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Unicamp terá centro dedicado à pesquisa de energia de baixo carbono

Parceria com a Academia de Ciências de Shandong (China) pretende acelerar a criação de soluções de transição energética para os dois países

Solenidade de lançamento do Centro de Cooperação e assinatura de memorando de entendimento foi celebrada pelas autoridades do Brasil e China
Solenidade de lançamento do Centro de Cooperação e assinatura de memorando de entendimento foi celebrada pelas autoridades do Brasil e China

Representantes da Unicamp e da Universidade de Tecnologia Qilu (China), que faz parte da Academia de Ciências de Shandong, assinaram, na segunda-feira (10), um memorando de entendimento e descerraram a placa de lançamento do Centro de Cooperação e Inovação em Ciência e Tecnologia de Energia de Baixo Carbono Inteligente Shandong-São Paulo, que funcionará no Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp. A iniciativa representa um estreitamento dos laços mantidos pela universidade paulista e a Província chinesa de Shandong, onde fica a instituição asiática, visando à união de esforços para impulsionar a transição energética nos dois países. A solenidade ocorreu na sede da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp).

O vice-governador da Província chinesa, Song Junji, parte da delegação vinda do país asiático, destacou o desenvolvimento socioeconômico da região, que conta com mais de 100 milhões de habitantes e é a terra natal do influente filósofo Confúcio. Tendo registrado um produto interno bruto (PIB) da ordem de US$ 1,4 trilhão em 2024, Shandong destaca-se nas áreas da agricultura, da indústria e também da ciência e tecnologia – com investimentos em pesquisa representando 88% do PIB da Província e a presença de muitos laboratórios que são referência nacional ou provincial, de mais de 35 mil empresas que trabalham com tecnologia de ponta e de especialistas chineses e estrangeiros.

Delegação da Província de Shanrong foi coordenada pelo vice-governador Song Junji
Delegação da Província de Shanrong foi coordenada pelo vice-governador Song Junji

O vice-governador ressaltou o papel de liderança do corpo docente da Unicamp em diversas áreas de pesquisa tanto no Brasil quanto no mundo e manifestou a expectativa de ampliar as parcerias na área de energia verde, por meio da instalação de laboratórios e de centros de inovação conjuntos, a fim de transferir os resultados acadêmicos para a indústria. “Sabemos que a Unicamp tem vantagens acadêmicas no hidrogênio verde, na tecnologia de armazenamento de energia, assim como no smart grid.” Junji ainda contou que Shandong está criando uma nova matriz energética com fontes de energia renováveis: “No ano passado, a capacidade instalada de energia renovável chegou a 100 milhões de quilowatts, superando, pela primeira vez, a capacidade termoelétrica”.

O vice-governador falou, também, sobre a intenção de consolidar um vínculo de longo prazo para o intercâmbio de mão de obra qualificada entre as duas universidades bem como sobre a formação conjunta de estudantes com perspectiva internacional. A Província dispõe de mais de 170 universidades e 1,5 milhão de estudantes de graduação e pós-graduação. Por fim, Junji prometeu “dar todo o apoio necessário para essa parceria avançar o mais rápido possível”, ressaltando o interesse em colocar em prática projetos prioritários de forma pragmática.

Assinaram o memorando de entendimento o reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e a diretora da Divisão de Cooperação Internacional da Universidade de Tecnologia Qilu, Shao Xiaobo. Meirelles lembrou que a região de Campinas produz cerca de 16% da ciência e tecnologia do Brasil e o Estado de São Paulo, em torno de 50% do total nacional. O reitor frisou que a Unicamp já realiza ações colaborativas sólidas com diversas instituições chinesas e que há o interesse de abrir relações com outras regiões e universidades, bem como com empresas que desejarem desenvolver atividades nos campi da Universidade.

Segundo Meirelles, a Unicamp já está muito conectada com a questão da transição energética e com a promoção de uma economia sustentável. O reitor reafirmou o interesse nesse trabalho colaborativo com a China, que lidera os investimentos no setor. “O objetivo é pensar em uma economia de baixo carbono, algo com várias dimensões: passa por iluminação pública, por transporte, por agricultura, por diferentes formas de geração de energia. Estamos bem posicionados. O Brasil já tem 50% da sua matriz energética renovável. Então, o esforço é estimular a fim de que esses conhecimentos se transfiram para a economia, a agricultura, a indústria, de forma a acelerar a nossa transição. E que o papel da universidade, e da Unicamp em particular, seja maior nesse processo todo.”

Meirelles citou o projeto do HUB Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), que abrange a indústria e a agricultura: “Temos, por exemplo, a intenção de implantar uma usina agrofotovoltaica. Atualmente, a Unicamp tem cerca de 10% de sua energia produzida por painéis fotovoltaicos, e nossa previsão é de chegar a 25% com essa usina. Queremos que essa área  [do HIDS] também seja um exemplo de transição para uma economia de baixo carbono baseada em recursos renováveis, testando tecnologias que possam ser usadas nos bairros das nossas cidades”. O reitor assinalou ainda o potencial inovador da Universidade, uma das instituições que mais licencia patentes no Brasil, contando com cerca de 1.500 empresas-filhas, criadas por ex-membros da sua comunidade acadêmica.

Histórico

O descerramento da placa ficou a cargo do diretor do Instituto de Pesquisa em Energia da Universidade de Tecnologia Qilu, Si Hongyu, e do professor da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp Gilberto Jannuzzi. O professor é também o pesquisador responsável pelo Centro Paulista de Inovação em Serviços de Iluminação Pública (Cepil), um projeto do Estado de São Paulo em operação desde 2024, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – e abrigado no Nipe –,o pontapé inicial para a parceria com a Província de Shandong. A partir de um convite para colaborar com o Cepil, houve interesse das universidades em ampliar as áreas de pesquisa conjunta, culminando na criação desse novo centro de cooperação e inovação. A partir da assinatura do memorando, prevê-se o surgimento de novos projetos antes do final de 2025.

“Estamos ampliando essa cooperação para abranger tecnologias que estamos chamando de tecnologias de baixo carbono. Há um espectro amplo de possibilidades de interesse para a Unicamp e para os chineses. Os chineses têm expertise em muitas áreas de interesse nosso, têm tecnologia e recursos – então, trata-se de uma cooperação sul-sul, com muitas chances de render bons frutos. A China está buscando parceiros, e o Brasil tem uma oportunidade de aproveitar esse interesse e buscar maximizar os nossos benefícios também. Não dá para a gente resolver tudo sozinho. A gente precisa de talentos, de inteligência e, obviamente, de recursos materiais para que as coisas avancem”, defendeu Jannuzzi.

O descerramento da placa foi feito pelo diretor do Instituto de Pesquisa em Energia da Universidade de Tecnologia Qilu, Si Hongyu (à direita), e do professor da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp Gilberto Jannuzzi
O professor da FEM Gilberto Jannuzzi (à esq.) e o diretor do Instituto de Pesquisa em Energia da Universidade de Tecnologia Qilu, Si Hongyu fizeram o descerramento da placa de lançamento

Essa é a primeira visita do governo da Província de Shandong à Universidade. Também estiveram presentes na solenidade o vice-secretário-geral do governo de Shandong, Liu Taiguang, o secretário de Ciência e Tecnologia da Província, Sun Haisheng, o secretário de Comércio, Wang Lei, o presidente do Conselho da Província de Shandong para a Promoção do Comércio Internacional, Meng Xiangdon, e o secretário-adjunto de Relações Internacionais, Li Yongsen, entre outros membros da delegação. Por parte da Unicamp, também participaram do evento a pró-reitora de Pesquisa, Ana Maria Frattini, o diretor-executivo da Diretoria Executiva de Relações Internacionais (Deri), Osvaldir Pereira Taranto, o assessor docente de Taranto Rafael de Brito Dias, o diretor chinês do Instituto Confúcio na Unicamp, Gao Qinxiang, e o coordenador do Nipe, José Maria Ferreira Jardim da Silveira.

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