Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje temos 236 candidatas vacinais sendo testadas, das quais 173 em fases pré-clínicas in vitro e in vivo em pequenos animais, 63 em testes de fases 1, 2 ou 3 em seres humanos, sendo 16 na última fase de testes, a fase 3. Deste total, 10 vacinas já tiveram aprovação temporária para uso emergencial autorizado. Até o momento, apenas 4 desenvolvedores de vacinas publicaram os resultados de eficácia em fase 3 em revistas científicas de circulação internacional com avaliação por pares - Pfizer/BioNTech, Moderna, AstraZeneca/Oxford, Gamaleya/Rússia - e 4 vacinas tiveram resultados de eficácia preliminar divulgados, mas os resultados não foram publicados - CoronaVac/Sinovac, BBIBP-CorV/Sinopharm, NVX-CoV2373/Novavax e Ad26.COV2/Janssen/Johnson&Johnson.
Eficácia % dos testes da fase 3
BNT162 (Pfizer/BioNTech) – 95%
mRNA-1273 (Moderna) – 94,1%
ChAdOx1 nCov-19/Covishield (AstraZeneca/Oxford) – 70,4%
Sputnik V (Instituto de Pesquisa Gamaleya) – 91,6%
CoronaVac (Sinovac) – 50,38%
BBIBP-CorV (Instituto Produtos Biológicos Pequim/Sinopharm) – 79,34%
NVX-CoV2373 (Novavax) – 89,3%
Ad26.COV2 (Janssen/Johnson & Johnson) – 66%
Autorizadas temporariamente para uso emergencial em alguns países (nem todas divulgaram resultados de eficácia em fase 3).
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BNT162 (Pfizer/BioNTech) – Eficácia 95%
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mRNA-1273 (Moderna) – Eficácia 94,1%
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CoronaVac (Sinovac) – Eficácia 50,38%
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ChAdOx1 nCov-19/Covishield (AstraZeneca/Oxford) – Eficácia 70,4%
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Sputnik V (Instituto de Pesquisa Gamaleya) – Eficácia 91,6%
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BBIBP-CorV (Instituto Produtos Biológicos Pequim/Sinopharm) – Eficácia 79,34%
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CanSino – Eficácia desconhecida
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Sinopharm/Wuham – Eficácia desconhecida
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Covaxin/Bharat Biotech – Eficácia desconhecida
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EpiVacCorona/Instituto Vetor – Eficácia desconhecida
A Anvisa aprovou temporariamente o uso emergencial das vacinas CoronaVac (Sinovac/Butantan) e Covishield (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz). Para que outras vacinas cheguem ao Brasil, ou o Governo Federal deve comprar, ou a OMS entregar via acordo com a Covax Facility, em que o Brasil comprou 42,5 milhões de doses.
Cotas da Covax Facility
A OMS possui acordo de compra de 150 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca e 40 milhões de doses da vacina produzida pela Pfizer/BioNTech. A OMS está considerando a aquisição das vacinas da Moderna, Sinovac e Sinopharm. Segundo Jarbas Barbosa, Diretor Assistente da Pan American Health Organization (PAHO/AMRO), os 192 países participantes da Covax Facility começarão a receber as vacinas a partir de meados de fevereiro de 2021, começando com a vacina de Oxford/AstraZeneca.
Para o Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a estimativa é receber entre 10,6 milhões e 14,2 milhões de doses na primeira fase até alcançar o total de 42,5 milhões de doses que o País comprou, até o final de 2021. Ainda de acordo com Jarbas Barbosa, 4 países das Américas (El Salvador, Peru, Colômbia e Bolívia) foram selecionados entre os 12 países que receberão já no início do mês de fevereiro, doses de vacinas da Pfizer/BioNtech.
Hoje o Brasil está dependente dos acordos realizados pelo Estado de São Paulo e pelo Governo Federal e recebeu poucas doses da CoronaVac (Sinovac/Butantan), e da Covishield (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz). As bulas das vacinas CoronaVac e Covishield autorizadas temporariamente para uso emergencial estão no site da Anvisa.
O Brasil poderia receber ainda as vacinas da Pfizer/BioNTech, Moderna, Janssen/Johnson&Johnson e Sputnik V, mas o Ministério da Saúde até o momento não tem acordos de compra. As vacinas sendo desenvolvidas pelas fabricantes Pfizer/BioNTech e Janssen/Johnson&Johnson estão em fase de testes no Brasil, mas não há acordos fechados. O Brasil não pode ficar dependendo apenas da CoronaVac e da Covishield e precisa negociar a compra de forma urgente para adquirir pelo menos as vacinas da Pfizer e da Janssen.
A vacina russa Sputnik V, que está sendo usada na Argentina, pode ser uma boa opção no futuro, mas a Anvisa não aceitou a documentação enviada pela empresa brasileira União Química, parceira do Instituto Gamaleya na transferência de tecnologia, embora as negociações continuem prosseguindo.
A Pfizer vendeu vacinas para mais de 50 países, que estão vacinando suas populações em segurança. A vacina da Pfizer/BioNTech está sendo usada de maneira emergencial em vários países, incluindo Reino Unido, EUA e Chile. Ninguém entende ao certo por que o Brasil decidiu não comprar, mas a empresa afirma ter oferecido cerca de 70 milhões de doses ao Ministério da Saúde.
O que sabemos é que o Ministro da Saúde esnobou a vacina e afirmou que não comprou a vacina para “não frustrar os brasileiros”. A empresa obteve certificado de boas práticas de fabricação, mas ainda não pediu autorização temporária de uso emergencial ou registro no Brasil. Não pode faltar vacinas para a população brasileira por falta de planejamento ou por vontade política.
Vacina da Janssen (Ad26.COV2) : uma boa opção
A vacina da Janssen/Johnson & Johnson (Ad26.COV2), que usa um adenovírus humano 26 como vetor viral, apresentou resultados preliminares com 72% de eficácia para o ensaio de fase 3 feito nos EUA, 66% de eficácia na América Latina e 57% no ensaio realizado na África do Sul, após 28 dias, usando uma única dose.
A análise interina avaliou 468 casos de Covid-19 sintomáticos entre 44.325 voluntários adultos na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, África do Sul e Estados Unidos. A Ad26.COV2 mostra eficácia de 85% em reduzir hospitalizações e casos mais graves e pode ser usada para manter as pessoas fora do hospital.
A vacina apresenta proteção contra doenças graves em diferentes regiões, idades e múltiplas variantes de vírus, incluindo a variante mais contagiosa do Sars-CoV-2 (linhagem B.1.351) observada na África do Sul. A eficácia contra casos leves não foi divulgada e os resultados ainda não foram publicados em revistas científicas de circulação internacional com revisão por pares.
Esta é uma vacina apropriada para a cadeia de frio brasileira, pois necessita de armazenamento na faixa de temperatura de 0-8 graus Celsius, normal em geladeiras comuns. A vacina da Janssen está sendo testada no Brasil e já está testando um regime de duas doses da vacina, o que pode aumentar a eficácia. Com essa eficácia de 66% contra casos moderados e graves da doença, seria importante comprar esta vacina urgentemente, pois não precisa de uma segunda dose, facilita a logística de vacinação e sem dúvida, poderia acelerar a imunização da população brasileira.
A Janssen ainda não entrou com o pedido de registro sanitário junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas tem conversado com a Anvisa. A empresa obteve certificado de boas práticas de fabricação.
Vacina Sputinik V: publicados resultados da fase 3
A vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, apresentou eficácia de 91,6% contra a Covid-19, segundo resultados preliminares publicados no dia 2/2/2021 na revista científica The Lancet. A Sputnik V é aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias.
A análise foi feita com resultados de 19.866 voluntários, sendo que 14.964 tomaram a vacina e 4.902 estavam no grupo placebo. Houve 16 casos de Covid-19 entre os vacinados (~0,10%) e 62 entre os não vacinados (~1,26%). Nos voluntários que receberam duas doses inteiras, a eficácia da vacina foi de 91,6% (16 voluntários infectados [~0,10%] do total de 14.964 voluntários no grupo que tomou a Sputnik V versus 62 voluntários infectados [~1,26%] do total de 4.902 voluntários no grupo placebo. Isto leva a eficácia de 91,6% calculada através da fórmula [1 – (0,10/1,26)] x 100, sem considerar os arredondamentos.
A vacina mostrou alta eficácia contra casos moderados e graves da doença, incluindo eficácia de 91,8% para grupos de 2.144 adultos com mais de 60 anos, sendo bem tolerada para todas as faixas etárias, com eventos leves como dor no local da injeção e fraqueza ou cansaço muscular. Como o estudo incluiu apenas casos sintomáticos de Covid-19 para calcular a eficácia da vacina, os estudos de fase 3 continuam para determinar a eficácia da vacina em impedir a transmissão da doença.
A Sputnik V não está sendo testada no Brasil, mas a Anvisa está analisando um pedido para que os ensaios sejam feitos no país.
Vacina da Novavax : nanopartículas recombinantes
A NVX-CoV2373 é uma candidata vacinal baseada em plataforma de subunidade de proteína purificada, desenvolvida a partir da sequência genética do SARS-CoV-2. A NVX-CoV2373. Foi criada usando a tecnologia de nanopartículas recombinantes da Novavax para gerar o antígeno derivado da proteína Spike (S) do coronavírus, com adjuvante conhecido como Matrix-M™ baseado em saponina, para aumentar a resposta imune e estimular altos níveis de anticorpos neutralizantes.
A Novavax anunciou eficácia de 89,3% no estudo de fase 3 para a vacina NVX-CoV2373, após a primeira análise preliminar, com 62 eventos, ou 62 pessoas infectadas. Destes eventos, 56 estavam no grupo placebo e 6 no grupo que tomou a candidata vacinal. Dos 62 casos, 61 foram leves ou moderados e 1 foi grave (no grupo placebo).
No entanto, o resultado de eficácia em fase 3 realizado na África do Sul, com um grupo menor de voluntários, sendo 29 eventos no grupo placebo e 15 eventos no grupo vacinal, mostrou eficácia de 60%, que pode estar relacionada aos diferentes ambientes sociais, diferentes características étnico-raciais, diferente recorte dos estudos, mas também à presença da variante local do vírus, que pode apresentar uma mutação que a torna mais resistente à vacina.
Um caso grave ocorreu no grupo de placebo e todos os outros casos foram leves ou moderados. O ensaio clínico também alcançou seu endpoint primário de eficácia na população geral do ensaio, incluindo indivíduos HIV-positivos e HIV-negativos.
Vacina de Oxford: registro definitivo no Brasil
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) submeteu à Anvisa, no dia 29/01/2021, o pedido de registro definitivo da vacina Covishield, produzida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca.
O imunizante teve um lote de 2 milhões de doses aprovado temporariamente pela Anvisa para uso emergencial no Brasil, mas o registro permitiria o uso em massa e comercial da vacina, não apenas em grupos específicos de pessoas, como profissionais de saúde e idosos.
A Fiocruz espera produzir cerca de 100,4 milhões de doses a partir do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) até julho de 2021. Com a transferência de tecnologia completa, a Fiocruz começará a produção no Brasil e não será mais necessária a importação do IFA, garantindo a autonomia no processo de produção da vacina. A Fiocruz confirmou em nota, publicada no dia 28/01/2021, a segurança e a imunogenicidade (produção de anticorpos) da vacina Oxford/AstraZeneca em idosos.
Observação : Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Unicamp.