Uma parceria envolvendo a Unicamp, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Oxford (Reino Unido) resultou na criação de um curso de capacitação conjunta que já está em sua segunda edição. A disciplina de graduação Ciência Translacional, que aborda o desenvolvimento de fármacos, está sendo oferecida em modo híbrido e inclui visitas a instalações de pesquisa das três universidades paulistas. Na primeira visita deste ano, ocorrida em 25 de abril, os estudantes estiveram no Centro de Química Medicinal (CQMED) e na Unidade Multidisciplinar de Experimentação Animal (Umea), ambos na Unicamp. As próximas visitas ocorrerão na USP e na Unesp de Botucatu (SP). A disciplina, optativa, conta com 30 alunos, 10 de cada uma das três universidades paulistas, selecionados entre mais de 400 inscritos.
Ao longo deste semestre, os estudantes conhecerão a fundo a relação entre a pesquisa básica sobre novos fármacos e suas aplicações práticas. “Nessa disciplina abordamos conceitos que vão desde a pesquisa básica de novas moléculas com potencial terapêutico até os desafios para que se tornem medicamentos disponíveis no mercado”, explicou Katlin Massirer, coordenadora do CQMED e uma das professoras da disciplina. Na visita à Universidade, os alunos puderam ver pessoalmente e compreender as etapas iniciais da trajetória de descoberta de novos fármacos.
Na visita ao CQMED, uma equipe de pesquisadores do laboratório e os docentes organizadores da disciplina receberam os estudantes. Estavam presentes, além de Massirer, a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) Laura Oliveira, a professora e presidente da coordenação de graduação do Instituto de Biociências da USP, Merari Ferrari, os professores da Unesp Botucatu Benedito Barravieira e Rui Seabra, ambos idealizadores da disciplina e membros do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), e José de Oliveira, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp Botucatu e também vinculado ao Cevap.
Segundo Seabra, a atividade visa contribuir com a formação interdisciplinar dos estudantes. “Essa disciplina nasceu da vontade de pesquisadores de trazer diferentes olhares sobre o desenvolvimento de produtos farmacêuticos. Temos médicos, veterinários, bioquímicos e outros profissionais para apresentar essa visão multidisciplinar da ciência translacional”, explica o professor.
Além de conhecerem a infraestrutura e os pesquisadores dos centros de pesquisa visitados, os alunos têm a oportunidade de interagir e trocar experiências com colegas e professores de outras universidades. Ferrari conta que foi realizada uma pesquisa com os estudantes que participaram da edição anterior da disciplina e que boa parte desses estudantes a consideraram uma ótima oportunidade para interagir com e conhecer outras áreas de atuação, além de o aprendizado abrir portas para possíveis parcerias e projetos, “Os espaços que os estudantes visitam são bem interessantes, mas eu acredito que o ganho pessoal e interpessoal dessa disciplina é o grande destaque”, afirmou.
Lucas Henrique, aluno do curso de engenharia de bioprocessos e biotecnologia da Unesp que participa dessa edição da disciplina, conta que alimentava uma grande expectativa de conhecer como os conceitos vistos em aula são colocados em prática nos centros de pesquisa. Henrique também destacou, como um ponto positivo, a interação com estudantes de outras áreas. “Eu achei muito legal o fato de poder interagir com outras universidades, com essas novas experiências, especialmente com alunos de outros cursos.”
A disciplina de ciência translacional foi criada, entre outros motivos, para formar uma nova geração de profissionais aptos a colaborar com a indústria nacional no desenvolvimento de fármacos e biofármacos ao criar oportunidades de estabelecer pontes entre o conhecimento construído na academia e o setor produtivo.
José de Oliveira destacou o sucesso da primeira edição do curso, contando que muitos participantes do ano passado acabaram direcionando suas carreiras para a área de desenvolvimento de fármacos. Um exemplo é a estudante Juliana Quinholi, que conheceu o CQMED em 2024 e hoje faz parte do quadro de pesquisadores do centro de pesquisa. “Muitos dos conteúdos abordados nessa disciplina são experiências vividas e relatadas pelos docentes pesquisadores. Trata-se de conhecimentos que não estão nos livros. Esse formato permite uma vivência e uma troca de experiências muito importante para os estudantes”, finalizou o professor da Unesp Botucatu.
