A Biblioteca 'Octavio Ianni' do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) apresenta a exposição "O inferno nunca se farta", com obras de Fernando de Tacca, fotográfo e professor do Instituto de Artes (IA). A mostra será aberta ao público no dia 3 de agosto, às 15 horas, e ficará em cartaz até 3 de novembro.
O ponto de partida das obras selecionadas são registros de amigos do artista, que foram presos e fichados pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Os registros referem-se ao dia 22 de setembro de 1977, quando forças policiais invadiram uma assembleia estudantil na PUC-SP e prenderam centenas de estudantes. Às fotos dos detidos – dentre os quais estava o próprio Fernando de Tacca – são incorporadas camadas de um cartaz religioso encontrado anos mais tarde, em postes de rua, com a frase "O inferno nunca se farta".
Desse modo, Fernando de Tacca opera uma reviravolta nas imagens originais. Ao se apropriar delas, nelas intervir e levá-las a público, o artista traz à luz, expõe – no sentido forte do termo – um tipo de material fotográfico que, por servir a propósitos repressivos, foi tantas vezes acobertado pelas autoridades e relegado a arquivos obscuros. Dar rosto, nome e sobrenome a pessoas que receberam tratamento autoritário é não apenas um modo de homenageá-las, mas também uma via de resgate da memória.
Idealizada pelo professor Jorge Coli, curadoria de Priscila Sacchettin e projeto gráfico de Ianick Takaes, a mostra "O inferno nunca se farta" faz parte do ciclo de exposições apresentadas pela Biblioteca 'Octávio Ianni'. Com as exposições, pretende-se proporcionar aos frequentadores da biblioteca uma oportunidade de convívio com obras originais, de diferentes técnicas e autorias.