Câmera pinhole é tema de palestra no CIS-Guanabara

O fotógrafo Edson Françozo fala de memória e estética na fotografia a partir da câmera pinhole

A fotografia resultante de câmera pinhole, técnica que remete aos primórdios da arte fotográfica, pautará a próxima reunião do NUFCA (Núcleo de Fotografia de Campinas) que será realizada no próximo dia 24, às 19h30, na Sala Multiuso 3 do CIS-Guanabara. A palestra, intitulada “Margens: fotografia com câmera obscura”, será proferida pelo fotógrafo e professor aposentado de Linguística da Unicamp, Edson Françoso, que discorrerá sobre seus ensaios que transitam nas áreas da memória e estética na fotografia. O evento, aberto ao público, tem entrada franca.

Durante a exposição, Edson Françozo apresentará dois ensaios fotográficos. O primeiro será “Intervalos da Memória”, com imagens pensadas a partir da leitura do livro de antropologia, The Comfort of Things, de Daniel Miller. Segundo Françozo, Miller investiga o que chama de cultura material. “Isto é, ele fala do sentido cultural de que os artefatos se revestem”, diz. Especificamente, ele estudou os objetos que as pessoas têm em casa com o fim de identificar os elos culturais de que esses objetos se revestem.

O segundo ensaio, “Margens”, procura tirar proveito do grande contraste das imagens com câmera obscura para investigar os limites sutis entre sombra e luz. “A pergunta, neste caso, é: quanto de sombra [e não de luz] é preciso? O que se pode divisar na sombra, ou melhor, o que há nas margens da grande luz? Também aqui a ideia de margens, fronteiras, é central para o trabalho do espectador e, assim, ir além do que a imagem contém”, explica.

Segundo Françozo, há duas razões que o motivaram a utilizar o pinhole para fazer o ensaio. “A primeira porque é uma técnica fotográfica alternativa, que remonta aos primórdios da fotografia e das artes visuais, portanto, harmoniza-se com a ideia de trabalhar a memória. A segunda porque o foco extremamente suave, com as tremidas causadas por longas exposições manuais, contribuem para um clima de imprecisões, fronteiras fluidas que convidam o espectador a ir além do quadrilátero da foto”, explica.

Edson Françozo desenvolveu o fascínio pela fotografia há muito tempo. Nos últimos anos transformou o desejo em prática artística. Sua formação se fez por estudos com Fábio Fantazzini, Emidio Luisi e Afrânio Montemurro. Expôs na antiga Galeria Aquarela (2013; “Fotografia e Encáustica” com curadoria de Afrânio Montemurro ), no Espaço Anma (2014; “Luzcontraluz” com curadoria de Afrânio Montemurro), na Galeria AT|AL (2018; "Côncavo e Converso” com curadoria de Andrés I. M. Hernandez), no CIS-Guanabara (2019, “O Singular do Gesto“) e no Subsolo (2020; "Intervalos da Memória” com curadoria de Andrés I.M. Hernandez). Atualmente tem como foco de trabalho a fotografia de palco e trabalho autoral com câmeras obscuras (pinholes). A exposição “Intervalos da Memória” foi realizada com câmera obscura.

No CIS-Guanabara, a palestra, com a coordenação da agente cultural Maria Cristina Amoroso Lima Leite de Barros, tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), da Unicamp. O CIS fica à Rua Mário Siqueira, 829, Botafogo, Campinas (estacionamento gratuito no local).

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