
O reitor da Unicamp, professor Paulo Cesar Montagner, recebeu em audiência, na manhã desta segunda-feira (16), uma delegação da Prefeitura Municipal da Estância de Socorro, município localizado a cerca de 115 km de Campinas. O encontro marcou o início de negociações para o estabelecimento de uma parceria entre a Universidade e a administração municipal em um projeto voltado para crianças com deficiência, em especial aquelas diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA).
“Nós viemos pedir orientação e ajuda na área de inclusão para o município de Socorro”, explicou a primeira-dama da cidade, Solange de Souza Magalhães de Oliveira Santos.
A ideia, segundo Santos, é firmar um convênio com a Unicamp por meio do qual se possa criar algum tipo de protocolo para o atendimento dessas pessoas. Entre as possibilidades, figura a implantação pela Universidade de ações de capacitação de profissionais capazes de identificar casos de TEA.
“Nós recorremos à Unicamp porque sabemos que aqui é um centro de referência. A gente sabia que aqui iríamos encontrar as respostas de que precisamos e que vão ajudar a nossa cidade”, afirmou. Segundo a primeira-dama, o município não dispõe de uma rede articulada de atendimento a essas pessoas.
“Hoje, apenas na rede municipal de ensino, temos 150 crianças com um diagnóstico [de algum tipo de deficiência], mas podemos inferir que esse número seja muito maior porque falta uma equipe multidisciplinar capaz de realizar diagnósticos precisos”, disse.
Para o reitor, a Universidade deve buscar uma forma de contribuir. “Eu acho que a Unicamp tem de se engajar em algum projeto nessa direção porque a gente percebe o anseio das prefeituras e comunidades da região, sobretudo a respeito de um tema tão complexo como o diagnóstico do TEA”, afirmou.
Montagner lembrou que poucos municípios dispõem de um plano sistematizado para atender as pessoas com esse tipo de quadro.
“Precisamos, de fato, que os nossos pesquisadores e profissionais da área construam perspectivas de apoio a essas iniciativas”, afirmou o reitor.
“Hoje estamos falando de Socorro, mas, por certo, muitas outras prefeituras da região vivem dificuldades semelhantes”, alertou. “Nesses momentos, fica visível a necessidade de protocolos cientificamente mais robustos para planejar e orientar esses processos educacionais.”
Capacitação


A professora da Unicamp Eloisa Celeri, do Programa de Atenção aos Transtornos do Espectro do Autismo (Pratea) – que participou do encontro –, afirmou fazer parte dos objetivos do programa capacitar profissionais do serviço público para trabalharem junto a crianças com TEA.
Celeri contou, ainda, que o Pratea recebe crianças para a realização de diagnósticos.
“Quando há um número expressivo de crianças com esse diagnóstico, a gente costuma conversar com os secretários municipais para ver se desejam que a gente faça algum tipo de capacitação.”
O professor da Faculdade de Educação Física (FEF) Edison Duarte disse que a faculdade, com larga experiência em projetos ligados às pessoas com deficiência, hoje representa uma referência nacional no segmento do esporte adaptado. Segundo Duarte, a FEF está aberta a projetos de extensão. “Além de tudo, são projetos totalmente gratuitos.”