Este passeio pelos sítios do mundo começa aqui em casa mesmo com a coluna de Reginaldo Moraes, vizinho neste espaço virtual, sobre a transição democrática na Espanha (“As transições políticas e o papel entorpecente do medo”). O texto aborda um tema oportuno e atual para as nossas paragens, mas oportuna é também a efeméride, pois em junho celebrou-se na Espanha os 40 anos das primeiras eleições legislativas gerais naquele país, após a morte de Franco dois anos antes. E recomendo aqui um documentário lançado pelo El País, “Quando a Espanha aprendeu a votar”: são 18 minutos com testemunhos de personagens, imagens e vídeos da época. É sempre bom assistir a uma crônica que celebra a democracia.
Alguns anos antes dessas eleições discutiu-se uma reforma de ensino na Espanha, no bojo da qual foram criadas em 1968 as universidades autônomas de Madrid e Barcelona. Ambas estão nos rankings das melhores universidades com menos de 50 anos, como era o caso da Unicamp, um pouco mais velha e também fundada durante uma ditadura.
Passear pelos sítios dessas e outras universidades europeias em agosto é quase tedioso: com as férias de verão, os portais das universidades, de Lisboa a Helsinki, ficaram quase estáticos por três semanas. O portal da Sorbonne exibiu nesse período uma imagem desejando boas férias, agora há dias vemos a de “bom retorno”
Restava olhar para as agendas do que acontecerá a partir de setembro. Entre as inúmeras possibilidades detive-me em uma universidade bem mais nova do que a Sorbonne, mas mais antiga que as espanholas mencionadas: a Universidade Livre de Berlim, fundada em 1948, não em uma ditadura, mas devido à guerra fria, pois a universidade de 1810 ficara do outro lado da cortina de ferro. No portal da Universidade Livre encontra-se a versão em inglês da página sobre acesso aberto (à publicação científica), vale a pena dar uma olhada: A universidade é signatária da ”Declaração de Berlim para acesso aberto ao conhecimento em ciências e humanidades” e o equivalente de seu conselho universitário recomenda a que todos os seus membros publiquem em revistas de acesso aberto, para o que há um fundo para cobrir os custos dessa iniciativa. Na agenda está previsto para setembro o “Open Science workshop” e a programação aparece no sítio: www.fu-berlin.de/en/sites/open_access/termine/open_science_workshop.html.
Esse evento é bastante oportuno, no cenário em que continua indefinida a queda de braço entre um consórcio de universidades, sociedades científicas e bibliotecas públicas alemãs e a Elsevier, uma das maiores editoras de periódicos científicos do mundo. O consórcio alemão demanda um contrato com a Elsevier de abrangência para todo o país, que deve incluir preços justos de assinaturas de periódicos, acesso aberto de todos os artigos de autoria de pesquisadores das instituições alemãs e acesso permanente aos artigos completos de todas as publicações eletrônicas da editora. As negociações, em novo impasse, já duram um ano. O consórcio também deverá liderar negociações com outras duas gigantes desse mercado: a Springer e a Wiley. (veja em: www.chemistryworld.com/news/german-universities-take-on-elsevier-/3007807.article). Leva a pensar...
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