Software de ensino desenvolvido na Unicamp permite a difusão de conteúdos escolhidos pelo professor
Uma plataforma totalmente adaptável e voltada para o ensino das mais variadas disciplinas, proporcionando acesso a um vasto conjunto de recursos educacionais. Esta é a definição mais próxima e sucinta do 3D Class, software de ensino à distância para dispositivos móveis e computadores, desenvolvido na Unicamp. O aplicativo foi licenciado, em caráter não-exclusivo, para a Takase e Dias Engenharia. A empresa pretende tornar disponível um novo produto voltado para educadores e escolas de treinamento.
“Nossa motivação para o licenciamento foi justamente o fato de podermos adaptar a ferramenta, que se encontrava em caráter experimental. Pretendemos chegar a um produto que seja mais adequado para as necessidades do mercado”, revela Rodrigo Dias Takase, co-desenvolvedor do aplicativo e porta-voz da empresa licenciada.
“O 3D Class é um aplicativo que permite veicular conteúdos educacionais, como vídeos, imagens, arquivos de áudio e questionário, usando uma interface bastante simplificada e acessível de forma confortável, inclusive para dispositivos com telas pequenas, como os smartphones”, explica Eduardo Galembeck, professor do Instituto de Biologia (IB) e responsável pelo desenvolvimento da plataforma.
O sistema começou a ser elaborado em 2012, a partir da busca por novas formas de difundir o conteúdo de ensino. “A motivação para seu desenvolvimento foi a procura por um mecanismo simplificado para acesso de conteúdos educacionais, com componentes de game design para aumentar o envolvimento dos alunos”, completa.
A fácil adaptação, somada a um sistema com interface tridimensional capaz de gerar relatório de aprendizado para os professores, são alguns dos diferenciais do sistema, desenvolvido em Unity 3D. “O 3D Class é um Moodle (Modular Object Oriented Distance Learning) simplificado e, por isso, não há nenhum conteúdo específico nele. Esse conteúdo fica a critério do professor ou da escola”, explica Takase. Tais sistemas, que permitem gerenciar a criação de cursos online, são chamados ainda de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) ou de Learning Management System (LMS).
Além do Moodle, um sistema próprio de pontuação e conquistas foi adicionado para que os jogadores possam competir e interagir entre si, independentemente da plataforma utilizada. Por isso, a tecnologia apresenta ainda quizzes e jogos, possibilitando criar um ambiente lúdico e motivador de aprendizagem.
A estimativa, de acordo com Takase, é que o produto esteja pronto para chegar ao mercado no segundo semestre de 2018, de maneira que atenda de modo adequado às mais diferentes demandas e necessidades dos educadores. “Atualmente, o 3D Class está muito ligado ao uso nos laboratórios e pelos professores da Unicamp. Pretendo fazer uma adaptação para deixar o sistema o mais flexível possível para o cliente, seja ele uma escola, um professor individual ou uma empresa de treinamentos”, pontua.
O desejo em licenciar a tecnologia tornou-se mais forte após o projeto ser vencedor da competição de pitches da segunda edição da Software Experience, em 2016. Na ocasião, os responsáveis pelo aplicativo tiveram contato com a elaboração de um modelo de negócios, além de perceberem um grande interesse de empresas pela utilização do sistema. “Com a exposição que tivemos na competição, algumas empresas vieram conversar com a gente. Só que a tecnologia ainda estava em caráter experimental”, aponta Takase.
Além de trazer benefícios para as salas de aula da Unicamp, a tecnologia já foi testada também na Purdue University, nos Estados Unidos, durante o projeto de pós-doutorado do docente. Para essa fase de testes no exterior, o desenvolvimento contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio da concessão de bolsa para o pesquisador. Galembeck lembra ainda que foram aplicados recursos do CNPq, também em forma de bolsas de estudo oriundas do INCT/Inomat, para o desenvolvimento do aplicativo.
Quanto à atuação da Agência de Inovação Inova Unicamp na proteção do programa de computador e no licenciamento da tecnologia, o professor Galembeck diz que é “primordial” para se criar uma ponte entre a instituição e as empresas. “É fundamental para deixar a Universidade mais próxima do setor produtivo, sempre atendendo de forma bastante competente às demandas que surgem nas várias etapas entre o desenvolvimento de um produto e sua chegada ao mercado”, frisa.
Muito mais do que apenas servir como uma vitrine para novas tecnologias, Takase também acredita que o suporte da Inova é decisivo para que novos produtos e processos cheguem ao mercado. “Foi essencial todo esse suporte que a Inova deu, porque acaba abrindo portas para que as patentes e as inovações criadas na Unicamp cheguem ao mercado”, conclui.