorreram três debates oficiais propostos pela comissão. Além desses, outros foram promovidos por entidades de classe, como a Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp), o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) e entidades estudantis. Os candidatos também visitaram várias das unidades da Universidade, conversaram com os eleitores sobre problemas localizados e discutiram questões estruturais.

A Unicamp
A Unicamp, responsável por 8% da pesquisa acadêmica realizada no país, conta com cerca de 33 mil alunos de graduação e de pós-graduação. No ranking mais recente da Times Higher Education (THE), divulgado no final do ano passado, a Universidade figura como a segunda mais relevante da América Latina.
A área da saúde da Unicamp é uma das mais importantes do Estado. Além do Hospital de Clínicas (HC), do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism), do Gastrocentro e do Hemocentro, a estrutura conta com o Hospital Estadual de Sumaré (HES) e com o Hospital Regional de Piracicaba.
A Universidade comanda, ainda, Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) em Amparo, Limeira, Mogi Guaçu, Piracicaba, Rio Claro, Santa Bárbara D’Oeste e São João da Boa Vista. No total, os atendimentos da Unicamp nesse setor abrangem 125 municípios.
Com campi em Campinas, Limeira e Piracicaba, a Unicamp administra, complementarmente, dois colégios técnicos – o Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) e o Colégio Técnico de Limeira (Cotil) –, além do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas, em Paulínia.
Para 2025, a Universidade deverá contar com um orçamento de R$ 4,2 bilhões.
Conheça os dois candidatos
Paulo César Montagner

Nasci em 22 de novembro de 1963, sendo o segundo filho de uma afetuosa e numerosa família. Em 22 de julho de 1989, casei-me com Denise, e a chegada dos nossos amados filhos, João Vitor e Isabela, tornou-se um momento especial em nossas vidas. Estudei em escolas públicas e, em 1984, graduei-me em educação física pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). A escolha foi certeira, pois o esporte sempre esteve presente em minha vida, especialmente o basquetebol, que me proporcionou muitas oportunidades como atleta na juventude e técnico da modalidade. Minha trajetória na FEF-Unicamp começou em 15 de maio de 1988, quando a faculdade ainda era jovem e enfrentava grandes desafios a serem implementados. Essas experiências do esporte foram fundamentais para o meu desenvolvimento como profissional da área na Universidade. Tornei-me mestre em filosofia da educação (1993) e doutor em educação física pela FEF (1999). Em 2015, obtive a livre-docência na área de esporte e treinamento e, em 2022, após aprovação em concurso público, fui promovido a professor titular.
Ao longo de minha trajetória na Unicamp, desempenhei diversas funções, como professor, pesquisador e administrador. Fui coordenador de graduação da FEF (2000-2006), diretor da FEF (2006-2010), coordenador técnico-científico do Centro de Estudos Avançados (Ceav) na área de esporte da Unicamp (2010-2013), diretor-executivo da Funcamp (2010-2014) e chefe do Gabinete do Reitor em duas gestões (2013-2017 e 2021-2025). Intensifiquei minha produção científica, publiquei artigos, livros e capítulos de livros, coordenei projetos de pesquisa e integrei redes internacionais, como a International Basketball Research Network (IBRN). Orientei teses de doutorado, dissertações de mestrado, projetos de iniciação científica (IC) e mais de uma centena de trabalhos de conclusão de curso (TCCs). Além disso, atuei como consultor e membro de conselhos editoriais em periódicos e agências de fomento.
José Antônio Rocha Gontijo

Nasci em 1956, natural de Piumhi (MG), cidade incrustada em um vale entre a Serra da Pimenta e a Serra da Canastra.
Por dez anos, vivi itinerante às margens do Rio Grande a partir de Piumhi, onde cursei o primário e, durante o ginásio e colégio, passei por oito instituições, consequência de mudanças em função do trabalho de meu pai. Aprovado em primeiro lugar, em 1974, para a graduação em medicina na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB), colei grau em 1981.
Associando a clínica médica e experimentação científica, procurei uma área de conhecimento na qual pudesse integrar esses propósitos. Assim, fiz residência médica em nefrologia no Departamento de Clínica Médica da FMRP da USP. Em 1983, casei-me e, desse casamento, tenho três filhos dos quais muito me orgulho. Em 1983, iniciei a pós-graduação na FMRP-USP. Em 1987, ainda com o doutorado em andamento, assumi função de técnico-didático em medicina interna e semiologia em RDIDP na Unicamp. Entre 1992 e 1994, realizei pós-doutoramento na Universidade de Iowa (Estados Unidos), ampliando minha experiência internacional.
Na FCM, coordenei a Comissão de Pós-Graduação, fui diretor associado e diretor da faculdade. Em nível nacional, coordenei área de Medicina I da Capes por oito anos. Fui chefe do Gabinete do Reitor da Unicamp, colaborando com a gestão da Universidade em um período muito desafiador.
Atualmente, como professor titular na FCM, dedico-me à docência e à pesquisa em função renal, controle neural do rim, hipertensão arterial e os efeitos do estresse nutricional na ontogênese renal. Sou bolsista produtividade 1D do CNPq, publiquei cerca de 180 artigos em periódicos científicos nacionais e internacionais, além de dez capítulos de livros. Orientei ou oriento 36 mestrados, 30 doutorados e 4 projetos de pós-doutorado, refletindo meu compromisso com a formação de novos pesquisadores. Com essa trajetória, estabeleci uma referência na área de medicina, tanto no Brasil quanto internacionalmente.