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Atualidades

Novas obras marcam resgate de projeto histórico “Arte no Campus”

A escultura do artista Leandro Gabriel foi instalada na Praça Milton Santos; já a peça “Sentinela”, de Jorge dos Anjos, passou a ocupar o gramado do RU

Esculturas de dois artistas mineiros, cujas obras dialogam de forma intensa com a matéria bruta – em especial ferro e aço –, inauguraram, nesta quarta-feira (24), o projeto “Arte no Campus II”, uma nova fase do programa surgido na Universidade na década de 1980 e que tem como intenção integrar a arte contemporânea ao espaço universitário. A escultura em ferro do artista Leandro Gabriel, sem título, foi instalada no centro da Praça Milton Santos revitalizada pela prefeitura universitária (Veja texto abaixo). Já a peça “Sentinela”, de Jorge dos Anjos, produzida em chapa de aço recortada e soldada, passou a ocupar um espaço no gramado do Restaurante Universitário (RU).

Novas obras marcam resgate de projeto histórico “Arte no Campus”
Novas obras marcam resgate de projeto histórico “Arte no Campus”

Para Silvia Furegatti, escultora, professora na área de Artes Visuais do Instituto de Artes (IA) desde 2008 e Pró-Reitora de Extensão, Esporte e Cultura (Proeec), a retomada do projeto é um resgate histórico.

Furegatti conta que o médico José Aristodemo Pinotti – que foi reitor da Unicamp entre os anos de 1982 e 1986 – conhecia em profundidade o conceito de campus universitário idealizado pelo fundador Zeferino Vaz. Entre outros aspectos, Zeferino concebeu um campus que permitisse a integração dos diversos setores da vida acadêmica. Para o fundador, ainda que a produção de conhecimento ocorra nas salas de aulas e nos laboratórios, a convivência e os relacionamentos sociais que se dão nos espaços externos – pátios, praças e áreas livres – também produzem aprendizados. Foi a partir destas ideias que Pinotti implementou o projeto “Arte no Campus”, com a instalação de esculturas e painéis escultóricos de grande formato criados pelos professores artistas do Departamento de Artes Plásticas. Assim, o campus ganhou obras de Marco do Valle, Fulvia Gonçalves, Berenice Toledo, Noboru Ohnuma, Akiko Fujita, entre outros.

“Agora, quando decidimos retomar esse programa, pensei: por que não dar continuidade ao ‘Arte no Campus’, uma vez que se trata do mesmo território de ocupação das esculturas? Por isso, achei justo fazer esse resgate histórico. Então, estou batizando de ‘Arte no Campus II’, para enfatizarmos que é uma nova fase de implantação de esculturas públicas no campus”, explicou a pró-reitora.

Com as novas obras – entre esculturas e painéis –, a Unicamp conta hoje com aproximadamente 20 manifestações artísticas instaladas em espaço público.

A escultura do artista Leandro Gabriel (à esquerda) e a peça “Sentinela”, de Jorge dos Anjos
A escultura do artista Leandro Gabriel (à esquerda) e a peça “Sentinela”, de Jorge dos Anjos

Segundo Furegatti, a escolha dos artistas foi feita a partir de um trabalho cuidadoso de curadoria. Era preciso, em primeiro lugar, que os artistas fossem representativos e importantes, explica ela; depois, havia o critério do material. “A materialidade é importante, porque precisamos pensar no que vai acontecer com essas peças ao longo dos anos. Além disso, pensamos em valores como resistência e o impacto que a obra poderá ter na paisagem”, justifica. A obra de Jorge dos Anjos, por exemplo, tem 3 metros de altura e pesa cerca de 1 tonelada. Já a de Leandro Gabriel pesa quase uma tonelada.

A escolha do local de instalação também obedeceu a uma lógica de relação com o espaço.

Furegatti explica que a obra de Jorge dos Anjos foi colocada nas proximidades do RU por se tratar de um espaço com grande fluxo de pessoas – seja das áreas de estudos, de refeição ou de administração acadêmica. Já a obra de Gabriel foi colocada na praça por razões políticas, administrativas e de gestão. “Ela chama a atenção dos dirigentes para retomarem o papel cultural que a Universidade tinha em seu início. Zeferino Vaz valorizava muito a arte e a cultura, o mesmo ocorreu com Pinotti. A arte, portanto, precisa estar nesses locais de encontro”, afirma.

Obras em espaços públicos

Mineiro de Ouro Preto, Jorge dos Anjos afirma que, ao longo de sua trajetória – que começou com a pintura e depois migrou para a escultura –, sempre se interessou por obras em espaços públicos. Diz que, desde menino, pensava na arte em grandes dimensões, como a dos muralistas mexicanos, por exemplo, ou mesmo a arte africana, sua raiz. “A arte não é um quadro na parede. Ela faz parte da vida”, ensina. “Por isso, acho que a escultura tem de estar nesses lugares, nas praças, nos espaços abertos. É nesta hora que o artista se realiza, e a arte se realiza”, acredita.

Para Leandro Gabriel, o trabalho é um resgate de memória. Sua mãe foi costureira, e a forma como monta suas esculturas hoje, conta ele, pode ter relação com a colcha de retalhos que viveu na infância. “Acho que essa ideia de recorte começou ali, na minha infância e adolescência, quando iniciei uma linguagem de juntar pedaços e construir uma obra. Muita gente relaciona a minha obra a uma árvore, mas pode não ser exatamente isso. Eu sempre brinco. Se alguém acha que é árvore, me diga que árvore é, porque eu mesmo não sei”, desafia. 

O reitor da Unicamp, Paulo Cesar Montagner, participou da cerimônia de inauguração das obras e comemorou a iniciativa. “A universidade também é um local dos afetos”, disse o reitor. “Ao revitalizarmos a praça e instalarmos aqui uma obra de arte, afirmamos o quanto a Universidade preza a cultura e cultiva a ideia de pertencimento”, observou.

Prefeitura Universitária entrega revitalização da Praça Milton Santos

A prefeitura do campus universitário da Unicamp promoveu, nesta quarta-feira (24) – durante a inauguração da escultura de Leandro Gabriel –, a entrega das obras de revitalização da Praça Milton Santos, localizada nas proximidades da Secretaria Geral, Reitoria e Conselho Universitário. De acordo com o prefeito universitário, Juliano Finelli, a recuperação do espaço foi feita em parceria com a Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi) e se soma, segundo ele, a outras ações de revitalização dos espaços institucionais do campus.

“Fizemos a revitalização do Teatro de Arena com a ajuda dos estudantes indígenas. Em seguida, recuperamos o Teatro da Praça da Paz, em colaboração do Movimento Negro, e, mais recentemente, conseguimos entregar a revitalização da entrada F1 do Hospital de Clínicas da Unicamp”, diz Finelli. “Essas ações são boas para a comunidade e muito importantes para a Universidade”, concluiu.

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