Entre as novas portas de entrada está o sistema de cotas étnico-raciais; decisão final caberá ao Consu, que se reunirá no dia 21 de novembro
A Comissão Central de Graduação (CCG) da Unicamp aprovou na manhã desta terça-feira (14), por ampla maioria, a proposta de deliberação formulada pelo Grupo de Trabalho (GT Ingresso) constituído pelo Conselho Universitário (Consu) para estudar novas formas de ingresso nos cursos de graduação da Universidade. A CCG fez duas indicações principais ao Consu em relação ao documento original elaborado pelo GT Ingresso: a oferta de vagas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu) e a necessidade de estudos mais aprofundados em torno da sugestão de realização do Vestibular Indígena. A decisão final sobre a matéria caberá ao Consu, que se reunirá no próximo dia 21 de novembro.
De acordo com a pró-reitora de Graduação e presidente da CCG, professora Eliana Amaral, a proposta de deliberação formulada pelo GT Ingresso resulta de uma ampla reflexão que envolveu, de forma intensa, todas as unidades de ensino e pesquisa da Unicamp. “O tema apresentou-se inicialmente como difícil, mas foi tratado de maneira muito madura por todas as instâncias. Penso que esse processo servirá de exemplo para outras discussões no âmbito da Universidade”, considerou.
O GT Ingresso iniciou os trabalhos no último mês de junho, com o propósito de analisar novas formas de entrada nos cursos de graduação da Unicamp, de modo a ampliar o acesso à Universidade. As sugestões elaboradas pelo Grupo foram encaminhadas às faculdades e institutos, que apresentaram suas contribuições. Em seguida, a proposta de deliberação foi apreciada e aprovada pela Câmara Deliberativa do Vestibular e, agora, pela CCG. O último passo será a análise da matéria pelo Consu.
Entre as sugestões contidas no documento está a reserva de 25% das vagas para o sistema de cotas étnico-raciais, destinadas a candidatos autodeclarados pretos e pardos. A proposta de deliberação também propõe a realização do Vestibular Indígena, separado do Vestibular tradicional; a concessão de bonificação para estudantes de escolas públicas, inclusive para os candidatos que cursaram o Ensino Fundamental II nestes estabelecimentos; e a oferta de vagas pelo Enem.
O relatório também sugere a expansão do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS) para as cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e os municípios de Piracicaba e Limeira. O GT Ingresso indica, ainda, a promoção de alterações no Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais), a designação de vagas para os melhores colocados em olimpíadas e competições de conhecimento e a realização de estudos para a definição de bônus para vestibulandos com deficiência.
O objetivo da nova política de ingresso, que combina princípios como mérito, justiça social, equidade e diversidade, é fazer com que o conjunto da sociedade seja efetivamente representado no âmbito da Universidade. Para José Alves de Freitas Neto, presidente do GT Ingresso e coordenador-executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), a instituição inova ao propor esse modelo flexível de inclusão. “A proposta da Unicamp é mais ousada do que as que existem em outras instituições de ensino superior porque flexibiliza o acesso por meio de vários caminhos. O sistema proposto contempla que há diferentes realidades em cada curso de graduação e propõe ações diversificadas e que foram amplamente estudadas e debatidas”, ponderou.