Fotógrafos cegos revelam a Estação Guanabara

Scarpinetti orienta aluna com deficiência visual a manusear equipamento fotográfico
Scarpinetti orienta aluna com deficiência visual a manusear equipamento fotográfico

O fotógrafo e jornalista Antonio Scarpinetti não se lembra exatamente quando assistiu ao filme Luz Escura: a Arte dos Fotógrafos Cegos (Dark Light: The Art Of Blind Photographers,2009), documentário que mostra a experiência de Peter Eckert, Henry Butler e Bruce Hall, três fotógrafos cegos que à sua maneira materializam por meio das fotografias impressas no papel as imagens mentais que eles elaboram, seja pelo som, pela vibração ou pela descrição das cenas confiando no relato de terceiros. No entanto, a partir daquele momento, Scarpinetti percebeu que poderia, de alguma maneira, oferecer a alguns deficientes visuais a oportunidade de despertar e materializar por meio de uma câmera fotográfica o modo como percebem fragmentos do mundo.

Para colocar em prática esse projeto, Scarpinetti oferece no CIS-Guanabara, a partir do próximo dia 28 de março (quarta-feira), das 14 às 16h30, a Oficina para Fotógrafos Cegos, trabalho que será desenvolvido em parceria com Centro Cultural Louis Braille de Campinas. Cerca de 10 pessoas com diferentes graus de deficiência visual terão a oportunidade de manusear câmeras e por meio do tato identificar no corpo da máquina lentes, obturador, fotômetro e, certamente, produzir fotos.

Scarpinetti, fotógrafo profissional que atua na Secretaria de Comunicação da Unicamp (Secom), durante quatro encontros mensais vai transmitir noções teóricas, falar dos fotógrafos protagonistas de Luz Escura e realizar vários exercícios práticos que culminarão no registro da Estação Guanabara, a partir de postos de observação previamente definidos. O relógio, o sino, os bancos de ferro e madeira e a fachada da gare são alguns detalhes que serão retratados e apresentados numa exposição fotográfica ao final das oficinas. “Espero oferecer algo diferente a essas pessoas e, quem sabe, entusiasmá-las, a exemplo dos fotógrafos do documentário, a darem continuidade aos registros elaborados mentalmente, de uma maneira bastante distinta daqueles produzidos pelas pessoas com visão normal”, afirma Scarpinetti.

A oficina será oferecida nos meses de março, abril, maio e junho. Segundo a produtora cultural do CIS e responsável pela atividade, Maria Cristina Amoroso Lima Leite de Barros, o trabalho é um desdobramento de oficina semelhante realizada em setembro de 2017 no CIS-Guanabara.

 

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