O Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica (Cemib) da Unicamp inaugurou na quarta-feira, 26, a Unidade de Modelos Animais Axênicos. A nova área, construída com o apoio da Fapesp, vai disponibilizar modelos animais axênicos para a pesquisa para região e todo o país.
Modelos de animais axênicos, também chamados de germ-free ou “livres de qualquer forma de vida associada”, não contêm qualquer tipo de bactéria, vírus, fungo ou parasita vivendo neles ou sobre eles. Eles são criados em ambientes controlados e esterilizados e só entram em contato com alimentos, água e materiais igualmente esterilizados. Fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas médico-biológicas, esses animais permitem estudar como a ausência completa de microbiota influencia processos biológicos — como desenvolvimento, imunidade, metabolismo e doenças.
A unidade localizada no Cemib é considerada a primeira plataforma de animais axênicos no Brasil, construída através de investimentos da Fapesp por meio de projetos de desenvolvimento e do Edital de Equipamentos Multiusuários.
Durante a cerimônia de inauguração do espaço, o pesquisador responsável pelo projeto Fapesp e docente do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, Marco Aurélio Ramirez Vinolo, disse que o grande salto que a nova unidade proporciona é a capacidade de “estabelecer causalidade, isolar mecanismos biológicos específicos e desenvolver metodologias, terapias mais precisas e eficazes”.
Os animais axênicos são usados em estudos sobre interação com probióticos, terapias relacionadas ao eixo intestino-cérebro e em áreas como imunologia, farmacologia, microbiologia, doenças metabólicas e neurológicas. De acordo com Vinolo, eles são fundamentais no enfrentamento de doenças neurodegenerativas e metabólicas.
A coordenadora do Cemib, Daniela Marcella Rodrigues Demolin, classificou o momento como um “marco estratégico para o Cemib”, que simboliza “a integração entre o conhecimento, a inovação e rigor científico”. Ela também reafirmou o compromisso do centro com a “criação de modelos animais com qualidade, como forma de garantir uma ciência responsável, ética e reprodutiva”.
Já a coordenadora adjunta da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen), Cristina Teixeira Duarte, ressaltou que a universidade passa a contar com uma infraestrutura única na região e no país. Ela lembrou que o Cemib é uma core facility de referência nacional e internacional, seguindo rigorosamente as diretrizes éticas e as normas nacionais, com ênfase nos princípios dos três R’s, sigla em inglês que é traduzida como redução, refinamento e substituição.
O reitor, Paulo Cesar Montagner, em sua fala na cerimônia, reforçou o significado institucional da unidade, afirmando que os animais disponíveis são “extremamente qualificados, com a melhor condição de pesquisa possível”, o que “permite colocar a nossa pesquisa no mais alto patamar”. Ele concluiu sua fala destacando que a inauguração faz a Unicamp dar um salto à frente. “Um projeto dessa envergadura tende a elevar muito a qualidade da pesquisa. Não só na Unicamp, mas na sociedade brasileira como um todo”, afirmou.
Previsão de operação
Para compor a nova unidade, o projeto comprou cinco casais de camundongos axênicos dos Estados Unidos. De acordo com Demolin, a previsão é que os animais cheguem à Unicamp entre fevereiro e março de 2026.
O diretor técnico do Cemib, Marcos Zanfolin, explicou que camundongos como os que estão sendo importados têm rápida taxa de reprodução. “O ciclo gestacional é muito rápido. A gestação da fêmea dura 19 dias, e ela pode ter de 5 a 12 filhotes”, explicou.
De acordo com Zanfolin, a estimativa do número de animais abrigados no local responderá à necessidade da demanda das pesquisas.
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