O vírus continua circulando, uma nova variante mais transmissível do vírus, a ômicron (B.1.1.529), ganhou terreno. A situação epidemiológica não estava e não está controlada e há indicativos de que a imunidade adquirida com as vacinas começa a mostrar sinais de queda, principalmente nas populações de maior risco, como mais idosos e imunodeprimidos. Graças às vacinas, não estamos observando aumento proporcional de hospitalizações, utilização de leitos de unidades de cuidado intensivo e óbitos, mas é preciso atenção, pois o vírus circulando apresenta riscos de surgimento de novas variantes e as subvariantes BA.2, BA.4 e BA.5 da ômicron preocupam. As vacinas são fantásticas e mudaram o curso natural da doença, mas nós precisamos incentivar a aplicação das doses de reforço assim como a vacinação de nossas crianças.
Segundo o Ministério da Saúde, pessoas não vacinadas tiveram cerca de 6 a 9 vezes mais risco de contrair casos mais graves de covid-19 ou ir a óbito em virtude da doença, quando comparadas com pessoas vacinadas, após o surgimento da variante ômicron, nos primeiros meses de 2022. As atuais vacinas contra a covid-19 não são perfeitas, mas são nossa melhor defesa contra o vírus, junto com o uso de máscaras em locais fechados e manutenção das demais medidas não-farmacológicas.
Infelizmente, tem muita gente com sintomas gripais sem máscaras, outras que mesmo sabendo que estão infectadas, não usam máscaras, contribuindo para o espalhamento do vírus. Pessoas infectadas devem se isolar para não transmitir a doença. A população precisa entender que endemias e pandemias são problemas coletivos e não individuais. Hoje, só as vacinas estão segurando as pontas, mas não fazem milagres. Nesse momento, todos nós estamos sujeitos a múltiplas infecções pelas novas variantes e estar com o esquema vacinal completo é fundamental.
As pessoas precisam entender que a infecção pela variante ômicron não produz uma resposta potente do sistema imunológico. E essa resposta de proteção mais fraca parece diminuir rapidamente, em comparação com infecções pelas variantes anteriores (variante original de Wuhan, e as variantes alfa, beta, gama e delta). Mesmo as sublinhagens da ômicron, embora sejam semelhantes, apresentam diferenças do ponto de vista imunológico, de modo que a infecção por uma sublinhagem não fornece proteção efetiva contra as outras sublinhagens.
Temos que lembrar que cada infecção pode causar sintomas de covid longa, que pode persistir por meses ou anos, principalmente em pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto.
Novas linhagens do vírus SARS-COV-2
A Rede Genômica Fiocruz divulgou novos dados a respeito das variantes do vírus SARS-CoV-2 circulando no Brasil. Esses dados mostram que a linhagem BA.1 da variante ômicron foi substituída pela linhagem BA.2, com aumento na detecção das linhagens BA.4, BA.5 e BA.2.12.1 durante os meses de maio e junho. Essas linhagens sofreram muitas mutações, que podem levar a uma maior transmissibilidade do vírus. A BA.4 e a BA.5 têm muitas mutações na proteína Spike, similares à da subvariante BA.2, mas elas têm mutações adicionais em outras partes do seu material genético. Essas mutações podem oferecer vantagens evolutivas tanto para a BA.4 como para a BA.5 em comparação com a BA.2, provavelmente devido a uma maior habilidade em escapar da resposta de proteção imunológica proporcionada por infecções anteriores ou pela vacinação.
Combinações de vacinas para doses de reforço
Dados do consórcio de veículos de imprensa divulgados no dia 22/06/2022, mostram que 83,54% da população vacinável (com 5 anos de idade ou mais) ou 167.210.978 milhões de pessoas, receberam as duas doses ou a dose única. O total de pessoas que tomaram a primeira dose de reforço, essencial para proteger contra a variante ômicron, é de 99.595.176 milhões, ou 54,98% da população vacinável (com 12 anos de idade ou mais). Com relação às crianças na faixa etária de 5 a 11 anos, 12.863.771 milhões, ou 62,75% tomaram a primeira dose e 7.721.662 milhões (37,67% das crianças entre 5 e 11 anos) tomaram a segunda dose. É lamentável que ainda tenhamos pessoas não vacinadas, em virtude do enorme sucesso das vacinas e dos benefícios da vacinação. É muita negação da ciência. Esse percentual de 83,54% de pessoas vacinadas com duas doses impediu uma tragédia ainda maior nesse país.
O país precisa avançar muito mais na aplicação das duas doses de reforço e na vacinação de crianças. E quais seriam as melhores combinações para as doses de reforço, segundo o conhecimento científico adquirido até o momento, fundamental para nos proteger da variante ômicron e suas linhagens? O Ministério da Saúde colocou à disposição para as doses de reforço, os imunizantes da Pfizer, Janssen e AstraZeneca. Mas é importante deixar muito claro que todas as atuais vacinas, incluindo a CoronaVac, protegem contra casos graves, infecções e óbitos e que nenhuma das atuais vacinas impede a infecção leve ou assintomática.
A orientação dos especialistas é para tomar a vacina que estiver à sua disposição no local, mas no caso de mais de uma opção de vacina, é possível combinar usando a estratégia de vacinação heteróloga, quando vacinas com plataforma vacinal diferente das usadas no esquema de vacinação inicial são usadas.
Seguem possibilidades recomendadas pelos especialistas:
- Se você tomou duas doses de CoronaVac ou duas doses da Pfizer, a prioridade nos reforços deve ser com a vacina da Pfizer, ou Janssen ou AstraZeneca.
- Quem tomou duas doses da AstraZeneca ou a vacina da Janssen, o recomendado é tomar uma outra marca como reforço. É importante sair do posto de vacinação com o reforço, então tome a que estiver à disposição no dia. As vacinas contra a covid-19 foram as mais testadas em toda a história.
- Para quem tomou a dose única da vacina da Janssen, o Ministério da Saúde autorizou a aplicação das doses de reforço com as vacinas da AstraZeneca, Pfizer ou até mesmo Janssen. Pessoas com 40 anos ou mais, devem tomar a primeira dose de reforço 2 meses após a dose única; devem tomar a segunda dose de reforço 4 meses após o primeiro reforço e a terceira dose de reforço 4 meses após o segundo reforço. Pessoas na faixa etária de 18 a 39 anos devem tomar a primeira dose de reforço 2 meses após a dose única e devem tomar a segunda dose de reforço 4 meses após o primeiro reforço.
Hoje, o esquema vacinal recomendado contempla duas doses para todas as vacinas, além das recomendações abaixo:
Pessoas com 40 anos ou mais: quatro doses; Faixa etária de 12 a 39 anos: três doses e Faixa etária de 5 a 11 anos: duas doses
A Pfizer enviou no dia 20/06/2022, um pedido à Anvisa para autorização da aplicação da dose de reforço de sua vacina pediátrica para a faixa etária de 5 a 11 anos.
Importante: não acredite e não confie em profissionais que não estejam recomendando a vacinação e as doses de reforço. Elas são essenciais para fornecer uma camada de proteção a mais contra as novas variantes.
Vacinas nasais - Nova geração de vacinas contra a covid-19?
As atuais vacinas deram conta do recado e nos ajudaram a sair do caos na saúde pública e da situação lamentável de quase 4 mil mortes diárias que vivenciamos no início do ano passado. Certamente precisaremos de uma nova geração de vacinas que funcionem para nos proteger de todas as variantes do vírus, talvez uma vacina multivalente contendo antígenos de diferentes variantes, desde que a combinação do material genético dessas variantes funcione melhor que a estratégia monovalente, com antígeno de uma única variante. Mas, é impossível atualizar uma plataforma vacinal para combater cada nova variante de atenção.
As atuais vacinas são baseadas na proteína Spike da cepa original de Wuhan, foram originalmente desenhadas para combater essa cepa, mas não foram atualizadas, enquanto o vírus segue sofrendo mutações. Elas funcionam muito bem contra a cepa original de Wuhan e contra as variantes alfa, beta, gama e delta. A variante ômicron sofreu muitas mutações na proteína Spike e é bem diferente do vírus original, mas as atuais vacinas continuam nos protegendo contra a ômicrom, reduzindo o número de casos graves e óbitos.
Há anos, os cientistas buscam uma vacina universal contra a gripe, um imunizante que possa fornecer proteção duradoura contra vários subtipos deste vírus respiratório. Com o advento da covid-19, a ciência está buscando desenvolver vacinas universais que poderiam nos proteger contra todas as principais linhagens de coronavírus.
Vacinas nasais talvez sejam uma boa alternativa, para, junto das atuais vacinas injetáveis e da manutenção do uso de máscaras em locais fechados e nos transportes coletivos, controlar melhor a pandemia. A estratégia das vacinas nasais é seguir o mesmo caminho do vírus, responsável pela infecção natural, que entra no organismo através de nariz e boca.
As variantes do vírus SARS-CoV-2 afetam o nariz e o trato respiratório e o vírus começa a se multiplicar por ali mesmo. As atuais vacinas são intramusculares e a maioria dos anticorpos produzidos após a vacinação com as atuais plataformas são encontrados no sangue, não nas mucosas, no nariz e boca. Vacinas nasais teriam potencial para induzir uma resposta de mucosa, produzindo anticorpos neutralizantes que seriam capazes de neutralizar o vírus antes dele conseguir infectar nosso organismo, impedindo a entrada do vírus e sua replicação e multiplicação em nossos órgãos.
As atuais vacinas intramusculares não têm esse potencial, embora sejam fantásticas em produzir resposta de sistema imunológico capaz de evitar casos graves, infecções e óbitos, levando pessoas com esquema vacinal completo a, mesmo quando infectadas, terem menor carga viral, ficarem menos tempo com o vírus no organismo, transmitirem menos o vírus e consequentemente, contribuírem menos para o surgimento de novas variantes de atenção, em comparação com pessoas não vacinadas.
As vacinas nasais não vão substituir as atuais vacinas, mas devem ser usadas como estratégia combinada no combate à covid-19. Hoje nós temos cerca de 12 candidatas a vacinas nasais em estudos pré-clínicos e clínicos. São muitos os desafios, então temos que aguardar os resultados dos testes em andamento. Até o momento, resultados promissores foram obtidos nos estudos em macacos, camundongos e furões.
Importância da testagem para detecção de covid-19
A testagem é fundamental no combate à covid-19, serve para isolar as pessoas infectadas, monitorar seus contatos imediatos, serve para as autoridades de saúde acompanharem o cenário epidemiológico e a dinâmica da doença no país. Os testes positivos devem ser notificados para o Ministério da Saúde, através do preenchimento dos dados no sistema e-SUS notifica, do próprio Ministério. É um profissional da área de saúde que faz essa notificação.
Tempo de permanência do vírus no corpo
O tempo que o vírus permanece no corpo pode variar dependendo de vários fatores, como o estado de saúde prévio da pessoa, a idade (pessoas mais idosas têm um sistema imune menos competente), a quantidade de vírus com que a pessoa teve contato e se contaminou e o status vacinal. Pessoas vacinadas ficam menos tempo com o vírus no corpo, possuem uma carga viral menor do que os não vacinados e o vírus sofre menos mutações em pessoas vacinadas. Pesquisas recentes mostram que o tempo de transmissão é menor entre pessoas vacinadas, cerca de 4 dias, comparado a 8 dias nos parcialmente vacinados e 10 ou mais dias nas pessoas não vacinadas.
Teste RT PCR
O teste RT-PCR é feito por meio de solicitação do exame, após uma avaliação do médico e é utilizado na rede de laboratórios de saúde pública ou privada. Esse teste faz um diagnóstico laboratorial por biologia molecular, identificando a presença do material genético, do RNA (ácido ribonucleico) do vírus SARS-CoV-2 em amostras de secreção respiratória. A amostra é colhida por um profissional de saúde através do swab nasal e o resultado é liberado em até 72 horas após a coleta. O teste RT-PCR é considerado o teste padrão-ouro pela OMS, pois ele amplifica muito a quantidade de material genético do vírus. É bem preciso e sensível e detecta material genético em qualquer fase da doença.
A coleta de amostras para a detecção do vírus deve ocorrer em caso de síndrome gripal (SG) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na fase aguda da infecção. Em casos assintomáticos, você deve contar cinco dias após o contato com a pessoa infectada, considerando esse encontro como o dia zero. Se não respeitar essa janela, pode existir a chance de um falso negativo.
O teste do RT-PCR é recomendado para fins de diagnóstico, mas não para saber se a pessoa infectada ainda pode transmitir, porque ele é extremamente sensível e consegue detectar qualquer estrutura do vírus, independentemente de o vírus estar ou não viável. Isso significa que se alguém teve covid-19, pode apresentar teste de RT-PCR positivo por algumas semanas, mas isto não quer dizer que ela continue doente ou que possa transmitir a doença. Um teste positivo deve ser interpretado junto com histórico e sintomas para não colocar a pessoa sob isolamento prolongado de forma desnecessária.
Pessoas assintomáticas podem ter vírus ativo e podem transmitir. Caso a taxa de replicação viral seja baixa, os assintomáticos podem transmitir menos, porque há poucas partículas ativas sendo liberadas através das gotículas e aerossóis formados pelas secreções respiratórias.
Teste rápido de antígeno (TR-AG)
Esse teste pode ser feito por solicitação do médico ou diretamente nas unidades de saúde, farmácias e laboratórios de análises clínicas e usa um swab nasal para colher a amostra, que é feita por um profissional da área da saúde. O processamento é mais rápido, o que permite um resultado em poucos minutos. É uma forma objetiva de saber se o indivíduo infectado transmite ou não transmite mais o vírus, pois esse teste consegue detectar a replicação viral (vírus ainda em atividade, se multiplicando) e indicar se a quantidade viral presente é suficiente para possibilitar a transmissão de pessoa a pessoa.
Na prática, o teste rápido de antígeno detecta as proteínas produzidas na fase de replicação viral, ou seja, quando a infecção está ativa e a pessoa está com potencial altamente contaminante. Eles são mais eficientes na fase aguda da doença, ou seja, do 1º ao 7º dia em pessoas com sintomas; e em pessoas assintomáticas, a partir do 5º dia do contato com casos confirmados. O ideal é a pessoa, por precaução, manter isolamento nos primeiros 5 dias antes do teste. Essa estratégia se baseia no fato de que a carga viral se torna mais alta após esse período inicial de incubação e replicação viral, facilitando a detecção pelo teste. Se você estiver com covid, mas com carga viral baixa, a chance de o teste não dar positivo é maior. Neste caso, o teste RT-PCR seria uma alternativa mais eficiente.
Autoteste de antígeno (AT-AG): Esse é um teste bem parecido com o teste de gravidez e o resultado aparece em poucos minutos. O autoteste foi aprovado em janeiro de 2022 pela Anvisa. Você pode encontrar o autoteste nas redes de farmácias e você mesmo pode fazer a coleta da amostra, seja nasal ou oral (saliva), seguindo as orientações da bula. Fique atento, pois esse procedimento pode levar a erros se a coleta for malfeita.
O autoteste funciona, basicamente, da mesma maneira que o teste rápido de antígeno, com a diferença de que não necessita de receita, de consulta médica e não é realizado por um profissional da área de saúde. Pelo fato de ser feito por pessoas leigas, o teste corre risco de má execução ou interpretação, sendo considerado uma estratégia complementar aos demais testes e funcionando como ferramenta de triagem no diagnóstico de covid-19. O autoteste não fornece o diagnóstico de forma definitiva, mas sinaliza uma possibilidade de doença nos indivíduos que apresentam resultado positivo.
O autoteste é indicado para ser feito no período entre o 1º e 7º dia do início dos sintomas; e no caso de pessoas assintomáticas, a partir do 5º dia do contato com casos confirmados. É aconselhável manter isolamento nos primeiros 5 dias antes do teste e usar máscaras caso precise sair de casa. Caso o resultado do autoteste seja positivo, independentemente de sintomas ou não, a confirmação do diagnóstico de covid-19 deve ser feita através de nova testagem em um serviço de saúde, onde a pessoa receberá todas as orientações com relação ao tempo de isolamento e cuidados necessários, assim como será feita a notificação oficial. A notificação oficial raramente ocorre nos casos de autotestes que dão resultado positivo, pois são feitos em casa.
Um resultado negativo no RT-PCR é indicativo da não presença do material genético do vírus, mas no teste de antígeno e principalmente no autoteste devem ser interpretados com cuidado. As razões são: erros no procedimento de coleta, armazenamento inadequado do produto ou baixa carga viral no momento do teste, prejudicando a detecção.
Também pode ocorrer um falso positivo no autoteste? Não é tão comum, mas pode acontecer quando a pessoa não seguir corretamente as instruções de uso, seja por contaminação da amostra ou por análises cruzadas em pessoas com outras doenças virais com partículas virais semelhantes ao SARS-CoV-2.
Na dúvida, caso você apresente qualquer sintoma grave, tosse, dor garganta, falta de ar, febre alta persistente, confusão mental e sinais de desidratação, procure orientação médica.
Para mais informações sobre os testes, assista ao vídeo: