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Festival de Budo celebra 130 anos de amizade Brasil-Japão

A programação contou com competições e demonstrações de judô, caratê, aikidô e kendô, combinando ensino, pesquisa e extensão

A programação contou com competições e demonstrações de judô, caratê, aikidô e kendô
A programação contou com competições e demonstrações de judô, caratê, aikidô e kendô

O Ginásio Multidisciplinar da Unicamp (GMU) se transformou em um espaço de integração cultural durante o Festival de Budo, realizado na última sexta-feira (06/06). Com apoio do Consulado Geral do Japão, da Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (Proeec) e da Diretoria de Esportes da Proeec, o evento celebrou os 130 anos da amizade entre o Brasil e o Japão e marcou os 40 anos de existência da Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade, responsável pela organização do encontro.

A programação contou com competições e demonstrações de judô, caratê, aikidô e kendô, combinando ensino, pesquisa e extensão em uma experiência aberta à comunidade e reunindo cerca de 300 participantes, entre atletas, estudantes, professores e visitantes da comunidade externa.

O termo “budo” designa as artes marciais japonesas, cuja prática no Brasil remonta ao início do século XIX, quando chegaram ao país os primeiros imigrantes nipônicos. Atualmente, tais modalidades de luta marcial são reconhecidas não apenas como categorias esportivas, mas também como práticas educativas e filosóficas.

O evento nasceu da disciplina de lutas da FEF, realizada sob a coordenação do professor Luiz Gustavo Bonatto Rufino. Segundo Rufino, a proposta surgiu como uma forma de integrar a curricularização da extensão à prática esportiva e à formação cidadã. “Não é qualquer competição. O foco foi a inclusão, o acesso e o encontro entre saberes. O próprio evento é uma forma de pesquisa e ação coletiva, planejada desde o início pelos estudantes”, afirmou o docente, que também desenvolve estudos acadêmicos na área.

Para completar a experiência, os alunos da graduação criaram comissões internas, planejaram a logística e participaram ativamente de todas as etapas de elaboração do festival. O estudante Kayke Santana de Lima afirmou ter vivenciado uma revolução em sua perspectiva quanto à relação entre teoria e prática. “A gente ficou assustado no começo, mas mergulhou de cabeça. É diferente quando você vê que está fazendo parte de algo tão grande”, contou. Lima também destacou a importância da extensão universitária ao trazer participantes externos à cidade de Campinas, ampliando o alcance social da atividade.

Assim, além de oferecer um ambiente de competição, o festival foi pensado como um momento de celebração cultural. O apoio do Consulado Geral do Japão se deu no marco simbólico dos 130 anos da imigração japonesa no Brasil, o que, para os organizadores do evento, reforçou a importância da ação como ponte entre culturas. “As artes marciais são formas tradicionais de expressão cultural que também comunicam valores como respeito, disciplina e cooperação”, disse Rufino.

Tiago Oviedo Frosi, também organizador do evento e responsável pelo time de caratê da Universidade, acredita que o festival ajudou a consolidar a trajetória da equipe, que vem se fortalecendo desde 2022 e já conta com dez atletas classificados para o Pan-Americano, alguns deles membros da seleção brasileira. “Temos gente que treina por lazer e outros que treinam seis vezes por semana. O importante é que o esporte está vivo, e esse evento mostrou isso com clareza”, afirmou.

A presença de Fernando Vanin, secretário de Esportes e Lazer de Campinas, reforçou a dimensão simbólica do evento. Desde 1982, Campinas mantém uma forte ligação com o Japão, sendo considerada uma “cidade-irmã” da Província de Gifu, termo que se refere ao vínculo entre duas ou mais cidades que estabelecem um acordo de cooperação com vistas a estreitar laços em áreas como economia, cultura, turismo e educação. Vanin afirmou que o esporte apresenta-se como um canal privilegiado para reforçar essa relação, destacando ainda a relevância pedagógica das artes marciais, as quais , em suas palavras, “trazem uma filosofia que amplia o horizonte ético e emocional dos praticantes”.

Para Renato Barroso, diretor de Esportes da Proeec, a ação prova-se exemplar ao mobilizar diferentes grupos e demonstrar de que maneira o esporte pode funcionar como um elo entre a universidade e a sociedade. “A criação da diretoria teve como objetivo incentivar eventos como esse. E estamos muito felizes com os resultados. Desde então, aumentou significativamente a procura por apoio institucional para atividades esportivas e culturais dentro da Unicamp”, afirmou.

Representando a reitoria, o professor Arnaldo Pinto Junior também participou da abertura do evento. Segundo o docente, o festival reafirma o papel da Unicamp como um espaço de diálogo entre diferentes tradições. “Estamos falando de culturas orientais e ocidentais se encontrando em torno do esporte. Isso tem um valor formativo, social e simbólico. Ao sediar ações como essa, a Universidade se coloca como mediadora entre o conhecimento acadêmico e os interesses da sociedade”, disse.

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