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Atualidades Manchete

Unicamp será sede de dois novos centros de pesquisa da Fapesp com 350 bolsistas e 80 profissionais

Com a participação de outras universidades, o IFGW desenvolverá tecnologia de ponta em sensores e o Imecc criará polos para ensinar matemática 

Centros vão oferecer mais de 350 bolsas de estudos e envolver ao menos 80 pesquisadores especializados das ciências exatas e engenharias
Solenidade realizada na Fapesp: programa integra 29 Cepids sediados também em outras universidades e centros

Com a perspectiva de oferecer mais de 350 bolsas de estudos e envolver ao menos 80 pesquisadores especializados das ciências exatas e engenharias, dois Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) abrirão suas portas na Unicamp, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) e o Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) coordenarão as atividades dos novos Cepids, encarregados de realizar projetos nacionais de pesquisa de ponta com sensores para aplicação em áreas como saúde, meio ambiente e agricultura, além de desenvolver métodos inovadores de ensino.

No IFGW, o Centro de Pesquisa e Inovação de Materiais Inteligentes e Quânticos (Crisquam) deverá envolver o trabalho de cerca de 50 cientistas, do Brasil e do exterior, e de pelo menos cem bolsistas, de acordo com o coordenador do projeto, o físico Daniel Ugarte. O programa, de cinco anos de duração, conta com apossibilidade de renovação. “Já trabalhamos com a ideia de renovar”, disse o professor, que comemora a aprovação do projeto. “A proposta foi aprovada integralmente, com tudo o que solicitamos.”

Centros vão oferecer mais de 350 bolsas de estudos e envolver ao menos 80 pesquisadores especializados das ciências exatas e engenharias
Professor Daniel Ugarte

Segundo Ugarte, o orçamento, de cerca de R$ 40 milhões, contempla, além dos recursos humanos, a aquisição de equipamentos que proporcionarão uma importante modernização infraestrutural. “O Cepid tem um perfil experimental muito forte, que requer, além do apoio teórico, uma infraestrutura muito onerosa. Temos que ter essa cultura de modernizar os laboratórios, que são fundamentais para nossas pesquisas”, defendeu Ugarte, especialista em microscopia eletrônica. “A ciência de ponta sem infraestrutura não dá certo.”

Inovação

O Crisquam desenvolverá pesquisas envolvendo materiais com potencial de aplicação na área de sensores tecnológicos. “Na parte de pesquisa, visamos juntar toda a cadeia de produção para a inovação em sensores. Há uma parte grande de pesquisa básica de materiais, que podem ser nanomateriais, materiais quânticos e materiais inteligentes ou funcionais que respondem a estímulos externos e geram sinais.” Também faz parte do projeto a integração desses materiais em dispositivos, o que implica a criação de protótipos, afirmou Ugarte. 

“Pode ser, por exemplo, um sensor de nitrogênio na terra, ou um sensor usado para identificar o doping de atletas de alto padrão, ou sensores que dão sinais elétricos de luz. Ou seja, há o foco da inovação pensando em aparelhos comerciais.” De acordo com o coordenador, farão parte do projeto pesquisadores especialistas de diversas áreas, como a saúde, com pesquisas sobre câncer, ou a agricultura, com pesquisas sobre o solo, ou de alimentos, com pesquisas sobre a tecnologia da “língua eletrônica” para controle da qualidade de produtos, por exemplo. Ugarte planeja ainda realizar um encontro, em janeiro de 2026, com especialistas, reconhecidos mundialmente, da área de desenvolvimento de sensores para diversos usos. Haverá quatro convidados estrangeiros.

O programa se divide em três áreas, explicou o coordenador: materiais, tecnologias viabilizadoras e computação quântica. O projeto entrou em vigência no dia 1º de julho, com a assinatura do termo de outorga. Ugarte está acelerando o andamento dos trâmites burocráticos e a liberação dos recursos para pagar as bolsas e o material de infraestrutura. 

Ensino de matemática

No Imecc, o Centro Brasileiro de Geometria (CBG) será coordenado pelo professor Marcos Benevenuto Jardim, envolvendo cerca de 20 pesquisadores principais, além de 245 bolsistas, de diversos níveis, desde a iniciação científica até o pós-doutorado e o jornalismo científico. O número de bolsas pode ser ainda maior, segundo Jardim, que pleiteará outras 20. O projeto deve entrar em vigência no mês de outubro.

“A maior parte de nosso orçamento, que tem o montante de R$ 32 milhões, será dedicada às bolsas e à formação de pessoal.” Entre os pesquisadores, há profissionais de outras universidades, como os campi de São Paulo e de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Federal do ABC (UFABC).

Para a infraestrutura, prevê-se a criação de polos de difusão voltados para a educação matemática por meio de aplicativos interativos, como o já muito conhecido GeoGebra, que ensina geometria lançando mão de recursos visuais e também da impressão de materiais manipulativos, com as impressoras 3D. “Os polos são como salas de aula não tradicionais”, afirmou o coordenador.

Ao longo de cinco anos, deverão ser implementados três polos: na Unesp, na USP e na Unicamp. “Os polos são projetos da professora Rúbia Barcelos Amaral, da Unesp, coordenadora de Educação e Difusão do Conhecimento”, disse Jardim. O objetivo final é melhorar a qualidade do ensino da matemática, fornecendo ferramentas pedagógicas e atendendo às demandas de formação complementar dos alunos, de formação de professores e de divulgação da matemática junto à comunidade em geral.

Também faz parte do programa um projeto de letramento capitaneado pelo professor Marcelo Firer, do Imecc, que visa criar uma linguagem matemática em Libras para alunos com deficiência auditiva. Na atividade de pesquisa, o programa prevê ainda o uso de aprendizado de máquinas e de redes neurais para a resolver problemas de pesquisa. “Algo que está na fronteira do conhecimento na nossa área”, afirmou Jardim, que trabalha com a ideia de tornar o CBG permanente e consolidado institucionalmente. “Hoje não existe em São Paulo nenhum centro dedicado especificamente à matemática”, disse o coordenador do centro.

O programa da Fapesp integra 29 Cepids sediados também em outras universidades e centros como a USP, a Unesp e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). No primeiro semestre deste ano, a Fapesp anunciou quatro novos Cepids, entre eles os dois sediados na Unicamp.

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