Bienal de dança tem apresentações nesse fim de semana no CIS-Guanabara

O Banho (Foto: João Caldas)
O Banho (Foto: João Caldas)

A partir do dia 13 de setembro, o CIS-Guanabara torna-se um dos principais palcos da 11ª. edição da Bienal Sesc de Dança. Serão 13 atividades distribuídas em espetáculos, performances e instalações com participação de artistas brasileiros e do exterior, proporcionando um panorama da dança contemporânea. As atividades começam na sexta-feira, às 20h00, com a performance Prodecimento 2 para lugar Nenhum, com a bailarina Vera Sala. No sábado, além de nova apresentação da mesma atividade, será realizada a instalação O Banho, às 18h30, com a bailarina Marta Soares. No domingo, atividade será apresentada novamente no mesmo horário. Também no domingo, às 17h00, ocorre a performance A Vida Enorme, com os bailarinos Emmanuelle Huynh e Nuno Bizarro.

Durante toda a semana, até o dia 22, outras apresentações acontecerão no CIS-Guanabara, fazendo do Centro Cultural da Unicamp um dos principais espaços da edição desse ano. A Bienal Sesc de Dança é uma realização do Sesc São Paulo com apoio da Unicamp e da Prefeitura Municipal de Campinas.  

Os espetáculos

De sexta-feira a domingo, três atividades ocorrerão nos palcos do CIS-Guanabara. Na sexta-feira e no sábado ocorre a performance Prodecimento 2 para lugar Nenhum. No sábado e no domingo será a vez da instalação O Banho. No domingo, acontece a performance A Vida Enorme.

Sexta e sábado, às 20h00

Em Prodecimento 2 para lugar Nenhum, a bailarina e pesquisadora Vera Sala dá continuidade ao seu percurso criativo que parte de questões propulsoras como incompletude, precariedade, errância, instabilidade, vazio e esgarçamento do tempo. É numa zona de incertezas, dissoluções e rupturas que acontecem seus processos, que não têm como objetivo a construção de uma obra, mas sim a criação de estados de derivas que se abrem para o inesperado, para atravessamentos e deslocamentos nos modos de pensar o corpo e criar dança.

Neste solo, Sala realiza microgestos com seu corpo. Numa espécie de suspensão do tempo entre um instante e outro, o corpo, nas palavras da artista, se exaure, se esvazia e dissolve seus contornos e limites. Desse esgarçamento surgem frestas de percepções e poéticas que expõem a precariedade da condição humana. “O silêncio, o desaparecimento e a inoperância se instauram não como passividade, mas como resistência”, diz a diretora e intérprete da obra.

As apresentações ocorrem sexta-feira e sábado, às 20h00, no Armazém. Os ingressos custam R$ 40,00 (inteira), R$ 20,00 (meia) e R$ 12,00 (credencial plena). Duração: 50 minutos. Recomendação etária: 12 anos

Sábado e domingo, às 18h30

O Banho é uma obra premiada pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), em 2004. Quinze anos após a sua criação, Marta Soares, nessa apresentação, faz uma revisita ao espetáculo. Como dançar o ponto de suspensão no qual nos encontramos entre vida e morte? Esta é uma das principais questões que a coreógrafa e bailarina aborda nesse espetáculo. Composta de elementos de dança, performance e vídeo, a instalação coreográfica propõe uma reflexão sobre a subjetividade de Dona Sebastiana de Mello Freire, a Dona Yayá. Mulher da elite paulistana, ao ser diagnosticada como doente mental, teve a sua casa parcialmente transformada em um hospital psiquiátrico privado e nela permaneceu isolada por ordens médicas entre 1919 e 1961, ano de sua morte.

Durante a apresentação, o corpo de Soares permanece imerso em uma banheira que, para a performer, seria a síntese da casa de Dona Yayá, ou seja, uma “banheira-casa-útero”. Já as imagens em vídeo projetadas durante a ação remetem à dissolução do corpo e à passagem do tempo. “Há uma relação paradoxal entre o meu corpo que se move em um espaço restrito, a banheira, mas que está simultaneamente em relação com todos os elementos que compõem o trabalho e que remetem a um espaço de fora, a casa da Dona Yayá”, comenta a artista, que explora via movimento os estados animado e inanimado do corpo tendo como referência as fotografias realizadas no hospital Salpêtrière, em Paris, durante os experimentos médicos dirigidos pelo psiquiatra Jean Michel Charcot (1825-1893). O Banho é, sobretudo, um ritual de limpeza, cura e uma homenagem à Dona Yayá e às mulheres que viveram ou vivem situações semelhantes a dela e resistem.

As apresentações ocorrem sábado e domingo, às 18h30, no Armazém. Os ingressos custam R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia) e R$ 9,00 (credencial plena). Duração: 50 minutos. Recomendação etária: 14 anos

Domingo, às 17h00

Concebido pela francesa Emmanuelle Huynh como um filme, a performance A Vida Enorme tem trilha sonora e coreografia apresentadas separadamente. No primeiro momento, uma gravação traz a conversa entre um homem e uma mulher. Os dois, que literalmente não se entendem por falarem línguas diferentes (português e francês), tentam construir um diálogo através da obra do poeta concretista português Herberto Helder. Flashs da canção Heroes, de David Bowie, também aparecem de tempos em tempos. “Ser um casal é uma situação diária heróica”, diz a coreógrafa e bailarina que performa ao lado do português Nuno Bizarro.

Depois, os dois de fato tomam a cena com seus corpos. Em silêncio, eles traçam trajetórias autônomas e se encontram quatro vezes. O casal busca um equilíbrio físico que não seja uma harmonia linear, mas uma negociação. “É uma maneira de encenar um relacionamento humano em termos de peso, contatos físicos e tensões”, explica Emmanuelle.

Entre diversas camadas, o trabalho investiga como uma forma (a dança) não ilustra outra (a poesia), mas, por meio de alguns componentes de uma terceira forma (o cinema), propõe uma imagem que permite a circulação entre poesia, luz, som e corpos. Nesta história difusa, a linguagem e o corpo celebram a matéria do mundo e sua opacidade.

A apresentação ocorre no domingo, às 17h00, na Gare. Os ingressos custam R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia) e R$ 9,00 (credencial plena). Duração: 55 minutos. Recomendação etária: 14 anos

No CIS-Guanabara, o evento, com a coordenação da agente cultural Silvana Di Blasio, tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), da Unicamp.

Serviço:

BIENAL SESC DE DANÇA

De 12 a 22 de setembro – Campinas (SP).

Sesc Campinas (Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim, Campinas. Telefone (19) 3737-1500) e outros espaços da cidade.

Consulte a programação completa e vendas de ingressos no site  www.sescsp.org.br/bienaldedanca.

O CIS fica à Rua Mário Siqueira, 829, Botafogo, Campinas (estacionamento gratuito no local).

 

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