Diante da pergunta, “porque o gesto?”, emerge a resposta, uma espécie de definição, de justificativa pela opção desse recorte do olhar: “O gesto humano, representacional, pode ser visto como um elo entre a ação e a mente. Nem mesmo o gesto de primatas não humanos, que, sem dúvida, têm propósitos comunicativos, exibem esse elo. Em grandes linhas, essa é a singularidade do gesto”. É esse o sentimento representado na exposição fotográfica O Singular do Gesto assinada pelo professor Edson Françozo, que será aberta no próximo dia 17, às 18h00, na Galeria do CIS-Guanabara. A entrada é franca.
Durante a mostra o espectador poderá percorrer por 27 imagens, todas em preto e branco, produzidas basicamente em três situações: gestos de mãos no trabalho artesanal, na dança, como forma de comunicação, e na expressão da fé religiosa. Segundo o autor, a ideia de focar os gestos manuais nasceu a partir de um trabalho que desenvolve desde 2004 no ateliê do ceramista Afrânio Montemurro.
Inicialmente, o autor pretendia apenas documentar o trabalho artesanal com argila. Ao longo do tempo, revendo as fotos, explica Françozo, o tema do gesto emergiu. E não apenas na cerâmica. “Percebi que, em várias outras situações, eu dirigia a câmera para as mãos. Assim foi durante a visita, de interesse documental e não devocional, a Juazeiro do Norte, terra de Padre Cícero, em 2014”. Da mesma maneira, esse olhar direcionado materializou-se ao fotografar ensaios e apresentação da peça Descobertas, de Jônatas Manzolli, da Unicamp, em 2016. “O foco nas mãos, apresentado nessa mostra, é um recorte do trabalho que venho desenvolvendo há 15 anos”, afirma.
Atualmente aposentado, Françozo desenvolveu suas atividades universitárias no Departamento de Linguística (IEL) e no Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE), ambos na Unicamp. Ele esclarece que sua produção fotográfica não tem relação direta com a atividade acadêmica. “É um interesse que nasceu paralelo à atividade profissional e que se desenvolve agora como uma ocupação de tempo integral”. Todas as fotos que serão expostas no CIS-Guanabara são inéditas. O Singular do Gesto é a segunda mostra assinada pelo professor Edson Françozo. Em outubro de 2018 realizou a exposição Côncavo e Converso, na galeria AT|AL 609, em Campinas. O trabalho do ceramista de Campinas, Afrânio Montemurro, foi o foco da exposição.
No CIS-Guanabara, a mostra, com a coordenação da agente cultural Maria Cristina Amoroso Lima Leite de Barros, tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), da Unicamp. O CIS fica à Rua Mário Siqueira, 829, Botafogo, Campinas (estacionamento gratuito no local). A exposição pode ser vista na Galeria, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 20h00 e aos sábados e domingos das 09h00 às 17h00.