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Montagner toma posse como 14º reitor da Unicamp

Seu primeiro discurso foi marcado por uma defesa enfática da escola pública, gratuita e de qualidade

O ex-reitor Antonio Meirelles transfere a medalha ao novo reitor Paulo Cesar Montagner durante cerimônia de posse
O professor Antonio Meirelles transfere o colar reitoral – insígnia da Universidade – a Paulo Cesar Montagner durante cerimônia de posse

O professor Paulo Cesar Montagner, 61 anos, se tornou na tarde desta segunda-feira (28), o 14º reitor da história da Unicamp. Em cerimônia realizada no Auditório III do Centro de Convenções – que  reuniu ex-reitores, professores eméritos, docentes de todas as áreas, servidores e autoridades como o secretário estadual de Ciência Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, representando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito de Campinas, Dario Saadi –, Montagner  fez uma defesa enfática da educação pública, gratuita e de qualidade. Durante a cerimônia, Agopyan declarou oficialmente empossado o novo reitor e lembrou os desafios que terão de ser enfrentados na Universidade,  entre eles o do financiamento.  “As universidades devem ficar atentas às mudanças que deverão ocorrer com a nova legislação tributária ” advertiu o secretário.

Assista à cerimônia completa.

Em seu primeiro discurso, Montagner definiu quatro princípios que, segundo ele, deverão orientar a gestão. “Reafirmamos o nosso compromisso com a defesa inegociável da universidade pública, gratuita, com qualidade e autonomia”, disse. “Renovamos o nosso compromisso com os direitos, com o bem-estar e com a valorização das pessoas; com a sustentabilidade, acessibilidade e justiça intergeracional, avançando para a construção de uma universidade ambientalmente responsável e socialmente justa, e que atue com protagonismo diante da emergência climática, reforçando seus compromissos com as futuras gerações”, acrescentou. “Além disso, queremos uma universidade que promova o diálogo com a sociedade e a inovação com inclusão”, afirmou o reitor.

Montagner lembrou que a Unicamp está prestes a completar 60 anos. Reconhece que ainda é uma universidade jovem, mas que, segundo ele, já atingiu maturidade institucional e prestígio internacional, se tornando uma referência no país e no continente. “Mas nossa ideia de excelência não se limita apenas a rankings, números ou indicadores. Nossa ideia de excelência é mais profunda e humana. Ela nasce do compromisso com a pluralidade de saberes, com o respeito às diferenças, com o pensamento crítico, livre e transformador”, explica. “Em um mundo que nos desafia com ataques à ciência, à educação e à democracia, fortalecer a governança universitária é mais que um princípio administrativo. É um gesto político de esperança”, acredita. “Em um mundo cada vez mais polarizado, a universidade deve ser um ponto de descompressão, que permita o diálogo entre os antagônicos”, recomenda.

Montagner substitui o professor Antonio José de Almeida Meirelles e vai ocupar o cargo no período de abril de 2015 a abril de 2029, num desfecho que ele próprio diz ter sido surpreendente. “Foi uma viagem para chegar até aqui. Nem tinha ideia de que estaria aqui hoje, mas faria tudo de novo para chegar a este momento”, disse.

Coordenador-geral

O professor do Instituto de Química Fernando Coelho deverá ser nomeado para exercer o cargo de coordenador-geral da Universidade, na próxima sessão extraordinária do Conselho Universitário (Consu). 

O docente lembrou do período em que, ainda adolescente, vivia no bairro de Pilares, no Rio de Janeiro, quando soube da existência da Unicamp por meio de uma reportagem publicada no Jornal do Brasil. Disse ter ficado encantado com a ideia circular do Ciclo Básico que norteou o projeto da Universidade. “Naquele momento, minha alma carioca jamais poderia imaginar que, anos depois, estaria aqui na Unicamp”, revelou. 

Coelho reafirmou os compromissos de campanha. “Nosso compromisso é com uma universidade pública, gratuita, diversa, laica e socialmente comprometida. Uma universidade comprometida com a produção de conhecimento de excelência, por meio do ensino, da pesquisa e extensão, da inovação e da assistência médica”, afirmou. “Queremos, ainda, uma universidade comprometida com a inovação social, incorporando essa perspectiva em sua forma de agir e pensar”, acrescentou.

O ex-reitor Antonio José de Almeida Meirelles fez um balanço da administração e avaliou com otimismo o trabalho realizado. Fez uma extensa lista de agradecimentos – com nomes de dentro e de fora da Universidade – e disse que isso mostrava o quanto o período foi produtivo em interações e parcerias. 

Os professores Antonio Meirelles e Fernando Coelho se cumprimentam durante cerimônia
Os professores Antonio Meirelles e Fernando Coelho se cumprimentam durante cerimônia

O prefeito de Campinas, Dário Saadi, disse que Meirelles teve a sensibilidade de abrir a Universidade para a cidade e para a região e pediu que Montagner continue esse trabalho.

A cerimônia terminou com a apresentação do Quarteto de Cordas da Orquestra Sinfônica da Unicamp. Composto pelos músicos Eduardo Semencio e Kleberson Buzo (violino), Victor Ribeiro (viola) e Daniel Lessa (violoncelo), o quarteto executou peças de Mozart.

Trajetória

A trajetória de Montagner na Unicamp começou em maio de 1988, quando a Faculdade de Educação Física (FEF) estava ainda em seu início. Tornou-se mestre em Filosofia da Educação (1993) e doutor em Educação Física, ambas pela FEF/Unicamp (1999). Em 2015, obteve a livre-docência na área de Esporte e Treinamento e, em 2022, após aprovação em concurso público, foi promovido a professor titular.

Ao longo da carreira na Universidade, desempenhou diversas funções como professor, pesquisador e administrador. Entre elas, dirigiu FEF (2006-2010) e foi coordenador técnico-científico do Centro de Estudos Avançados na área de Esporte (CEAv) de 2010 a 2013. Foi, ainda, diretor-executivo da Funcamp (2010-2014) e chefe de gabinete da Reitoria em duas gestões, de 2013 a 2017 e de 2021 a 2025.

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