Neste primeiro semestre de 2025, o Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) lançou a primeira edição do Jornal dos Estudantes (JOE), um projeto de extensão idealizado pelas professoras Juliana Meres Costa, Carolina Molinar Bellocchio e Simone Rodrigues Vianna Silva. A iniciativa contou com apoio da Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (Proeec), por meio do segundo Edital dos Colégios Técnicos da Unicamp, realizado no ano passado.
Fruto de um trabalho coletivo envolvendo alunos e professores, o jornal impresso nasceu com o objetivo de promover o protagonismo estudantil, estimular o interesse pelos gêneros jornalísticos e aproximar as comunidades interna e externa da realidade do Cotuca. Por isso, a tiragem foi distribuída em escolas da região, prefeituras de cidades vizinhas de Campinas e cursinhos populares que preparam os alunos para o vestibulinho.
A ideia inicial partiu de Costa, formada em jornalismo e letras pela Universidade de São Paulo (USP). A professora inspirou-se em projetos de extensão dos quais participou durante sua graduação. “Sempre quis fazer um jornal impresso, de circulação interna, que tivesse esse viés de extensão. Queria que os alunos tivessem contato com o papel, com o fazer jornalístico real e com o prazer de ver o próprio nome publicado”, afirmou.
A proposta inicial envolveu principalmente os alunos do segundo ano, já que, nesse período, a disciplina de português contempla o estudo de gêneros jornalísticos. “Como eu já iria trabalhar o conceito de notícia com as turmas, pensamos que seria o momento ideal para convidá-los a participar”, explicou Silva, professora de língua portuguesa. Com o sucesso do lançamento, estudantes de outras séries passaram a procurar as docentes para participar do jornal.

A elaboração das pautas deu-se de forma colaborativa com a participação de professores e estudantes. “Os próprios alunos sugeriram temas e, então, decidimos em conjunto o que entraria ou não. Tivemos sugestões repensadas para garantir a diversidade de fontes e o equilíbrio na abordagem”, disse Bellocchio, professora de inglês. O jornal contou com editorias, de cultura, cotidiano, ciência e tecnologia, esportes e entrevistas.
Dentre os destaques da edição, estão matérias sobre projetos internos do colégio, como o sarau artístico-cultural, e perfis de personagens da comunidade escolar, além de reportagens críticas sobre a acessibilidade e a ausência de espaços adequados para aulas de educação física. “A ideia não era só divulgar as boas práticas, mas também dar voz às dificuldades enfrentadas pelos alunos no cotidiano escolar”, reforçou Costa.
O impacto do projeto já se faz presente na comunidade. Segundo Costa, professores de escolas públicas relataram ter usado o jornal como material pedagógico em sala de aula, e ex-alunos que hoje atuam em cursinhos populares também receberam exemplares para distribuição. “Queríamos que o JOE não fosse só nosso, mas que servisse de inspiração e de fonte de informação para estudantes que talvez queiram entrar no Cotuca e que não conhecem a escola por dentro”, destacou a professora.
Com a segunda edição prevista para o final do segundo semestre, o grupo já recebe novas colaborações e trabalha para ampliar a diversidade de temas e vozes. “A prática do jornal trouxe uma nova perspectiva sobre o fazer comunicacional. Os alunos entenderam o que é uma resenha, um editorial, um perfil, tudo em contexto real de uso. E isso é transformador”, afirmou Bellocchio.