Para o cientista político André Kaysel, o fenômeno se ancora numa falsa ‘ameaça comunista’ para combater o potencial emancipatório do regime democrático
Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela extrema-direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Por que essas ideias ainda têm força, mesmo sem um histórico de um projeto comunista que tenha chegado ao Estado? Para o cientista político e professor da Unicamp André Kaysel, “uma das possíveis chaves de interpretação é que o anticomunismo fornece um ponto de unificação das direitas na sua heterogeneidade”. Em entrevista, o pesquisador analisa a persistência desse fenômeno na América Latina e como o discurso anticomunista, na realidade, carrega uma ameaça à própria democracia. “Criminalização do comunismo” e “Tribunal militar para julgar e prender os comunistas” são algumas das faixas que carregam manifestantes de direita nos acampamentos antidemocráticos formados por pessoas que não aceitam a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. Os discursos afinam-se com os do próprio presidente, que em sua posse, em 2019, afirmou que “nossa bandeira jamais será vermelha” e que, se necessário, haveria derramamento de sangue para impedir que isso ocorra.
Ideias como essas, para Kaysel, retornaram com força e servem “como um ponto de coesão de demandas que são muito diferentes entre si, mas que encontram nele a criação de um inimigo comum que as unifica”. Segundo o professor, “o anticomunismo vira um outro nome do ódio à democracia e do potencial emancipatório que [a democracia] sempre teve em alguma medida”. Analisando esses posicionamentos, Kaysel retoma suas origens, relacionadas majoritariamente a 1917, ano da Revolução Russa, e aponta seus dois principais alicerces: as Forças Armadas e a Igreja. Ainda que tenham ocorrido disputas internas nessas instituições, o cientista político diz: “Isso não deve nos levar a subestimar a força e a importância da Igreja no sentido de ser uma força que levou o anticomunismo aos rincões mais distantes da América Latina, e nem o papel fundamental do Exército de, em nome do anticomunismo, impor golpes de Estado e regimes ditatoriais”.
Na percepção do professor, um dos países que é sempre mencionado no discurso anticomunista como ameaça – Cuba – “não tem condições e nem a intenção de influenciar processos revolucionários em parte alguma. E a Venezuela mal começa a se recuperar de um desastre econômico na última década”. Para ele, ainda, a associação entre o anticomunismo e o antipetismo é paradoxal, já que “o PT [Partido dos Trabalhadores] é um partido moderado e que foi muito moderado no poder”.
Kaysel também comentou por que a ideologia anticomunista não deve sustentar um golpe no Brasil: “Falta apoio dos setores importantes da burguesia brasileira, como ocorreu sobretudo em 1964, e falta apoio externo, o que também ocorreu em 1964, com os Estados Unidos”. Pressões feitas pelos Estados Unidos para que países rompam relações com a China e a Rússia, um assunto também tratado pelo professor, criam novamente uma lógica de Guerra Fria prejudicial aos países latino-americanos. “Nós não temos tempo para perder com isso. Temos problemas demais para suportarmos outra bipolarização que nos exija um alinhamento distante dos nossos reais problemas”, explica. Em síntese, conclui Kaysel, “o anticomunismo é uma força do atraso na América Latina”.
Confira a entrevista na íntegra:
Jornal da Unicamp: Quais são as raízes do anticomunismo na América Latina e as características desse fenômeno no Brasil?
André Kaysel: O anticomunismo, tanto no Brasil como na América Latina, ao contrário do que muita gente pensa, não nasce na Guerra Fria e não é exportado unilateralmente pelos Estados Unidos. É claro que os Estados Unidos potencializam, reforçam e em parte organizam o anticomunismo durante a Guerra Fria, inclusive com seus meios de propaganda, de comunicação de massa e financiamento. Mas ele se retroalimenta de tradições nacionais que são muito anteriores, desde pelo menos a recepção da Revolução Russa na América Latina, que além de evidentemente atrair simpatizantes que vão formar os primeiros partidos comunistas ao longo sobretudo da década de 20, também já traz seus primeiros adversários. Num país como o México, talvez de maneira peculiar, por ter vivido uma revolução social de grandes proporções antes da Revolução Russa, a Revolução Mexicana de 1910, ele [o anticomunismo] tem uma raiz anterior e mais profunda.
Mas, em grande parte da região, 1917 é um marco, e vai ter força maior ou menor, dependendo do país e da força que os partidos comunistas e a esquerda tenham ou não, a depender do contexto. Ainda que mutuamente constitutivos, como enfatiza Ernesto Bohoslavsky, um colega argentino que estuda o fenômeno há mais tempo que eu, o anticomunismo e o comunismo têm uma relação que não necessariamente é proporcional.
O anticomunismo, com frequência, assume um papel preventivo mais do que reativo. Em alguns contextos ele é reativo, como a reação da direita chilena à ascensão da irmandade popular do governo [Salvador] Allende no início dos anos 1970. Mas em outros é claramente preventivo, como na ditadura [Alfredo] Stroessner no Paraguai, fortemente anticomunista diante de um partido comunista relativamente fraco ao longo de 35 anos. Isso varia um pouco de país para país, mas há tradições nacionais estabelecidas que, no limite, remetem a pelo menos duas estruturas presentes em toda a região, bem capilarizadas e que são alicerces tradicionais da ordem, como bastiões do anticomunismo: o Exército – as Forças Armadas – e a Igreja Católica. Ainda que no caso tanto da Igreja como do Exército, haja oscilações dependendo do país [analisado].
No Brasil, há uma tradição, por exemplo, de militares comunistas, que até 1964 ainda era expressiva, ainda esses militares fossem minoritários, dentro do Exército. A Igreja Católica, por outro lado, deu origem, depois do [Concílio] Vaticano II, a uma Teologia da Libertação que bagunçou um pouco o meio de campo e criou uma disputa dentro da Igreja entre direita e esquerda. Mas isso não deve nos levar a subestimar a força e a importância da Igreja no sentido de ser uma força que levou o anticomunismo aos rincões mais distantes da América Latina e nem o papel fundamental do Exército de, em nome do anticomunismo, impor golpes de Estado e regimes ditatoriais, uma doutrina de segurança nacional etc.
JU: O discurso da ameaça do comunismo é ainda muito forte no Brasil, ainda que os governos mais progressistas não tenham se aproximado de uma política comunista. Como você avalia a mobilização desse discurso atualmente? Com que fins ele tem sido utilizado?
André Kaysel: Um quebra-cabeça que a gente ainda está tentando montar é entender como o discurso do anticomunismo retorna com tanta força 30 anos após a dissolução da União Soviética e do antigo campo de Estados socialistas. É certo que na América Latina ainda existe Cuba, que é um Estado nominalmente [socialista] e que, pode-se dizer, em alguma medida segue sendo socialista, no sentido do socialismo do século passado, e que tem ainda uma certa mística por parte da esquerda latino-americana pela resistência ao Imperialismo e que, por outro lado, retroalimenta o anticomunismo norte-americano.
Pode-se ainda falar da retórica do chavismo na Venezuela, muito associada também a Cuba, e que cumpre um papel de reforçar essa retórica anticomunista. Não é à toa que, sobretudo em países hispano-americanos, se fala muito em castro-chavismo para estigmatizar candidaturas de esquerda, algumas delas muito distantes inclusive da Venezuela e de Cuba, como foram os casos do Gabriel Boric [no Chile] e de [Gustavo] Petro na Colômbia, ainda que neste caso menos já que Petro é ex-guerrilheiro e há um estigma mais forte a esse respeito. Em relação ao PT no Brasil, se fala menos de castro-chavismo e mais de bolivarianismo. Em todo caso, Cuba, hoje, sem a União Soviética como aliada, é um país que vive na defensiva o tempo todo e não tem condições e nem a intenção de influenciar processos revolucionários em parte alguma. E a Venezuela mal começa a se recuperar de um desastre econômico na última década.
Então parece um pouco absurdo, em um primeiro momento, que isso [o anticomunismo] volte com força sendo que, no caso da quase totalidade dos governos progressistas da região, não houve a intenção de, por exemplo, socializar os meios de produção, de implantar regimes socialistas em sentido estrito. Em lugar nenhum. Mesmo na Venezuela, isso é muito duvidoso.
Na Bolívia há casos de governos com uma retórica um pouco mais radical. Mas nos demais, como o Brasil e o Uruguai, isso seria completamente absurdo. Isso poderia nos levar a desqualificar a seriedade do fenômeno, mas dada a sua difusão massiva, a sua persistência e a sua reprodução no tempo, não dá para desqualificar a seriedade. É preciso enfrentar esse problema.
Uma das possíveis chaves de interpretação é que o anticomunismo fornece um ponto de unificação das direitas na sua heterogeneidade. Ele serve como um ponto de coesão de demandas que são muito diferentes entre si, mas que encontram nele a criação de um inimigo comum que as unifica. Demandas por respeito absoluto à propriedade privada, pela coesão da família e o respeito absoluto ao poder do patriarca, pela ideia de ordem, de hierarquia e, claro, uma ideia de Deus e de uma ordem cristã que não necessariamente hoje é tão católica. No Brasil, os evangélicos nas últimas décadas ganharam um peso muito grande e o anticomunismo é muito forte nesse meio desde o final da ditadura militar.
O outro ponto é que o anticomunismo vira um outro nome do ódio à democracia e do potencial emancipatório que [a democracia] sempre teve em alguma medida, ainda que limitada pela sua articulação a uma ordem liberal burguesa nos últimos dois séculos. Mas a democracia tem esse potencial que os anticomunistas às vezes sabem identificar melhor que a própria esquerda, no sentido de promover um governo da maioria, a inclusão de setores que não têm voz, de limitar o arbítrio e o poder do poder econômico, de limitar o arbítrio do poder patriarcal.
Não é fácil você dizer que é antidemocrático no mundo em que vivemos. Agora, se você disser que é democrata, de verdade, e que você apenas combate o comunismo que tenta voltar, aí você tem mais legitimidade para apresentar um discurso que, no fundo, é antidemocrático. Essa é a outra perna da explicação. Além de ser uma caixa de ferramentas útil porque já é conhecida. Como o anticomunismo é uma tradição bem estabelecida num país como o Brasil – Rodrigo Sá Mota no livro dele Em Guarda Contra o Perigo Vermelho explora isso bem –, criou-se uma tradição local do anticomunismo. Ele acaba ficando ali como uma caixa de ferramentas a que, em momentos de crise ou de polarização, a direita sempre pode apelar porque ressoa na memória coletiva.
JU: E no Brasil é um fenômeno muito associado ao antipetismo…
André Kaysel: Exato. É paradoxal isso porque o PT é um partido moderado e que foi muito moderado no poder. Mas ele nunca renegou símbolos da esquerda: a cor vermelha, a estrela. Não tem a foice e o martelo, embora tenha um aliado histórico, o PCdoB [Partido Comunista do Brasil], que aí assim. E ainda que [o PCdoB] seja um partido pequeno, que mantém uma presença muito marginal no imaginário brasileiro, ele ocupou cargos no governo [petista], está ali como aliado histórico do PT. Mas o PT como partido tem a simbologia da esquerda, de organização sindical, com a figura do Lula como líder sindical, e nunca renegou as relações com Cuba ou com a Venezuela. Mesmo quando muito aconselhado a fazer isso em nome da prudência eleitoral, mantém essas relações internacionais via Foro de São Paulo, cuja importância é imensamente exagerada por [Olavo de] Carvalho e seus seguidores.
Tudo isso contribui para manter no imaginário da direita a suspeita de que o PT é criptocomunista ou abertamente comunista, ainda que suas políticas efetivas, que é o melhor critério para julgar o que ele é ou não, estejam em termos de uma social-democracia bastante moderada.
JU: Sobre perspectivas, você acredita que o discurso da ameaça comunista poderia sustentar rupturas com a democracia?
André Kaysel: Historicamente, sustentou. Remetendo de novo ao livro do Rodrigo Sá Motta, as duas grandes ondas anticomunistas que ele identifica no século 20 – de 1935 a 1937 e de 1961 a 1964 – levaram a duas rupturas. Ao golpe do Estado Novo, legitimado pelo anticomunismo com a farsa do Plano Cohen, em que Getúlio Vargas, em acordo com a cúpula das Forças Armadas, instaura o Estado Novo. E depois o golpe de abril de 1964, ironicamente contra um “herdeiro” de Vargas, que era o João Goulart. Esses dois movimentos mostram que o anticomunismo tende a isso.
A intenção, por parte do bolsonarismo, seria essa. Se vai conseguir ou não, é outra questão. Acredito que as chances de que não consiga hoje são maiores, porque falta apoio de setores importantes da burguesia brasileira, como ocorreu sobretudo em 1964, e falta apoio externo, o que também ocorreu em 1964, com os Estados Unidos.
Os Estados Unidos agora sinalizam na direção contrária. Por mais que tenham suas reservas em relação à independência do Lula no plano da política externa, às suas relações com a Venezuela e a China, os norte-americanos, sobretudo no governo [Joe] Biden, não querem arriscar apoiar um aliado de primeira hora de Donald Trump, o Bolsonaro.
Os Estados Unidos hoje têm problemas internos maiores do que tinham durante a Guerra Fria, com um grau de consenso bastante frágil. Por problemas internos e externos, não vai apoiar. E aí fica difícil as Forças Armadas tomarem a decisão de bancarem uma ruptura. E sem as Forças Armadas, as polícias, por exemplo, não farão algo muito decisivo nessa direção.
Mas a ameaça fica. O próximo governo vai viver sob uma Espada de Dâmocles, com Forças Armadas politizadas, partidarizadas e hostis. E o anticomunismo é parte disso. Se observarmos todos os documentos e pronunciamentos do Instituto Sagres, o Projeto de Nação, as falas do [general Eduardo] Villas Bôas e as falas dos militares, não só os da reserva, mas os da ativa e do governo, a ideia do inimigo interno, que é um elemento chave da Doutrina de Segurança Nacional muito associado ao anticomunismo, permeia esses discursos o tempo todo. Para eles, o inimigo está dentro, o inimigo é a esquerda, o inimigo são os movimentos sociais, novos e velhos. O inimigo é a própria democracia. Esse inimigo interno continua orientando o imaginário deles e isso vai ser um grande problema.
JU: E de que forma a religião tem sido mobilizada hoje nesses discursos e práticas que tratam de uma suposta ameaça comunista?
André Kaysel: A religião é uma chave. O anticomunismo, sobretudo na versão da extrema-direita, não tanto na dos liberais, mas sobretudo na dos conservadores e em particular na da extrema-direita – fascistas, neofascistas, seja lá como chamemos – teve sempre um aspecto de cruzada do bem contra o mal. Isso, aliás, associa o anticomunismo a uma tradição muito anterior, que, no limite, é a reação à própria Revolução Francesa. E por isso também essa associação que eu fiz do anticomunismo com o horror à democracia. Associa-se a reação católica ultramontana à Revolução Francesa, com a ideia de um embate dos exércitos de Cristo contra o demônio do ateísmo, do racionalismo, mas que hoje não é como foi no passado, como algo próprio ao meio católico, embora uma direita católica siga existindo e seja relevante e importante, inclusive como oposição e controle interno às tentativas de reforma do Papa Francisco e que promove alianças ativas com os evangélicos em nome de uma unidade da direita cristã.
Isso é algo que se forjou na Guerra Fria, em diferentes lugares e em diferentes e momentos e que segue sendo importante para criar uma direita religiosa internacional. Steve Bannon, por exemplo, não é um católico, não é um evangélico, mas os evangélicos hoje são uma base importante para esse anticomunismo de fundo religioso especificamente. É uma história muito ligada aos Estados Unidos, ao peso que essas igrejas tiveram, por exemplo, na guerra antissubversiva na América Central. Inclusive no ataque à Teologia da Libertação em países como El Salvador e Guatemala, onde a presença evangélica, na Guatemala em particular, é bastante expressiva.
No Brasil, no final da ditadura, como alternativa à Igreja Católica, que pendia naquele momento à esquerda, a ditadura buscou uma primeira aproximação com os evangélicos. Há um estudioso, um historiador norte-americano, Benjamin Cowan, que anda estudando isso e comparando o Brasil com os Estados Unidos. É importante o papel da religião, porque mobiliza imagens também muito fortes, como a guerra do bem contra o mal, que agora Michelle [Bolsonaro] e Jair Bolsonaro utilizam o tempo todo. Essa ideia de cruzada contra o demônio, contra os exércitos do demônio é forte na tradição anticomunista em alguns dos seus aspectos e, por outro lado, apela muito a uma fatia grande da população.
JU: Potências mundiais, notadamente os Estados Unidos, tiveram um papel nos golpes militares do século XX que buscavam se justificar pela ameaça comunista na América Latina. Como essas potências reagiram aos governos de esquerda e centro-esquerda na América Latina e como podem se comportar se houver uma nova supremacia desses governos?
André Kaysel: Essa é uma questão interessante. De fato, os Estados Unidos foram decisivos na América Latina no sentido de apoiar ditaduras nos anos 1960 e 1970. No final desse período, começam a tomar uma distância [disso], porque viram que [esses regimes] não tinham mais serventia, sobretudo no governo [Jimmy] Carter, com atritos por conta da política de direitos humanos. Há uma reaproximação [em relação às ditaduras] no governo [Ronald] Reagan, mas aí as ditaduras já estão muito fragilizadas internamente na maioria dos casos.
Com a onda de governos progressistas na região, a primeira onda, em alguns casos essa retórica retorna, sobretudo em relação à Venezuela. O governo [Donald] Trump reforçou isso muito pelo ângulo da extrema-direita, falando da troika do mal – Cuba, Venezuela e Nicarágua –, pela maneira como se articulou o apoio internacional ao golpe na Bolívia contra Evo Morales em 2019. O governo Biden representa uma versão liberal disso. Não é a mesma coisa. Ele reforça mais o lado dos direitos humanos, na crítica à Venezuela e à Nicarágua. Tenta uma aproximação com governos como o de Boric, no Chile. Não terá más relações com governos como Petro e Lula, em princípio.
O problema é que os Estados Unidos querem nos impor mais uma vez uma lógica de Guerra Fria em que nós temos que nos afastar da Rússia e sobretudo da China, que para eles é o maior problema geopolítico na região. E, nesse sentido, o anticomunismo é um bom instrumento de propaganda, menos pelas características econômicas da China e mais pelo seu regime político.
Agora, cá entre nós, isso disse um especialista em relações internacionais argentino, Juan Gabriel Tokatlian: a América Latina não pode suportar uma nova Guerra Fria. Nós não temos tempo para perder com isso. Temos problemas demais para suportarmos outra bipolarização que nos exija um alinhamento distante dos nossos reais problemas como estávamos nos anos 1960 e 1970, quando nossos problemas eram reforma agrária, desenvolvimento, a formação de um capitalismo nacional, a inclusão dos trabalhadores. Agora de novo, em outros termos e com novos problemas ambientais, sanitários e a velha desigualdade social. O anticomunismo é uma força do atraso na América Latina. Em resumo é isso: é a vanguarda do atraso.