Um dos principais centros de detenção e tortura da ditadura militar no Brasil, o complexo de prédios que compõe o DOI-Codi, em São Paulo, é objeto de uma ação civil pública para a criação de um memorial.
O documentário “Arqueologia no DOI-Codi, rompendo o silêncio” apresenta parte do trabalho realizado por equipes coordenadas pelo Grupo de Trabalho Memorial DOI-Codi, entre 2 e 14 de agosto de 2023, durante as escavações arqueológicas realizadas no complexo, e parte das visitas guiadas de autoridades, sequestrados políticos e comunidade.
A pesquisa sobre os vestígios e a materialidade do período da ditadura — em que cerca de 7 mil pessoas passaram pelo DOI-Codi — é realizada por meio da parceria entre três universidades: Unicamp, UFMG e Unifesp, que atuam em diferentes frentes de arqueologia.
A Unicamp atua com a equipe de arqueologia pública, ligada ao Laboratório de Arqueologia Pública (LAP), sob coordenação da professora Aline de Carvalho. Na UFMG, a coordenação das escavações arqueológicas é do professor Andrés Zarankin, e a professora Cláudia Plens, da Unifesp, é responsável pela equipe de arqueologia forense.
As equipes da Secretaria Executiva de Comunicação acompanharam as escavações arqueológicas, as visitas guiadas, os objetos encontrados e os depoimentos dos sequestrados políticos sobre suas histórias pessoais de horror e tortura vividas no complexo do DOI-Codi, bem como a visita deles ao LAP em 4 de março de 2024.
O termo “sequestrados políticos” foi usado para se referir às pessoas que passaram pelo DOI-Codi. As vítimas de encarceramento arbitrário e tortura alegam não poder ser chamadas de ex-detentos(as) porque o órgão de repressão atuava clandestinamente.
O documentário conta ainda com a participação do professor e historiador Pedro Paulo Funari, que contextualiza o período da ditadura militar, iniciado com o golpe de 1964, ressaltando o desconhecimento que se verifica, hoje, 60 anos depois, deste triste capítulo da história brasileira.
(Hebe Rios)
Edição de imagem: Paulo Cavalheri
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