Pinturas a óleo, fotografias digitais e áudios de depoimentos de moradores sobre diferentes pontos da cidade são o fio condutor da exposição Escutar o Espaço: a Experiência da Memória que será apresentada de 14 de março a 7 de abril na Galeria do CIS-Guanabara. Assinada pela artista colombiana Angie Niño, a mostra integra sua pesquisa de doutorado em artes atualmente em desenvolvimento na Unicamp. A curadoria é da professora do Instituto de Artes Lygia Eluf. A vernissage ocorre no dia 14, das 19h00 às 21 horas. A entrada é franca.
Nesse trabalho a artista procura registrar a elaboração dos fazeres cotidianos como caminhar, ir ao trabalho, pegar o ônibus ou ouvir uma música. Segundo ela, essa rotina permite a reelaboração constante das coisas presentes no entorno das pessoas. “Um som, uma canção, uma voz, um cheiro, entre outras coisas que atuam na memória com intensidade, remetem muitas vezes a acontecimentos do passado, instantes e fragmentos que podem estar relacionados a um determinado evento ou pessoa”, afirma Angie.
Para a artista esse trabalho retrata também a relação de pertencimento das pessoas com o local onde vivem. Ela destaca que essa rotina “se refletirá em nossa memória, reagrupando os rascunhos de cada lugar que estamos ou passamos, como maneira de conhecimento para possibilitar nossa união e a relação como indivíduos dentro de um espaço, época e sociedade. Esse ato de captar o que vemos e sentimos, no momento de interiorizar todos os fatos que conformam nossa vida, nos permite sentir que pertencemos a um certo lugar”.
Segundo a curadora Lygia Eluf, as obras apresentadas revelam o olhar cúmplice compartilhado com seus personagens. “Os lugares comuns, afetados pela imaginação, nos conduzem aos relatos pacientemente recolhidos durante suas investidas pela cidade de Campinas. Assim seu olhar diverso, quase estrangeiro, se mostra fortemente amalgamado ao olhar que habita, revelando seu encantamento pelo entorno”. Lygia acrescenta que esse é apenas o ponto de partida para sua imaginação. “Sem abrir mão de sua identidade e da forte influência recebida em sua formação colombiana, a artista constrói em suas obras um espaço afetivo, restituído pela memória, por meio de uma fatura delicada e rigorosa. O uso controlado das cores em pinceladas insistentes ressalta a narrativa intrigante que evidencia a representação do espaço, interesse primeiro nessas obras”. A representação escolhida por Angie, segundo a curadora, é a do pertencimento como um instrumento poderoso de intervenção no espaço. “A partir dele nos convida a compartilhar sua busca por uma origem comum entre seus sonhos e o de seus personagens”, afirma.
No CIS-Guanabara, o evento, com a coordenação da agente cultural Maria Cristina Amoroso Lima Leite de Barros, tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), da Unicamp. O CIS fica à Rua Mário Siqueira, 829, Botafogo, Campinas (estacionamento gratuito no local). A mostra pode ser vista na galeria, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 20h00 e aos sábados e domingos das 9h00 às 17h00.
(Amarildo Carnicel)