A professora do Instituto de Química (IQ) da Unicamp Ana Flávia Nogueira foi nomeada como membro do Comitê Gestor do Fundo Setorial de Energia (CT-Energ), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Cabe ao comitê definir os planos anuais de investimentos do Fundo Setorial de Energia.

Os fundos setoriais visam financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil. O CT-Energ foca a área de energia elétrica, com ênfase em eficiência energética e utilização de fontes alternativas de energia.
Os membros dos comitês gestores, compostos por especialistas reconhecidos no campo de atuação de cada fundo, também devem acompanhar a implementação das ações e avaliar os resultados alcançados.
Para Nogueira, trata-se de um grande desafio. Com um mandato de dois anos, a professora disse pretender contribuir por meio da sua experiência acadêmica e como diretora do Centro de Inovações em Novas Energias (Cine), criado em 2018 e sediado na Unicamp.
O Cine resulta de uma parceria público-privada que desenvolve projetos voltados à geração e ao armazenamento de energia. “Temos, hoje, um laboratório de manufatura de baterias e temos avançado bastante em protótipos de painéis solares que utilizam a perovskita [material mais barato e baseado em insumos nacionais]”, afirmou a docente ao dar um exemplo de um dos projetos do instituto.
Como membro do CT-Energ, Nogueira disse pretender incentivar o desenvolvimento de tecnologias nacionais voltadas para a transição energética, minimizando a dependência em relação à importação de componentes — algo que considera um dos principais gargalos do país. A professora citou também a melhoria na infraestrutura e nas regulamentações legais como elementos importantes para acelerar a transição energética brasileira em meio aos impactos do aquecimento global.
“O Brasil tem todos os ingredientes para fazer o bolo: um vasto território, reservas de minerais estratégicos, sol, vento, pessoas capacitadas, localização geográfica… Mas a academia consegue ir até certo ponto. Ela precisa de políticas públicas de incentivo. A academia, a indústria e o governo devem estar em consonância, e vejo que as universidades estão abertas a colaborar”, afirmou.
A docente acredita que sua participação no comitê pode auxiliar no fomento a novos projetos dentro da Unicamp. “Particularmente, me interessa bastante a geração de hidrogênio, um combustível limpo, a partir da biomassa, de rejeitos do agronegócio.”
Além de gestora, docente, pesquisadora e mãe, Nogueira é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), fellow da Royal Society of Chemistry e editora associada de três revistas — Journal of Materials Chemistry C, Materials Advances e Materials Today Chemistry.
O CT-Energ possui oito membros: um do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), um da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), um do Ministério de Minas e Energia (MME), um da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dois da comunidade científica e dois do setor produtivo.