Prof. Luiz Carlos Dias | Foto: Antonio Scarpinetti

Luiz Carlos Dias é Professor Titular do Instituto de Química da Unicamp, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro da Força-Tarefa da UNICAMP no combate à Covid-19.

Ataques contra as vacinas para covid-19 são notícias assassinas

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O brasileiro gosta de vacinas! Nós temos o Programa Nacional de Imunizações (PNI), um modelo para o mundo, principalmente para os países com mais de 100 milhões de habitantes. O PNI vem resistindo bravamente a todos os ataques às vacinas contra a covid-19. Mesmo com o descompasso no combate a pandemia por parte do Governo Federal e a ausência de campanhas nacionais em massa para conscientização da população brasileira sobre a importância de se vacinar e manter as medidas não farmacológicas, nós estamos vencendo a ignorância e o negacionismo científico.

A população brasileira está aceitando as vacinas e dando de ombros para as fake News assassinas criadas pelo gabinete do ódio e pelos interesses escusos de grupos políticos, financeiros e religiosos, que estão se unindo ao famigerado movimento antivacinas, criminoso e irresponsável. Nessa luta nós contamos com ajuda de cientistas das várias áreas, humanas, exatas e sociais, divulgadores científicos, jornalistas e boa parte da imprensa, médicos que seguem a ciência e vários profissionais da saúde, ajudando a esclarecer a população brasileira. Estamos vencendo o medo, o ódio, a mentira, o vírus. Em todo esse processo contamos com a avaliação rigorosa de uma agência regulatória como a Anvisa, que permite a aprovação de vacinas.

Dados do dia 16/11/2021 mostram que 157.000.828 milhões de pessoas, ou 73,6% da população brasileira tomou a primeira dose das vacinas contra a covid-19, 125.512.839 milhões ou 58,87% estão com esquema vacinal completo e outros 12.105.402 milhões de pessoas, ou 5,67% da população tomaram a dose de reforço. Estes percentuais vão aumentar consideravelmente até o final do ano de 2021. A sociedade brasileira percebeu que há profissionais sérios e honestos do lado dela e apesar de todas as adversidades e das fake News, o brasileiro está mostrando que gosta de vacinas e entendeu que não há um mundo seguro sem covid-19, sem ciência e sem vacinas.

Mas ainda não acabou ...

E invertendo os valores daquele dito popular que diz “não tá morto quem peleia”, os negacionistas continuam atentos e de plantão. Eles ainda têm esperanças e continuam lutando firmes pelo objetivo deles de colocar medo na população, defendendo bandeiras políticas, questões religiosas e claro, seus interesses financeiros escusos, porque de altruístas e pessoas com espírito de solidariedade eles não tem nada.

Os defensores do kit precoce com as cloroquinas, ivermectina e azitromicina, junto com adeptos do movimento antivacinas, estão agora espalhando nas várias plataformas de mídias sociais, mentiras que as vacinas contra a covid-19 vão causar um surto de demência e casos de Alzheimer, além de várias outras fake News horrorosas. Os defensores das pseudociências e do charlatanismo estão, inclusive, organizando congressos para disseminar notícias falsas, eventos que são um verdadeiro show de horrores, um desfile de bizarrices. A maldade deles não tem limites e para defender sua visão de mundo, do qual a ciência não faz parte, eles mentem descaradamente. Espalham pelas redes sociais e causam estrago inflamando suas bases terraplanistas.

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Desde o início da pandemia, eles já inventaram absurdos inacreditáveis contra as vacinas, dizendo que vacinas causam autismo, que transmitem a covid-19, que transmitem o vírus HIV e causam AIDS e agora estão espalhando nas plataformas de mídias sociais que o alumínio contido na vacina CoronaVac causa demência. Motivados por questões políticas e sem qualquer evidência científica, estão criando mentiras cada vez mais sofisticadas contra a CoronaVac, uma das vacinas mais usadas no mundo e que vem salvando milhões de vidas.

A CoronaVac é uma vacina de vírus inativado e contém hidróxido de alumínio sim, não o alumínio metálico, como em algumas panelas, mas o íon alumínio 3+. Tanto o hidróxido de alumínio como outros sais de alumínio são usados em vacinas há mais de 50 anos; tem alumínio em pequeníssima quantidade nas vacinas da gripe e da hepatite B. Os componentes a base de alumínio são usados como adjuvantes para ajudar os antígenos das vacinas inativadas a despertar uma resposta mais robusta de proteção do sistema imunológico.

O hidróxido de alumínio é um dos adjuvantes mais usados e liberados para o uso em seres humanos em todo o mundo, é seguro e segundo inúmeros estudos científicos, não causa problemas de saúde nas pequenas quantidades utilizadas nas vacinas. A quantidade de alumínio existente na composição do corpo humano e a exposição diária por ingestão de alimentos, água e bebidas, além de cosméticos, protetores solares, cremes dentais, batons, antitranspirantes, é muito maior que a administrada na dose da vacina.

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Cada dose de CoronaVac é de 0,5 ml e contém 225 microgramas de hidróxido de alumínio [Al(OH)3], sendo que apenas 34,6% disto é íon alumínio, ou seja, 77,8 microgramas de íon alumínio por dose (os outros 65,4% são dos 3 grupos OH). Isso não é capaz de alterar de forma significativa a proporção de alumínio que uma pessoa já ingere diariamente, que é em média, cerca de 8000 microgramas por dia, ou seja, cerca de 35 vezes maior.

Se alguém usa suplementos alimentares, está ingerindo uma quantidade ainda maior de alumínio e outros íons metálicos. Mas isso eles não dizem para você, pois querem que você use esses produtos, aliás, algumas indústrias de suplementos alimentares fomentam o movimento antivacinas em outros países, defendendo que suplementos ajudam a aumentar a imunidade e ninguém precisa de vacinas (sic). E não vamos esquecer que as pessoas tomam apenas duas doses da vacina CoronaVac no intervalo de 28 dias e é só isso.

O raciocínio deles está ainda mais errado quando relacionam a concentração máxima tolerada de alumínio no sangue, pois uma coisa é a quantidade de íon alumínio na vacina, que é injetada por via intramuscular e outra coisa é a concentração plasmática de íon alumínio no sangue. Para que o alumínio se acumule no organismo, nós precisamos ter uma exposição frequente, o que não acontece com as vacinas, que são em duas doses espaçadas por 28 dias.

Nós temos processos de absorção, distribuição e eliminação daquilo que é administrado no organismo. A maior parte do alumínio absorvido é eliminado pelos rins. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere uma taxa de ingestão semanal tolerável de alumínio de 1mg/kg de peso corporal por semana. Um micrograma (cuja abreviação se faz com a letra gregra mícron, µg) equivale à milionésima parte do grama, ou 1/1.000.000 g. A conta dos antivacinas não fecharia nem se 100% da quantidade de alumínio da vacina fosse parar somente no sangue e de lá nunca saísse.

Ah, mas eles têm uma solução a oferecer para “curar” quem foi vacinado, para eliminar as vacinas do organismo, considerada por eles como venenos. Parece piada, mas não é não! Sabem qual é a solução dos farsantes? Usar ivermectina ou alguns suplementos alimentares ou ainda um tratamento à base de ozonioterapia. Aliás, os defensores da ozonioterapia no Brasil (vocês lembram da ozonioterapia retal para tratar covid-19?) continuam aí firmes atuando contra as vacinas, aliados a esse movimento criminoso antivacinas. Aí eles vêm oferecer essas alternativas milagrosas como “cura” para quem tomou as vacinas contra a covid-19. Eles não têm escrúpulos e querem te enganar e enganar seus pais, seus filhos, amigos, ludibriar todos e todas.

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Aí a minha cabeça, toda “bugada”, cheia de “nóia”, dá mais uns nós … e penso aqui: “se esse pessoal é tão inteligente, competente e altruísta, se eles conseguem prever doenças que serão causadas por essas vacinas, embora sem qualquer evidência científica, porque eles não conseguiram criar um medicamento para combater a covid-19, ou uma vacina sem íons alumínio, sem RNA mensageiro (que vou citar mais a frente neste texto), já que conseguiram criar uma alternativa para tirar os componentes das vacinas de dentro das pessoas?” É surreal demais, o que eles querem mesmo é ajudar o vírus e seus bolsos.

E gente, é o seguinte: se você felizmente colocou vacina aí no seu bracinho, já era, o seu sistema imunológico vai trabalhar para salvar tua vida caso você tenha contato com o vírus selvagem, o Sars-Cov-2, que já matou mais de 5.13 milhões de pessoas no planeta (sendo pouco mais de 611 mil pessoas no Brasil, embora bem subnotificados). Não existe isso de usar algo mágico para tirar componentes da vacina do seu organismo, o nosso organismo elimina naturalmente através do metabolismo no fígado, no intestino, nos rins, após o antígeno estimular o sistema imunológico para nos defender da doença e salvar nossa vida.

Não para por aí não, porque eles também estão espalhando a fake News de que a imunidade natural, adquirida pela infecção com o Sars-Cov-2 é a causa da melhora do quadro epidemiológico. Nós vimos o que aconteceu em Manaus, quando as autoridades optaram por acreditar na mentira assassina de que seria melhor deixar a população ser infectada para atingir uma suposta imunidade coletiva (que eles chamam de imunidade de rebanho). É uma mentira deslavada, pois para uma doença que mata, que deixa sequelas irreversíveis, é criminoso pensar em deixar a população ser infectada. As vacinas sim, são as responsáveis pela melhora na pandemia, junto com as medidas não farmacológicas, como uso de máscaras, medidas de lockdown e distanciamento físico, evitando locais fechados, com aglomeração e pouco ventilados, além dos hábitos de higiene das mãos.

Mas tem outra fake News medonha, em que em tom conspiratório, um jornalista diz que a Pfizer patenteou um sistema de rastreamento de vacinados por micro-ondas e óxido de grafeno, supostamente adicionado ao imunizante. De acordo com a falsa notícia, a vacina mantém as pessoas conectadas à internet e tudo seria parte de um plano para saber onde você está e reduzir a população mundial enviando doenças através de micro-ondas? Já existia a fake News dos microchips ou nano chips nas vacinas, que supostamente vão transmitir doenças através das antenas de 5G que estão chegando ao Brasil, para uma nave extraterrestre que estaria orbitando o planeta Terra ... Essas pessoas são doentes, gente, não é possível isso. Nenhuma vacina no mundo contém grafeno na composição, nem microchip ou nano chip.

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E tem outras mentiras como as que dizem que as vacinas são preparadas com pedaços de fetos abortados, que mulheres grávidas vacinadas estão abortando e que não será mais seguro andar de avião, pois pilotos estão tendo AVC ... E tem mais, dizem que as vacinas são venenos, que vai morrer tanta gente por causa das vacinas, que não vai ter lugar para enterrar os mortos ou não dará tempo de cremar, que vários países já desenvolveram uma técnica de hidrólise alcalina (sic) para dissolver os corpos e poder jogar nas redes de esgoto ou usar como fertilizantes. Eles não tiram essas fake News de nenhuma revista científica séria. Ela sai das redes de esgoto do gabinete do ódio. E eles falam isso em eventos e congressos da “esgotosfera”, a sociedade brasileira das fake News. Está aí nas redes sociais e uma hora vai chegar em você.

Ainda não para por aí não, pois agora eles também estão inventando a mentira de que as vacinas são fábricas de cepas, de variantes de atenção, porque produzem no nosso organismo, a proteína Spike ou espícula, do Sars-Cov-2. Como assim vacinados estão produzindo mais variantes? Claro que não gente, muito pelo contrário. A produção de pedaços da proteína Spike no nosso organismo ao tomar algumas das vacinas contra covid é de curta duração somente alguns dias após a vacinação e serve para estimular a resposta imune. Nós precisamos de pedacinhos da proteína Spike para treinar o nosso sistema imunológico para nos proteger do vírus real, selvagem, sem ter que precisar ter contato com o vírus real, o Sars-Cov-2, que mata, que deixa sequelas irreversíveis.

O RNA mensageiro das vacinas da Pfizer e da Moderna deve entrar na célula e lá, usando nossa maquinaria genética, vai produzir pedacinhos da proteína Spike e apresentar para o nosso sistema imunológico. É pura ciência salvando vidas. E outra coisa que eles não sabem, ou não querem que você saiba: a ciência tem evidências que o vírus sofre menos mutações em pessoas vacinadas, a capacidade evolutiva do vírus é menor em pessoas vacinadas, que quando infectadas, ficam com o vírus por menos tempo. Então, é mentira rasteira que as vacinas são fábricas de cepas. Isso só acontece no mundo imaginário das mentes doentias deles.

As variantes de atenção surgem quando pessoas infectadas transmitem o vírus para outras pessoas ao se replicar dentro do nosso organismo. Você impede isso vacinando o maior número de pessoas, como está sendo demonstrado no mundo real. As vacinas foram uma resposta absolutamente extraordinária da ciência e estão salvando bilhões de vidas, junto com as medidas não farmacológicas. Fato indiscutível é que graças às vacinas, as pessoas estão adoecendo menos, transmitindo menos e morrendo menos.

Com o avanço da vacinação no mundo inteiro, a pandemia começa a dar sinais fantásticos de melhora, menos internações, menos casos graves e menos óbitos. Segundo o site ourworldindata, já foram vacinadas com uma única dose, cerca de 4.4 bilhões de pessoas no mundo (7.56 bilhões de doses foram distribuídas). Aqui no Brasil foram 157 milhões de pessoas vacinadas com uma dose, 125,5 milhões com duas doses e 12,1 milhões com a dose de reforço.

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E todas as mentiras que eles defendem, claro, não têm qualquer evidência científica. É puro charlatanismo, são teorias delirantes, opiniões pessoais, achismos. Eles se agarraram a essa bandeira política que defende o kit covid usado no tratamento precoce desde o início da pandemia e não vão largar essa causa. Eles já desistiram das cloroquinas, mas não da ivermectina. Eles são organizados, têm muito financiamento e são muitos interesses escusos por trás, interesses políticos, religiosos e financeiros. Aí eles arrebatam pseudocientistas, alguns médicos charlatães que não seguem a ciência, jornalistas, líderes políticos, religiosos e alguns ex-atletas que não entendem nada de ciência para fazer crescer um movimento anticiência, antivacinas e negacionista que espalha desinformação e mentiras assassinas.

Alguns profissionais de várias áreas venderam seus diplomas, seus currículos, com o objetivo de enganar pessoas. Um jaleco branco ou um título de doutor não significa que alguém tenha ética, integridade, dignidade, respeito pela vida, responsabilidade social e cívica. Esses são artigos em falta nesses grupos aí e não se compram esses valores em lojas de departamentos.

É inacreditável, macabro, eles querem causar medo e assustar as pessoas, mas principalmente, ganhar dividendos políticos e financeiros. Essas fake News requentadas, que vem de fora do país, são notícias assassinas e nós precisamos combatê-las para proteger quem nós amamos. Fato é que os antivacinas e os negacionistas estão ficando cada vez mais isolados e pregando para eles mesmos, compartilhando suas mentiras e seus devaneios entre seus pares no submundo das fake News.

Eles não vão desistir e vão continuar espalhando desinformação sobre as vacinas, pois eles vivem e se alimentam de fake News, eles dormem e acordam pensando nas próximas mentiras assassinas que vão criar. Por isso, precisamos continuar combatendo com firmeza esse movimento, que usa a criatividade para o mal. Eles são escrotos, mas nós vamos vencer o vírus e os aliados dele.

Precisamos vacinar nossos adolescentes e nossas crianças

Nós precisamos de todas e todos que defendem a vida, a ciência, que tem empatia, altruísmo, responsabilidade social e cívica, para, com paixão e entusiasmo, defender uma ampla cobertura vacinal. E, isto inclui vacinas para nossas crianças de 5-11 anos, que eu espero sejam logo aprovadas pela Anvisa, que recebeu o pedido para avaliação da ampliação de uso da vacina da Pfizer para crianças.

A agência vai avaliar os estudos que suportam a imunogenicidade, segurança e eficácia da vacina Comirnaty em crianças de 5-11 anos. Todos nós esperamos que a Anvisa faça uma avaliação dos dados com todo o rigor técnico necessário, apesar da urgência que a situação de crise sanitária exige.

Por mais que as crianças sejam menos afetadas pelo vírus Sars-CoV-2 e apresentem sintomas mais leves e moderados da covid-19, elas também podem transmitir o vírus, podem ter covid longa ou sequelas irreversíveis e podem evoluir a óbito. Segundo a Fiocruz, em 2020, 1.207 menores de 18 anos morreram por causa da covid-19, sendo 110 bebês com menos de 28 dias. Por isso, crianças e jovens também precisam usar máscara, lavar sempre as mãos, evitar aglomerações em locais fechados e tomar vacinas.

A Pfizer entrou com pedido de aprovação de sua vacina para ser usada em crianças de 5-11 anos, com uma dose ajustada para 10 microgramas (µg), um terço menor que a dose aplicada em pessoas maiores de 12 anos, que é de 30 microgramas (µg). A vacina se mostrou segura, imunogênica e eficaz para essa faixa etária. Os frascos terão cores diferentes para crianças, para não causar confusão e erros. A vacina da Pfizer já é usada no Brasil para a faixa etária maior de 12 anos.

As vacinas estão salvando bilhões de vidas, diminuindo internações e óbitos, trazendo sorrisos para as pessoas, que podem voltar a abraçar seus pais, filhos, amigos, sem medo e sem culpa, embora ainda não tenha acabado a pandemia. As vacinas vão permitir reencontros e a abertura da economia e das fronteiras entre países... e vão permitir que nossas crianças voltem para as escolas.

Diga não às fake News assassinas contra as vacinas para covid-19. No momento, há uma pandemia se espalhando entre os não vacinados, onde se concentram os casos mais graves e óbitos. Vamos conversar com quem tomou a primeira dose para mostrar a importância de voltar para a segunda dose e com as pessoas que estão elegíveis para as doses de reforço, que devem tomar essas doses. Vamos incentivar a vacinação de nossos adolescentes de 12-17 anos e assim que tivermos uma vacina aprovada para nossas crianças de 5-11 anos, vamos vacinar este grupo, pois é fundamental para diminuirmos ainda mais o espalhamento do vírus.

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 Ministério da Saúde anuncia novas medidas de vacinação

O Ministério da Saúde (MS) anunciou a liberação de doses de reforço a todos os adultos acima de 18 anos, independente de comorbidades, não mais só para os grupos prioritários que incluem idosos, imunossuprimidos e profissionais de saúde e reduziu intervalo de 6 para 5 meses após a aplicação da segunda dose.

O Ministério anunciou também a aplicação de uma segunda dose da vacina da Janssen, que passa a ser aplicada em duas doses e não mais em dose única, com a aplicação da segunda dose dois meses após a primeira dose. A Janssen já anunciou que uma dose adicional de sua vacina, aplicada 2 meses após a primeira dose, aumenta a eficácia de 70% para 94% contra formas moderadas ou graves da doença. Posteriormente, as pessoas acima de 18 anos imunizadas com as duas doses da vacina da Janssen vão receber dose de reforço com outra vacina de plataforma diferente. A definição sobre o calendário para aplicação das doses de reforço e segunda dose da vacina da Janssen vai depender das estratégias de imunização de cada estado e município.

Só que o MS esqueceu de combinar com a Anvisa e não poderá haver alteração na bula das vacinas sem aprovação da agência regulatória. Ao que tudo indica, o MS é independente para tomar suas decisões e a aplicação da dose de reforço conforme anunciado pelo MS poderá ocorrer sim.

Segundo o MS as decisões foram apoiadas por uma equipe técnica composta por especialistas. Resumindo, a Anvisa é responsável pela análise dos dados de segurança e eficácia e pela autorização dos imunizantes, mas a estratégia do Plano Nacional de Operacionalização de vacinação é de responsabilidade do MS. Para indicação em bula, a Anvisa deve avaliar os dados que as fabricantes dos imunizantes devem submeter para a agência. Com relação à vacina da Janssen, a Anvisa aguarda a submissão dos estudos sobre a eficácia e segurança da segunda dose da vacina.

O que sugere o Ministério da Saúde

Essa dose de reforço será com uma combinação heteróloga, ou seja, todos vão tomar vacinas de plataformas diferentes das doses anteriores. O Ministério da Saúde não incluiu a CoronaVac (infelizmente) e dá preferência para que a dose de reforço seja feita com a vacina da Pfizer. Então, considerando que as vacinas da AstraZeneca e da Janssen usam plataformas de adenovírus, que embora sejam adenovírus diferentes, são consideradas como uma mesma plataforma de vetor viral, ficamos assim:

1.     Quem tomou duas doses de CoronaVac, pode tomar depois de 5 meses da segunda dose, uma dose de reforço da Pfizer (preferencialmente), AstraZeneca ou Janssen;

2.     Quem tomou duas doses de Pfizer, pode tomar depois de 5 meses da segunda dose, uma dose de reforço da AstraZeneca ou Janssen (se não tiver essas duas opções nos postos, pode ser Pfizer);

3.     Quem tomou duas doses de AstraZeneca, pode tomar depois de 5 meses da segunda dose, uma dose de reforço da Pfizer;

4.     Quem tomou uma dose de Janssen, deve tomar depois de 2 meses uma segunda dose da Janssen e depois de 5 meses da segunda dose, pode tomar uma dose de reforço da Pfizer;

5.     Gestantes devem tomar vacina da Pfizer como reforço (converse com um médico pró-vacinas a respeito);

6.     Embora não esteja claro, quem tomou inicialmente duas doses, sendo uma AstraZeneca e depois Pfizer (ou Pfizer e depois AstraZeneca), deve tomar dose de reforço da Pfizer (converse com um médico pró-vacinas a respeito);

Campanha de mega vacinação

O Ministério da Saúde anunciou ainda uma campanha de mega vacinação para aplicação da segunda dose em quem não voltou para receber a segunda dose e da dose de reforço entre os dias 20 e 26 de novembro de 2021. A estimativa é que cerca de 21 milhões de pessoas estão com a segunda dose atrasada e elas precisam voltar para completar o ciclo vacinal.

Vamos nos vacinar e continuar com o uso de máscaras e o distanciamento físico, evitando locais fechados, com aglomerações e pouco ventilados. A ciência salva vidas, a ciência liberta e nos protege do charlatanismo e da enganação.

Desigualdade na vacinação

Embora sempre defendendo as vacinas e a aplicação de quantas doses de reforço forem necessárias para derrotar o vírus, eu lembro que só sairemos da pandemia quando o mundo inteiro sair. Eu penso ser mais justo vacinar as populações dos países mais pobres antes de aplicar doses de reforço nas populações dos países mais ricos. Nós estamos observando uma iniquidade muito grande na distribuição de doses de vacinas e a cobertura vacinal com a primeira dose de vacinas em populações vulneráveis em países de baixa renda. Novamente, segundo o site ourworldindata, apenas 4,8% das pessoas em países de baixa renda receberam pelo menos uma dose.

No Haiti, a aplicação da primeira dose permanece abaixo de 1%. Enquanto esses países não alcançam uma meta de cobertura vacinal com a primeira dose, em torno de 40%, as medidas de saúde pública como uso de máscaras, distanciamento físico e hábitos de higiene das mãos são a melhor estratégia nesses países para reduzir a transmissão da covid-19 e salvar vidas. Nós precisamos defender o compromisso de proteger essas populações mais vulneráveis.

Observação: Os artigos publicados não traduzem a opinião do Jornal da Unicamp. Sua publicação tem como objetivo estimular o debate de ideias no âmbito científico, cultural e social.
 

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