Quem assiste a um espetáculo de dança ou de teatro, na maioria das vezes, não tem noção sobre os bastidores daquela produção. Da concepção da ideia, passando pela produção do roteiro, escolha de cenário, figurinos, iluminação e ensaios, há montagens em que são necessários alguns anos até a materialização da obra. Quando o produto é fruto de reflexões acadêmicas desenvolvidas no âmbito de um Grupo de Pesquisa cadastrado no CNPq, esse processo pode ser ainda mais complexo. Esse é justamente o universo do projeto O Corpo como Relicário, desenvolvido pelo Núcleo BPI (Bailarinos-Pesquisadores-Intérpretes) que será apresentado nos dias 5 e 6 de setembro, às 20 horas, no CIS-Guanabara.
Dirigido pela professora do Instituto de Artes da Unicamp (IA), Graziela Rodrigues, o trabalho é resultado de anos de pesquisa realizada por integrantes do BPI, núcleo da pós-graduação em Artes da Cena do IA. Atualmente, o Núcleo conta com sete pós-graduandos e mais três alunas do curso de Dança. Graziela explica que a pesquisa artística centraliza-se no processo criativo a partir do desenvolvimento de uma identidade do corpo de cada intérprete. “Essa identidade é desenvolvida na relação do intérprete com segmentos sociais brasileiros específicos e de manifestações populares brasileiras, contatados em pesquisas de campo”, afirma a diretora.
Após oito meses de ensaios, o espetáculo é fruto de trabalho de campo que transitou pelo universo de benzedeiras ribeirinhas, do Amazonas, parteiras Pankararu, de Pernambuco, quebradeiras de coco babaçu, do Maranhão, baianas de escola de samba e ciganos, de São Paulo, folguedos do Boi, de Mato Grosso e comunidade dos Arturos, de Minas Gerais. Esse espetáculo, segundo a produtora cultural e intérprete Mariana Floriano, proporciona ao público uma experiência de adentrar segmentos sociais brasileiros sintetizados por sete corpos de sensações e memórias que, através do movimento depurado, alcança as forças do instinto para se alavancar o Divino.
O CIS-Guanabara fica na rua Mario Siqueira, 829 - Botafogo, Campinas. A entrada é gratuita e há estacionamento no local. Mais informações no site do BPI.