“Quando eles vêm para cá e percebem que os estudantes daqui têm a mesma idade, que enfrentam dificuldades semelhantes, eles entendem: este lugar também pode ser meu.” A fala é de Altamir Luiz da Cruz, representante da Fundação Casa de Mogi Mirim, que idealizou e acompanhou a visita inédita de adolescentes aos campi da Unicamp em Limeira. A ação foi organizada na última quarta-feira (27/8) em parceria com o Centro de Promoção Social Municipal de Limeira (Ceprosom) e com o Programa Colmeias, cursinho popular vinculado à Pró-reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (Proeec) da Unicamp.
Para Dimas Francisco Peruzza, presidente do Ceprosom, o encontro mostra como o apoio da Prefeitura de Limeira, por meio da cessão de um dos Centros Comunitários para o cursinho, abre novas oportunidades para esses adolescentes. “Não sabemos o que eles já passaram anteriormente, mas sabemos que a educação pode abrir portas para outra vida, para um futuro diferente daquele que eles estavam seguindo. Ver essa parceria acontecer é motivo de muita satisfação e esperança”, afirmou.
Cruz complementou que a mudança de perspectiva desses jovens mostra que essa realidade não é utópica. “Eles escutam falar da Unicamp, do Enem, dos vestibulares, mas tudo isso parecia distante demais. A educação é a única forma de quebrar ciclos de vulnerabilidade. Se eles não tiverem essa oportunidade, vão apenas reproduzir a mesma realidade de onde vieram”, declarou.
A programação incluiu visitas às faculdades dos campi de Limeira, a Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) e a Faculdade de Tecnologia (FT), e conversas com professores do cursinho popular. Os adolescentes também conheceram as opções de bolsas e programas de permanência oferecidos pela universidade. A ideia é que esta seja apenas a primeira de muitas visitas semelhantes, abrangendo outras unidades da Fundação Casa.
Josely Rimoli, coordenadora do Programa Colmeias, destacou que esse tipo de ação amplia o acesso à universidade e fortalece a confiança dos jovens em relação ao futuro. “Foi uma experiência inédita, uma verdadeira mudança de paradigma. Eles saem daqui com um vínculo de pertencimento, com mais confiança e mais amadurecidos. Isso mostra que a educação não é apenas acesso, mas também permanência, porque queremos que eles não só cheguem, mas fiquem e concluam sua formação.”
Rimoli lembrou que o Colmeias busca ser um espaço inclusivo, voltado para diferentes realidades sociais. “Aqui acolhemos questões raciais, de gênero e de corpos. Todos têm vez e voz. Isso é fundamental para que o estudante se reconheça no ambiente acadêmico”, acrescentou.
Ao final da visita, a coordenadora reforçou que a aproximação entre universidade e comunidade transforma vidas. “Quando eles pisam na universidade e percebem que podem chegar aqui como estudantes, é isso que rompe barreiras e constrói novos futuros”, concluiu.
Sobre o Programa Colmeias
Criado em 2010 na Unicamp Limeira, o Programa Colmeias oferece cursinhos pré-vestibulares para estudantes de escolas públicas e, desde 2019, também para comunidades quilombolas, indígenas e jovens da Fundação Casa. Integrado à ProEEC, o programa apoia oito cursinhos presenciais e virtuais, com bolsas para docentes e ações de permanência estudantil. Já beneficiou milhares de alunos e registra aprovações em cursos de graduação e colégios técnicos, ampliando o acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho.
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