
Em sessão com mais de 4 horas de duração, o Conselho Universitário da Unicamp (Consu) decidiu retirar da pauta da sessão extraordinária desta terça-feira (2), a discussão em torno do projeto de expansão acadêmica da Unicamp a partir da autarquização da área da saúde da Universidade. A proposta, no entanto, volta para a próxima sessão extraordinária do Conselho, prevista para o dia 16 de dezembro.
O reitor Paulo Cesar Montagner – que obedeceu a ordem regimental – disse respeitar a decisão do plenário. O reitor afirmou, ainda, que o objetivo da reitoria, ao colocar o assunto em discussão, foi o de buscar formas de melhorar o financiamento da Universidade, além de garantir recursos para os projetos de expansão acadêmica, com a criação de novos cursos e aberturas de novas vagas nos vestibulares.
“O importante neste momento é que nós conseguimos colocar o financiamento da Universidade e da área da saúde como um assunto prioritário na nossa comunidade”, disse Montagner ao final da sessão.
A maioria dos membros do Consu entendeu que a proposta deverá provocar mudanças estruturais profundas na Universidade e, por conta disso, deve ser mais discutida.
Pelo projeto, a gestão da área da saúde passaria a ser vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para fins orçamentários e de gestão administrativa, mas permaneceria ligada à Unicamp no campo do ensino, do treinamento de estudantes da graduação e pós e do aperfeiçoamento de médicos. O complexo, no entanto, permaneceria com atendimento integral a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
O projeto de expansão, por sua vez, prevê que, até 2036, haverá aumento no número de cursos; mais de 11,5 mil novos estudantes de graduação e de pós; e a contratação de mais de 2 mil novos servidores – sendo 614 docentes e 1.390 funcionários. Haverá também investimentos em infraestrutura de prédios, laboratórios e salas de aula.
Esses investimentos decorrerão, segundo o projeto, do alívio gradual da pressão sobre a capacidade de autofinanciamento da Unicamp, já que a Secretaria de Saúde passará a assumir, de forma escalonada, o custeio das unidades assistenciais.
A reitoria discute o projeto de autarquização com setores da comunidade desde setembro, quando recebeu o sinal verde do governo do Estado para avançar com o projeto.
Entre os dias 26 novembro e 1º de dezembro, o projeto foi apresentado pela reitoria a diretores de unidades, docentes, servidores e estudantes. Antes, ao longo de setembro e outubro, a comunidade já havia discutido o relatório do Grupo de Trabalho (GT), que foi o responsável pelo levantamento de dados e formatação da proposta.

Novo modelo
Hoje, a área da saúde está inserida no organograma da Unicamp. Por isso, a Universidade é responsável pelo seu custeio, que, no ano de 2025, deverá atingir aproximadamente R$ 1,1 bilhão.
De acordo com o projeto, a autarquização deverá seguir um modelo já consolidado nas Faculdades de Medicina da USP – onde existe já há quatro décadas – e da Unesp, em Botucatu, que entrou em operação em 2010.
Pela proposta, a nova autarquia será denominada Hospital de Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp) e reunirá oito órgãos, entre os quais, o Hospital Central (HC) e o Hospital da Mulher Caism Unicamp.
O HC Unicamp terá como estrutura básica a presidência, um conselho deliberativo e órgãos técnicos e administrativos. O conselho será composto por nove membros – o presidente do HC-Unicamp, o diretor e o vice-diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), membros do corpo docente das faculdades de Enfermagem, de Ciências Farmacêuticas e da Odontologia e representante de servidores.
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