Audiodescrição: Imagem colorida de uma gota de água projetando uma planta no fundo.

A coluna Ambiente e Sociedade é um espaço de discussão crítica e analítica sobre as questões ambientais contemporâneas, dando ênfase às problemáticas concernentes às transformações para sociedades sustentáveis. Dentre outros, são abordados temas como mudanças climáticas, políticas públicas ambientais, biodiversidade, degradação ambiental urbana e rural, energia e ambiente, Antropoceno, movimentos ambientalistas, desenvolvimento e sustentabilidade, agricultura sustentável e formação de quadros na área.

Emergência Climática: o que a universidade deve fazer para enfrentá-la JÁ?

Edição de imagem

O climatologista-chefe da NASA, Gavin Schmidt, emitiu um alerta preocupante sobre o aquecimento global, afirmando que o mês de julho de 2023 pode ter sido o mais quente em centenas ou milhares de anos. Registros diários de calor têm sido quebrados recentemente na União Europeia, na América Latina e na Ásia, e a previsão é de temperaturas ainda mais altas para o ano de 2024. Schmidt destacou que o aumento das temperaturas não pode ser atribuído apenas ao fenômeno climático El Niño, pois há a possibilidade de uma tendência de alta constante devido ao contínuo lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera.

Essa escalada das ondas de calor tem tido impactos devastadores em diversas regiões do Hemisfério Norte nos últimos anos, resultando em queimadas e situações críticas em países como Estados Unidos, Canadá, Japão e várias nações europeias. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que as ondas de calor estão diretamente relacionadas ao aumento de mortes e são consideradas um dos desastres naturais mais perigosos, embora nem sempre os danos sejam imediatamente aparentes. O cenário descrito pelos cientistas reforça a urgência de medidas globais para enfrentar as mudanças climáticas e reduzir a emissão de gases de efeito estufa, visando evitar os impactos catastróficos previstos para o futuro.

No Brasil, onde já ocorreram 11 extremos climáticos desde 2021, precisamos de novas soluções de resiliência para além dos sistemas reativos que sejam capazes de mudar a maneira como desenvolvemos nossas cidades, com estruturas transformadoras, antecipatórias e com engajamento popular.

Neste mês de agosto, reuniremos pesquisadores e cientistas para discutir um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta: a emergência climática. Nos últimos anos, testemunhamos uma série de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas, incêndios florestais e furacões cada vez mais intensos. Esses eventos não são apenas um sinal do que está por vir — com intensidade acentuada e crescente, como apontam cálculos científicos —, mas também um alerta para a necessidade de agir com urgência.

A complexidade e a urgência do problema exigem que as diversas instâncias da sociedade estejam bem-informadas, identifiquem suas necessidades e responsabilidades e se engajem em ações eficazes e seguras local e globalmente. Neste contexto, como exatamente as universidades podem contribuir para enfrentar a emergência climática? Elas podem desenvolver pesquisas avançadas em ciências ambientais, energia renovável e sustentabilidade em geral, bem como se engajarem em ações de extensão para educar a comunidade sobre questões ambientais.

Além disso, as universidades podem também liderar a transição para uma economia de baixo carbono, trabalhando com empresas, governos e outras organizações para criar soluções inovadoras para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

No entanto, é importante destacar que enfrentar a emergência climática não é uma tarefa fácil e requer uma abordagem interdisciplinar, multinível e multiatores. As universidades precisam trabalhar em colaboração com outras instituições e organizações, engajando-se com a sociedade em geral para criar uma mudança real e duradoura.

Por sua amplitude, sua representatividade social, sua diversidade de pensamento e seu compromisso com a cidadania e a cultura dos direitos, as comunidades universitárias podem fazer a diferença no enfrentamento a esse decisivo desafio global. Nesse sentido, nós, da Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) da Unicamp, organizamos o “Seminário Internacional Emergência Climática: o que a universidade deve fazer para enfrentá-la JÁ!”, que acontecerá nos dias 14, 15 e 16 de agosto de 2023, no auditório Zeferino Vaz do Instituto de Economia da Unicamp.

O evento pretende discutir a melhor forma de transversalizar já o assunto da emergência climática dentro da universidade — no ensino, na pesquisa, na extensão e na gestão —, gerando subsídios para que ela se torne protagonista no enfrentamento a esse desafio global.

Pretendemos discutir a emergência climática nas universidades como resposta institucional necessária para produzir o alinhamento entre formação, pesquisa e políticas públicas e a crise ocasionada pelas mudanças ambientais globais, de maneira que participemos da garantia de presente e futuro sustentáveis para o planeta.

As respostas à Emergência Climática serão entendidas neste evento como as transformações institucionais que a universidade realiza e deve realizar em suas atividades — tal como o movimento espontâneo e ainda desconexo que já se verifica nas atividades de pesquisa — e como a mudança cultural que servirá de fundamento para a compreensão e a adesão da comunidade a novas maneiras de pensar o mundo.

No evento, serão discutidas as seguintes dimensões da proposta:

1. Como fomentar a troca e a cooperação técnico-científico-cultural da comunidade em torno das demandas da emergência climática;

2. A divulgação do papel da interação entre técnicas científicas e as tecnologias sociais e cultural no enfrentamento às mudanças climáticas;

3. O inventário de comportamentos, atitudes e ações coletivas em andamento na sociedade inspiradoras de formas alternativas de pensamento e criação;

4. O debate de políticas públicas de apoio à sustentabilidade da pesquisa realizada na universidade e seu papel na formação;

5. O compartilhamento de experiências de sustentabilidade com outras instituições de ensino e pesquisa;

6. A garantia de voz à comunidade e a motivação ao engajamento; o incentivo à criação de consensos favoráveis à transformação da universidade tendo em vista as demandas apresentadas pelas mudanças climáticas.

No evento, estarão representadas várias universidades brasileiras e do exterior, como Harvard (EUA), Universidade Eduardo Mondlane e Universidade Rovuma (Moçambique), Universidade de Amsterdã (Holanda), além de Elsevier Research Networks e órgãos governamentais como Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Embrapa, Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e organismos multilaterais como a ONU.

Contamos com a presença da comunidade local, nacional e internacional para discutir o fortalecimento de nossa participação na construção de um caminho que garanta o direito à vida e um futuro com justiça ambiental para todas as pessoas!

Evento: 

Emergência Climática: o que a universidade deve fazer para enfrentá-la JÁ?

Local: Auditório Zeferino Vaz do Instituto de Economia da Unicamp

Quando: 14, 15 e 16 de agosto de 2023.

Organização: Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambienta (Camejal/DeDH)

Acesse formulário para inscrição. 

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Unicamp.


Leila da Costa Ferreira é professora titular do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e vice-presidente da Cameja/DeDH

Neri de Barros Almeida é professora titular do IFCH e membro da Cameja/DeDH

Sônia Regina da Cal Seixas é pesquisadora sênior do Núlceo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) e presidente da Cameja/DeDH

Davi Carvalho é jornalista e economista, especializado em comunicação pública e científica

twitter_icofacebook_ico