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Atualidades

Professor do Instituto de Economia toma posse no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

Entidade tem como objetivo articular propostas de longo prazo em áreas estratégicas, como economia, democracia ou sustentabilidade ambiental

O economista Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) no biênio 2025-2026. A posse ocorrerá na terça-feira (5), no Palácio do Palácio do Itamaraty, durante a quinta reunião plenária do colegiado. 

Entidade tem como objetivo articular propostas de longo prazo em áreas estratégicas, como economia, democracia ou sustentabilidade ambiental
O professor Pedro Rossi, do Instituto de Economia da Unicamp: era pós-neoliberal

Reestruturado em 2023, o CDESS tem como objetivo articular propostas de longo prazo em áreas estratégicas, por meio de comissões temáticas permanentes dedicadas à economia, à democracia, ao combate às desigualdades, à sustentabilidade ambiental e à inovação tecnológica. O grupo inclui empresários, lideranças sindicais, pesquisadores e representantes de movimentos sociais.

Para Rossi, a função desempenhada pelo Conselho ultrapassa a de um fórum consultivo.  “O Conselhão, como instância de governança e representação da sociedade civil, é um espaço privilegiado para discutir uma agenda de desenvolvimento de longo prazo para o Brasil”, avalia.

O economista destaca que a conjuntura atual exige mais do que ajustes incrementais. Em sua avaliação, o país atravessa uma transição histórica marcada por mudanças profundas na ordem internacional, pelo agravamento da crise climática e pelo fortalecimento de correntes políticas de extrema direita. “Vivemos um momento histórico oportuno. O tempo de pensar pequeno acabou. Entramos em uma era pós-neoliberal, em que o consenso em torno de soluções de mercado para questões sociais já não se sustenta”, declarou.

Segundo Rossi, a prioridade deve ser a construção de um plano robusto de transformação econômica e social, liderado pelo Estado e com horizonte de planejamento de longo prazo. 

O fortalecimento da estrutura produtiva e tecnológica é apontado como condição essencial para que o Brasil se posicione de forma mais competitiva em uma nova ordem global. Rossi lembra que, em uma visita recente à Ásia, constatou que praticamente todos os países da região mantêm grandes planos nacionais de desenvolvimento. Nessas iniciativas, a transição energética é tratada não apenas como imperativo ambiental, mas como oportunidade estratégica para geração de riqueza e empregos.

O professor observa que, nas últimas décadas, o Brasil perdeu instrumentos importantes de política econômica, em grande medida devido a reformas que reduziram a capacidade do Estado de induzir o crescimento. A recomposição desses mecanismos é considerada indispensável. De acordo com Rossi, “figuramos entre os perdedores do período da globalização financeira. Precisamos nos posicionar melhor para uma nova ordem global que ainda está em formação”.

A política fiscal foi outro ponto abordado pelo economista. Ele defende que o tema seja tratado como subordinado a um projeto nacional de desenvolvimento, e não como limitador das ambições do país. “O tema da sustentabilidade fiscal deve ser colocado no lugar dele: subordinado a um plano de desenvolvimento. A política fiscal deve ser moldada pelas necessidades do país – e não o contrário”, argumentou.

Rossi também enfatiza que o desafio brasileiro não é a falta de recursos, mas sua distribuição. A promoção de justiça social, por meio de políticas de redistribuição de renda e expansão da infraestrutura logística, social e ambiental, é apontada como condição para sustentar anos de crescimento econômico. “As limitações, neste caso, não são econômicas nem técnicas, mas políticas. O Brasil não sofre com escassez de recursos, mas com a má distribuição deles”, avaliou.

Na sua visão, esse crescimento prolongado permitiria inclusive a estabilização da trajetória da dívida pública, criando um círculo virtuoso entre expansão econômica e sustentabilidade fiscal. O arcabouço fiscal atualmente em vigor é visto como insuficiente diante das necessidades e aspirações do país. Embora reconheça que esse arcabouço tenha atendido a objetivos específicos em determinado momento, Rossi avalia que não responde mais às urgências do presente.

O ingresso do professor no Conselhão ocorre em um contexto no qual o governo busca consolidar consensos para apresentar ao mundo, na COP‑30 em Belém, prevista para novembro de 2025, um projeto nacional de desenvolvimento capaz de articular crescimento econômico, transição energética e justiça social. Espera-se que as discussões no colegiado resultem em relatórios e recomendações que orientem a formulação de políticas públicas nas próximas décadas.

Com a posse de novos conselheiros, a expectativa é que o diálogo estabelecido no âmbito do Conselhão fortaleça a confiança da população nas instituições democráticas e amplie a legitimidade das políticas públicas. “Para combater o avanço da extrema direita, precisamos de uma nova economia, que promova bem-estar social e recupere a fé da população nas instituições democráticas”, declarou Rossi.

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