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Academia, governos e empresas buscam formas para migrar para uma economia de baixo carbono

O painel “Desafios da transição energética”, aconteceu nesta sexta-feira (14), no Pavilhão das Universidades, na Zona Azul da COP30

Discutir os avanços tecnológicos, as oportunidades para o desenvolvimento sustentável e o desafio de desenhar políticas públicas que acelerem esta transição. Estes foram alguns tópicos do painel “Desafios da transição energética”, que aconteceu nesta sexta-feira (14), no Pavilhão das Universidades, na Zona Azul da COP30.

A substituição da base de recursos ou de tecnologias para gerar energia pode ocorrer por motivos variados, como o surgimento de tecnologias mais eficientes ou mais baratas. A transição energética que vivemos hoje é impulsionada pela emergência climática, que demanda a substituição das fontes de energia emissora de gases do efeito estufa. Por isso, a academia, os governos e as empresas buscam formas de migrar para uma economia de baixo carbono.

O governo do estado de São Paulo definiu uma estratégia climática baseada em dois pilares, mitigação e adaptação, que foi oficializada no Plano de Ação Climática 2050 (PAC2050) para alcançar a neutralidade de carbono. “Uma delas é ampliar a produção e uso de biometano, tanto na indústria como nos transportes”, contou a subsecretária de energia e mineração na Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) de São Paulo, Marisa Maia de Barros.

Objetivo do painel foi discutir o desafio de desenhar políticas públicas que acelerem a transição energética
Objetivo do painel foi discutir o desafio de desenhar políticas públicas que acelerem a transição energética

De fato, o setor de transportes é responsável por cerca de 30% do consumo global de energia e por 1/3 das emissões de carbono para a atmosfera. Mesmo assim, os biocombustíveis ainda desempenham um papel secundário neste setor. O pesquisador Luiz Augusto Horta Nogueira, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), um dos pesquisadores presentes no painel, aposta no bioetanol – produzido a partir de biomassa – como a base da transição energética dos países tropicais. “O bioetanol é uma tecnologia eficiente e sustentável que já dominamos, e isso pode acelerar o processo da transição energética”, disse.

Sem perspectivas de redução da frota carros, especialmente em países em desenvolvimento, Horta argumentou que a combinação de bioetanol de cana-de-açúcar com uma tecnologia híbrida é o caminho mais eficaz para descarbonizar frotas de veículos leves, superando as opções puramente elétricas nas condições atuais.

Mas será que, se puderem, todas as pessoas vão trocar seus carros por opções movidas a energia renovável? Para Alessandro Sanches, do Instituto 17 (I17) – ONG que atua na área de energias renováveis e estratégias de descarbonização para governos e empresas –, um dos desafios da transição energética é a baixa percepção das pessoas, especialmente nos pequenos municípios, sobre os benefícios que as cidades e elas mesmas podem ter ao trocarem os combustíveis fósseis por combustíveis sustentáveis. “Isso reduz o apoio político e trava a implementação de soluções como energia solar, biogás e programas de eficiência energética.” O I17 tem parceria com o Centro de Estudos sobre a Urbanização para o Conhecimento e a Inovação (Ceuci), com o Laboratório Fluxus, com o Centro Paulista de Estudos em Biogás e Bioproutos (Cp2b) e com o Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe).

O estanho é largamente utilizado na produção de soldas para painéis solares e turbinas eólicas e em semicondutores para sistemas de energia renovável. Por isso, é estratégico na transição energética. Mas é possível conciliar a mineração de estanho com a sustentabilidade?  Esta foi a pergunta feita pela professora Maria José Maluf de Mesquita, do Instituto de Geociências da Unicamp (IG). “É uma pergunta que temos que nos fazer, especialmente aqui na COP30, considerando que no Brasil a mineração de cassiterita, mineral que contém o estanho, está concentrada na Amazônia”, explicou.

Mesquita coordena o projeto “Estanho responsável”, liderado pelo IG da Unicamp, em parceria com a Aliança para Mineração Responsável (ARM), a Organização do Cooperativismo Brasileiro (OCB) e com o Cooperativas de Mineração Artesanal e de Pequena Escala (MAPE). De acordo com a professora, o projeto tem como objetivo apoiar cooperativas legalizadas envolvidas na mineração do estanho em Rondônia para reduzir os danos da mineração da cassiterita, rastrear a cassiterita legal, recuperar o solo e melhorar as condições de trabalho dessas pessoas. É financiado pela European Partnership for Responsible Mineral (EPRM).

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Foto de capa:

O painel “Desafios da transição energética”, aconteceu nesta sexta-feira (14), no Pavilhão das Universidades, na Zona Azul da COP30
O painel “Desafios da transição energética”, aconteceu nesta sexta-feira (14), no Pavilhão das Universidades, na Zona Azul da COP30 (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)



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