

O coordenador da delegação da Unicamp na COP30, professor Roberto Donato anunciou nesta terça-feira (11) – durante painel “Sustentabilidade nas universidades brasileiras” no Pavilhão das Universidades, na Zona Azul da Conferência- que até o fim de 2025 a Universidade espera formalizar a criação de sua Diretoria de Sustentabilidade (DEXS). Segundo ele, a diretoria representa um novo ciclo na gestão da sustentabilidade na Unicamp.
“Temos excelentes iniciativas na área desde o final dos anos 1990, e isso tem se refletido nos rankings dos quais participamos”, disse. Segundo Donato, o novo órgão deve inclusive ser capaz de fortalecer a participação da universidade nas próximas COPs, por meio da ampliação da presença da Unicamp em redes internacionais de universidades. “Ao criar a Diretoria, buscamos uma gestão integrada da sustentabilidade e a consolidação de uma gestão voltada ao enfrentamento da crise climática”, complementou.
Realizado nesta terça-feira (11) no Pavilhão das Universidades, na Zona Azul da COP30, o painel “Sustentabilidade nas universidades brasileiras” fez um balanço de ações que estão sendo articuladas nas instituições de ensino superior do Brasil. O painel teve como objetivo, ampliar as conexões entre as instituições do ensino superior e a agenda climática, enfatizando o papel das universidades na promoção da ação climática, não apenas em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, mas por meio da gestão dos campi..
A Universidade de São Paulo (USP) foi pioneira no contexto brasileiro ao criar, em 2012, uma Superintendência de Gestão Ambiental (SGA), com a missão de promover a qualidade ambiental nos campi, reduzindo e compensando as emissões de gases do efeito estufa.
Conforme explicou a professora Patrícia Iglesias, superintendente de gestão ambiental da USP, um passo fundamental para consolidar as ações da SGA foi a elaboração da Política Ambiental da USP, em 2018, um conjunto de princípios e objetivos que orientam a gestão ambiental e que basearam o Plano de Gestão Ambiental da universidade.
Outro marco na gestão da sustentabilidade na Universidade foi a criação, em 2022, do USPSusten, programa de pós-doutorado que integra pesquisa aplicada em cinco eixos: água, biodiversidade, energias renováveis, gestão ambiental e mudanças climáticas. Neste programa, foram criados projetos em geração de energia solar, bioenergia e biofertilizantes obtidos por meio processamento dos resíduos orgânicos gerados na universidade e, ainda, para conversão de etanol em hidrogênio verde.
“Neste último, obtivemos uma redução de 72% nas emissões de CO2 da frota interna do campus da capital”, contou Iglesias. Em 2024, a USP ficou em quinto lugar no ranking mundial GreenMetric.

A chefe de sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Graciella Faico, destacou a importância dos rankings e de certificações da área de sustentabilidade como importantes ferramentas da gestão nas instituições de ensino superior.
“Além do monitoramento contínuo dos indicadores, nos ajudam a dimensionar ações, construir projetos e engajar a comunidade em ações para a sustentabilidade”, afirmou a gestora. Em 2023 e 2024, a UFRJ recebeu pela primeira vez o selo ODS Educação, concedido pelo Instituto Selo Social, por sua contribuição para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Localizado em Sorocaba, o Centro Universitário Facens ocupa o primeiro lugar em sustentabilidade, no ranking GreenMetric, entre as instituições brasileiras de ensino superior privado, e o sexto lugar entre as instituições públicas e particulares do Brasil. “Temos investido em tecnologias construtivas mais sustentáveis em nosso campus, em projetos sobre resíduos e em projetos de alto impacto em parceria com outras instituições, sempre guiados pela premissa de que estas ações geram impacto positivo fora da universidade, mas também na formação dos nossos alunos”, disse Vitor Belota, diretor de sustentabilidade e educação do Facens.
O Centro tem cerca de 4 mil alunos de graduação e 700 de pós-graduação. Ao longo da formação, os estudantes podem participar de projetos como o “Florestas Inteligentes”, no qual desenvolvem soluções para proteger a biodiversidade das florestas e melhorar a qualidade de vida das comunidades. Num deles, um grupo de alunos desenvolveu uma ferramenta para coletar o açaí da palmeira sem precisar escalar o longo tronco da árvore.
A Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) tem uma Diretoria de Sustentabilidade desde 2019. “Mais recentemente, temos criado ações que integrem cidadania e sustentabilidade, por isso, em 2024, foi criada a Pró-Reitoria de Cidadania e Sustentabilidade”, contou o diretor de sustentabilidade da UFMS, Leonardo Chaves. Um dos programas resultantes foi o Programa Sou Mulher UFMS, cujo objetivo é garantir o acesso igualitário de mulheres à universidade, assim como sua permanência e participação nos projetos de ensino, pesquisa e empreendedorismo, por meio de editais específicos para mulheres, criação de infraestrutura de apoio como brinquedotecas, fraldário e ouvidoria feminina para prevenção e enfrentamento de assédio moral e sexual.
Para a gestora da UFRJ, a crise climática exige cooperação e compromisso. “A COP30 é o nosso palco, mas a verdadeira mudança acontece nos territórios onde atuamos diariamente. Ao integrar ODS, indicadores e justiça climática às nossas políticas, mostramos que ciência e gestão podem caminhar juntas para transformar o futuro”, finalizou.
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