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Nascida em 12 de junho de 1964, Silvia construiu uma trajetória marcada pela criação, pelo ensino e pela pesquisa, deixando uma contribuição profunda e múltipla ao pensamento e à prática da dança. 
Silvia Geraldi deixa grande legado ao formar gerações de artistas, educadores e pesquisadores

As professoras doutoras Ana Maria Rodriguez Costas e Marisa Martins Lambert – do Departamento de Artes Corporais, do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, prestaram homenagem à professora Silvia Maria Geraldi, que morreu no dia seis de julho, aos 61 anos. De acordo com as professoras, Silvia Geraldi “deixa um legado vivo: formou gerações de artistas, educadores e pesquisadores e está presente nas muitas pessoas que tiveram a oportunidade de aprender, criar e refletir ao seu lado”. Para as colegas, Silvia Geraldi fez da dança um caminho de criação e transformação. 

Veja a íntegra do texto:

Faleceu neste domingo, 6 de julho de 2025, aos 61 anos, a artista, professora e pesquisadora do Departamento de Artes Corporais do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, Silvia Maria Geraldi, figura essencial para a dança no Brasil.

A cerimônia de despedida da artista aconteceu na segunda-feira, 7 de julho, em Campinas, e reuniu inúmeros alunos, professores, funcionários, colegas de diferentes etapas profissionais, amigos e amigas que puderam prestar suas homenagens e manifestar seus sentimentos à sua amorosa família.

Nascida em 12 de junho de 1964, Silvia construiu uma trajetória marcada pela criação, pelo ensino e pela pesquisa, deixando uma contribuição profunda e múltipla ao pensamento e à prática da dança. 

Professora livre-docente, com pós-doutorado em Artes da Cena pelo Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais/LUME, doutora em Artes, mestre em Educação e graduada em Ciência da Computação – todos os títulos adquiridos pela Unicamp –, Silvia reunia, em sua prática, temas como técnicas e poéticas da dança, políticas da corporeidade, estudos somáticos, dramaturgia e estudos feministas. Era certificada como instrutora e professora do Método Feldenkrais de Educação Somática, área na qual também inovou e formou praticantes.

Sílvia era professora do curso de bacharelado e licenciatura em Dança e do programa de pós-graduação em Artes da Cena do IA, onde atuou como coordenadora entre junho de 2017 e abril de 2021, período em que se dedicou intensamente à consolidação e ao fortalecimento acadêmico do programa. Seu trabalho cuidadoso e comprometido no relatório submetido à Capes contribuiu efetivamente no reconhecimento que elevou o PPG ao patamar de excelência, com a nota 6, alcançada em 2021. 

À frente desse programa, também coordenou o projeto CAPES-PrInt “Ida-e-volta: entreterritórios de pesquisa e reflexão nas artes da cena”, ampliando diálogos internacionais e contribuindo para aproximar o programa de diferentes perspectivas no Brasil e no mundo. O projeto resultou na publicação do livro “Internacionalização como política de encontros: investigação artística, saberes situados e corpos em metamorfose”, em 2024, organizado por Silvia em colaboração com as professoras Ana Terra, Júlia Ziviani e Verônica Fabrini.

Na graduação, ministrou disciplinas práticas e prático-teóricas, especialmente dedicadas aos estudos técnicos, improvisacionais e compositivos. Orientou inúmeros estudantes em pesquisas de iniciação científica e trabalhos de conclusão do curso de bacharelado e licenciatura em Dança, que resultaram em publicações e apresentações cênicas. Já na pós-graduação, foi responsável pela orientação de pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Nascida em 12 de junho de 1964, Silvia construiu uma trajetória marcada pela criação, pelo ensino e pela pesquisa, deixando uma contribuição profunda e múltipla ao pensamento e à prática da dança. 
Silvia Geraldi dançou com diversos nomes da cena contemporânea\Foto: Marisa Lambert:

No campo da produção artística, Silvia dançou com diversos artistas da cena contemporânea (Holly Cavrell, Sandro Borelli, Marta Soares, entre outros) nos anos 90 e integrou a Cia. de Danças de Diadema. Recebeu a Bolsa Vitae de Artes em 2002 e muitos outros prêmios para montagem e circulação de suas obras. Fundou, em 2000, a Silvia Geraldi Cia de Dança, dedicada à pesquisa e à criação em dança. 

As obras produzidas por este núcleo artístico, nos seus dez primeiros anos de existência, seguiram o formato de solos. De 2012 em diante, o desejo de colocar à prova procedimentos artísticos experimentados nas criações-solo, incitou a companhia a transitar para o formato de grupo de autoria colaborativa, buscando expandir referenciais e verticalizar experiências. 

As principais criações da companhia foram: “Butterfly” (2001/2006), Prêmio Estímulo de Dança 2000 da Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado de São Paulo; “Todas as Tardes” (2010/2013), realizada com o apoio do 9o Edital do Programa de Ação Cultural (Proac 2010) da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo; “Ensaio sobre as pequenas distâncias” (2012/2013), contemplado pelo 13º Edital de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo (SMC-SP); e “Ensaio sobre as pequenas distâncias, estudo para o infinito” (2014/2016), que abrange três obras produzidas em parceria com a artista Marisa Lambert, dentro do projeto “do perigo de se contar uma única história”, contemplado pelo 20º Edital de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo (SMC-SP). Paralelamente, realizou colaborações como provocadora com diferentes grupos e artistas da dança em São Paulo e no Brasil.

Entre outras contribuições, foi professora e coordenadora da graduação em Dança da Universidade Anhembi Morumbi, na cidade de São Paulo, instituição em que trabalhou no período de 1999 a 2011.

Autora do livro “Raízes da Teatralidade na Dança Paulistana – duas criadoras: Célia Gouvêa e Sônia Mota” (2015), produziu um conjunto de mais de 40 textos, que incluem artigos, capítulos de livros, resumos expandidos, entre outros.

Silvia também liderou, em parceria com suas colegas Marisa Lambert e Ana Terra, o grupo de pesquisa “Prática como pesquisa: processos de produção da cena contemporânea”  (CNPq), núcleo permanente de investigação vinculado ao programa de pós-graduação em Artes da Cena do IA. 

Criado oficialmente em 2014, esse coletivo se configurou como um espaço específico de produção de conhecimento, no qual a experiência do corpo e a prática artística tornam-se os principais dispositivos de investigação e reflexão sobre a cena contemporânea, seus processos, produtos e contextos, a partir de uma perspectiva crítica e situada. Parte deste percurso está compartilhado em seu artigo mais recente, “Fazer-com a Prática como Pesquisa: tecendo experiências coletivas de produção de saberes nas artes da cena” (2024). 

Nascida em 12 de junho de 1964, Silvia construiu uma trajetória marcada pela criação, pelo ensino e pela pesquisa, deixando uma contribuição profunda e múltipla ao pensamento e à prática da dança. 
Silvia Geraldi realizou colaborações como provocadora com diferentes grupos e artistas da dança em São Paulo e no Brasil

Em 2025, foi agraciada com bolsa Fapesp para desenvolver a pesquisa de pós-doutorado “Performances somáticas e práticas improvisacionais na dança: experimentações sobre uma estética feminista da existência”, sob orientação de Victoria Perez Royo, na Universidad de Zaragoza, UNIZAR, Espanha. 

Mais do que títulos, obras e cargos, Silvia Geraldi deixa um legado vivo: formou gerações de artistas, educadores e pesquisadores e está presente nas muitas pessoas que tiveram a oportunidade de aprender, criar e refletir ao seu lado. Uma presença generosa, crítica e inventiva, que seguirá inspirando quem acredita na dança como prática de pensamento, transformação e cuidado.

Silvia Geraldi fez da dança um caminho de criação e transformação. 

Que Silvia siga iluminada, como sempre foi.

Nascida em 12 de junho de 1964, Silvia construiu uma trajetória marcada pela criação, pelo ensino e pela pesquisa, deixando uma contribuição profunda e múltipla ao pensamento e à prática da dança. 
Dança como caminho de criação e transformação
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