Imagem fundo branco com escrita a esquerda "Vozes e silenciamentos em Mariana. Crime ou desastre ambiental?", no lado direito mapa com a extensão do desastre.

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Mariana, imprensa e as redes sociais digitais

Texto demonstra como a tragédia repercutiu na “Ágora Moderna Virtual”

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Redes sociais são estruturas sociais que existem desde a antiguidade, porém estavam limitadas no tempo, pela linguagem oral, e no espaço, pela geografia. Hoje, as redes sociais digitais colapsaram as barreiras de tempo e espaço, podendo teoricamente abranger um número ilimitado de “amigos” ou relacionamentos. Elas vêm se tornando mais abrangentes e complexas devido à evolução das tecnologias de comunicação e informação.

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Filtro criado por brasileiros solidários a Mariana | Fonte: Laura Martins, Techtudo

Assim como na Grécia Antiga havia a Ágora, local em que o cidadão se manifestava, fazia discussões políticas, divertia-se, trocava informações e fazia negócios, na atualidade as redes sociais digitais são uma espécie de Ágora Moderna Virtual em que é possível realizar à distância quase todas as atividades do cidadão ateniense de outrora. No entanto, a gestão de relacionamentos e a reação frente a momentos agudos de comoção social são alguns dos desafios que se apresentam para as gerações dessa “era digital”. Por isso, torna-se importante verificar e analisar, nesse trágico episódio de Mariana, por meio do noticiário jornalístico e das próprias redes sociais, como elas repercutiram o fato e se esse debate ficou apenas no campo da solidariedade, e se trouxe algum ganho, no sentido de aumentar a fiscalização e a cobrança sobre as autoridades para que fatos semelhantes não se repitam. As fontes escolhidas são reportagens hospedadas na rede mundial de computadores (Internet), extraídas dos sites da Folha de S. Paulo, Estadão, BBC Brasil e Sensacionalista.


A polêmica do “Filtro Paris”

Filtros de redes sociais digitais são, segundo SANTOS e SIQUEIRA (2016), uma nova ferramenta na qual os usuários podem optar por modificar a foto do perfil, de forma opcional, com sugestões disponibilizadas. O Facebook disponibilizou, em solidariedade às vítimas dos atentados terroristas em Paris filtro com a bandeira da França, o que gerou uma grande polêmica nas redes sociais:

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Reprodução da foto do fundador do Facebook Mark Zuckerberg utilizando o ‘Filtro Paris’ | Fonte: Laura Martins, Techtudo

A escolha do Facebook em disponibilizar o filtro com a bandeira de um país específico em um mundo com tantas mortes acontecendo a todo momento e a decisão destes internautas por utilizar esta modificação em seus perfis, gerou um amplo debate em várias redes sociais e na sociedade. Questões voltadas em refletir sobre o quanto cada internauta estava realmente comovido com o atentado ocorrido? Por que colocar a bandeira francesa em vez de ser a bandeira mineira por estarmos passando por uma grave tragédia ambiental? Quais mortes, desastres, violências ou atentados ocorridos mundo afora que deveriam ou não receber homenagens e pesares? Porque ligar para um país com uma cultura tão distante da

nossa enquanto muitas violências acontecem nos presídios, com gays, crianças e mulheres em nosso país?(SANTOS e SIQUEIRA, 2016, p.6)

Esse embate foi denominado pelo jornalista Wellington Ramalhoso, do UOL Tecnologia, como “patrulha da solidariedade”: de um lado os que se solidarizaram com as vítimas de Paris e trocaram a foto do perfil por outra com o “Filtro Paris”, de outro, os indignados com a solidariedade “apenas” às vítimas de Paris e o silêncio em relação às vítimas de Mariana, no caso, não colocando na foto de perfil alguma referência à tragédia na cidade mineira. Ou aquilo que o cientista social Bernando Condé, professor da PUC-Rio chamou de "humanismo seletivo", na reportagem “Mariana ou Paris: porque há quem critique a solidariedade alheia?” em entrevista publicada em 17/11/2015 no portal UOL. Em resposta ao “esquecimento” da tragédia brasileira, internautas criaram o “Filtro Mariana”:

Em resposta, alguns sites e usuários criaram novas imagens e filtros com novos discursos Usuários passaram a criar por conta própria, o que não foi feito pelo Facebook, o “Filtro Mariana”, com a imagem da bandeira de Minas Gerais para assim também mostrar solidariedade à grande catástrofe ambiental e seus mortos. Outro filtro criado também pelos usuários foi o “Filtro Lama” com o objetivo de relacionar ao “mar de lama” que seguiu destruindo a cidade de Mariana. (SANTOS e SIQUEIRA, 2016, p.6)


A pauta nas Redes Sociais

A primeira abordagem tragédia/redes sociais apareceu em 14 de novembro no artigo “Em tragédias, redes sociais revelam o pior de nós” escrito por Lulie Macedo, no Jornal Folha de S. Paulo, no qual a secretária-assistente de redação desse jornal critica o conteúdo dos comentários que circulam nas redes sociais em época de tragédias. Segundo a jornalista, nesse período há muita desinformação nas “timelines” porque há internautas que opinam sobre aquilo que não conhecem ou que conhecem apenas superficialmente. Para ela, diante de um dispositivo conectado à internet pessoas comuns tornam-se, não só “especialistas em terrorismo, em política internacional, em religião” elaborando “sua própria análise em 140 caracteres”, mas também “especialistas instantâneas em análise de mídia” ao discorrer sobre a qualidade da cobertura jornalística.

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Reprodução da página online do jornal Folha de S. Paulo | Fonte: : Folha de S. Paulo

Outro fenômeno comum em tempos de redes sociais a que a autora faz referência é a descontextualização de imagens antigas e sua reutilização em fatos recentes, como se deles fossem. Ela cita que circularam fotos dos protestos “pós Charlie Hebdo” como se fossem dessa tragédia, visto que quem compartilha imagens na internet, lamentavelmente, não dá o devido crédito às mesmas, possibilitando esse tipo de confusão. Por fim, critica a batalha de “qual (tragédia) teria sido pior” ao abordar a disputa ocorrida nas redes comparando “Mariana x Tsunami” e “11 de setembro x Paris”. Os ataques de novembro de 2015 em Paris foram uma série de atentados terroristas ocorridos na noite de 13 de novembro de 2015 em Paris e Saint-Denis, na França. Conclui exaltando o lado positivo “dessa conexão” e lembrando que talvez o ser humano sempre tenha agido dessa forma em época de tragédias, a grande diferença, segundo ela, é que agora “fazemos isso em praça pública”, na Arena Digital.

O site do Estadão trouxe no dia 17 de novembro de 2015 a manchete Tragédias em Mariana e Paris polarizam redes. Assinada pela jornalista Juliana Diógenes, a matéria informa que Mariana e Paris estiveram no topo das principais discussões do fim de semana e que os debates giraram em torno da crítica à importância que internautas deram à tragédia de Paris em comparação à de Mariana.

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Reprodução da página online do jornal O Estado de S. Paulo | Fonte: O Estado de S. Paulo

Ilustrada com fotos dos acontecimentos em Mariana e Paris, o Estadão trouxe a fala de três especialistas: Marcos Américo, professor de Mídia e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Ana Luiza Mano, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Celso Figueiredo, doutor em Comunicação e professor de Mídias Sociais da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Por fim, a edição do site traz uma espécie de “retranca” com o título “Mariana x Paris, o ‘fla-flu’ das redes sociais trazendo oito posts do Facebook e do Twitter com os comentários dos internautas acerca das tragédias, polemizando a solidariedade alheia ou da falta dela.

O professor da Unesp criticou a “pseudopolitização” dos internautas, devido à possibilidade que as redes sociais oferecem de curtir e compartilhar textos sobre assuntos que se domina superficialmente, além de comparar as ações virtuais com as da vida real, onde o enfrentamento é mais complexo, não permitindo o anonimato nem o apagamento de uma opinião formulada, como acontece no mundo virtual. A psicóloga da PUC criticou os comentários inconsequentes dos usuários gerados pela “falsa sensação de anonimato” das redes sociais. Por fim, o professor da Mackenzie confirma o papel das redes sociais como Ágora Moderna afirmando que “as redes sociais, em especial o Facebook, são espaços da polêmica” e que “a cada semana tem uma polêmica nova”.

A página da BBC Brasil trouxe, também no dia 17, ‘Paris x Mariana’: fla-flus semelhantes dominaram redes sociais em outros países. A matéria não é assinada. Numa abordagem parecida com a do Estadão, destaca que em outras partes do mundo internautas reclamaram que outros atentados não ganharam a mesma importância que os de Paris. A matéria explicita que houve uma disputa entre as hashtags “Pray for Paris” (“Reze por Paris”) usada mais de 10 milhões de vezes no Twitter; e “Pray for the World” (“Reze pelo Mundo”), mais de 400 mil vezes para se referir a outras tragédias. Tags são palavras-chave (relevantes) ou termos associados a uma informação, tópico ou discussão que se deseja indexar de forma explícita no aplicativo Twitter, e também adicionado ao Facebook, Google+ e/ou Instagram. Hashtags são compostos pela palavra-chave do assunto antecedida pelo símbolo cerquilha (#). No Brasil, “Pray for Mariana” também foi uma das mais utilizadas em publicações no Twitter. Cita em seguida a página da própria BBC no Facebook para exemplificar que as matérias mais curtidas foram aquelas sobre Mariana e que nos posts sobre os ataques de Paris, os comentários dos internautas eram sobre a tragédia em Mariana.

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Fonte: site da BBC Brasil

Trouxe ainda a fala de dois especialistas: Fabio Gouveia, professor de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Beth Saad, especialista em mídias digitais, da Universidade de São Paulo (USP). O professor da UFES explicou que o fato de se solidarizar com os atentados de Paris não significa desdenhar da tragédia de Mariana. Na mesma linha de pensamento, a especialista da USP também criticou a falta de compreensão dos internautas sobre a natureza dos dois eventos, que são incomparáveis. Os dois falam ainda que há uma falsa impressão de polarização, visto que sites como o Facebook não exibem todos os comentários dos seus amigos, mas apenas daqueles que a pessoa está mais relacionada, não significando que todos estejam falando sobre aquilo.

Em seguida, o texto aborda a polêmica das fotos do perfil em que o Facebook foi acusado de usar dois pesos e duas medidas ao disponibilizar filtro com a bandeira da França para seus usuários e não o fazer em outras tragédias, como a de Mariana, fenômeno que, segundo a reportagem, aconteceu pelo mundo com pessoas colocando em seu perfil, por meio de aplicativos, bandeiras referentes a países em que houve massacres, como a Nigéria, por exemplo.

Por fim, a reportagem chama atenção para o fato de que no site em inglês da BBC uma notícia sobre um ataque no Quênia, de sete meses antes, recebeu 7 milhões de visitas e que 75% desses cliques vieram de redes sociais e não da homepage da BBC, o que indica que pessoas teriam se interessado pela matéria motivadas pela necessidade de provar que o país africano não mereceu a mesma atenção da mídia na ocasião de seus ataques.

O site de humor Sensacionalista, que produz matérias de teor humorístico inspiradas em fatos reais, trouxe no dia 14 duas “notícias” sobre a polêmica das redes sociais: Facebook libera usuário para se solidarizar com a tragédia que ele quiser e Para evitar polêmica, Facebook vai lançar avatar com bandeiras da França e de Minas. Em ambas, o site ironiza a patrulha da solidariedade que teve lugar nas redes sociais após o atentado de Paris, com frases do tipo “Se fosse necessário lamentar todas as tragédias que acontecem no mundo não haveria espaço em nossos servidores”, escrita por Zuckerberg em sua página.

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Fonte: site Sensacionalista

 

Reflexão

Na era atual vivemos a quarta revolução da comunicação humana, a Revolução Virtual que se caracteriza pelo fato de que toda a memória da humanidade está reunida virtualmente e que todos esses elementos podem ser interconectados e acessados de qualquer lugar, explica Lévy (1998).

Para o autor, as pessoas, na medida em que curtem, compartilham e produzem conteúdos próprios ou não, são sujeitos ativos nessa revolução. Nesse sentido, quando os internautas se manifestam sobre a Tragédia de Mariana, os atentados em Paris ou alguma violação dos Direitos Humanos em qualquer parte do mundo, estão em sintonia com o que se denomina Cultura Digital.

Por outro lado, essa “revolução” não veio acompanhada da devida preparação para o uso cidadão dessas “novas” ferramentas que tornaram as redes sociais digitais uma Ágora Moderna Virtual, na qual o cidadão pode pregar “em praça pública” para milhares de espectadores, seus seguidores ou não. O escritor Umberto Eco afirmou, ao receber o título de Doutro Honoris Causa em Comunicação, na Universidade de Turim, em 2015, e posteriormente em entrevistas, que as redes sociais dão o direito à palavra a uma “legião de imbecis” que, antes destas plataformas, apenas falavam nos bares, depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. Para o escritor, o drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a detentor da verdade. Antes das redes sociais, normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora têm o mesmo direito à palavra que um Prêmio Nobel. Diante desse pressuposto, era esperado que as redes sociais repercutissem as tragédias no campo da solidariedade, mas também, que essa repercussão enveredasse para discussões fúteis e inócuas, como mostraram as reportagens analisadas. Apesar disso, pode-se extrair algum ganho, uma vez que toda essa exposição lançou luz sobre temas que cotidianamente não discutimos, como a segurança nas barragens de rejeitos das mineradoras e a omissão do poder público em fiscalizar empresas privadas que engordam o caixa dos municípios com polpudos impostos, mas que expõem seus moradores a perigos incalculáveis, como no caso de Mariana.

Ressalte-se, no entanto, que nessas mesmas redes sociais também se promoveu a solidariedade com tantas doações aos desabrigados, que houve momentos de as autoridades locais solicitarem a sua interrupção, dado o volume de roupas e alimentos que chegavam. Apesar de a cobertura da imprensa ter focado apenas nos debates nas redes sociais, dando a elas um aspecto negativo, cabe questionar por que se chegou a esse nível de debate? Qual tem sido o papel da imprensa em educar sua audiência? Qual tem sido e qual deve ser o papel da Escola ao formar o público para o debate? Ou se deve pagar o preço da “autorregulação”? Ressalte-se que é melhor debater de forma equivocada, conforme diz Umberto Eco, do que não debater, ou seja, pode-se não concordar com o que predominantemente se diz nas redes sociais, no entanto, poder fazê-lo sem censura é um aspecto importante de uma sociedade livre e democrática, ainda que isso cause algum desconforto.


REFERÊNCIAS

DESASTRE ambiental em Mariana – Especial. Globo Minas. Belo Horizonte. 05 dez. 2015. Acesso em 10 jun. 2016.

DIÓGENES, Juliana. Tragédias em Mariana e Paris polarizam redes. O Estado de S. Paulo, São Paulo. 17 nov. 2015. Acesso em 20 jun. 2016.

FACEBOOK libera usuário para se solidarizar com a tragédia que ele quiser. Sensacionalista, Rio de Janeiro. 14 nov. 2015.  Acesso em 20 jun. 2016.

LÉVY, Pierre. Revolução Virtual – A Cibercultura é hoje herdeira legítima das ideias progressistas do Iluminismo. Folha de S. Paulo, São Paulo. 16 ago. 1998. Caderno Mais, p.5. Acesso em 02 jul. 2016.

MACEDO, Lulie. Em tragédias, redes sociais revelam o pior de nós. Folha de S. Paulo, São Paulo. 14 nov. 2015. Acesso em: 20 jun. 2016.

OXFORD English Dictionary. Oxford University Press. Acesso em 10 jun. 2016.

PARA evitar polêmica, Facebook vai lançar avatar com bandeiras da França e de Minas. Sensacionalista, Rio de Janeiro. 14 nov. 2015.  Acesso em 20 jun. 2016.

PARIS sob ataque – Especial. Folha de S. Paulo, São Paulo. 15 nov. 2015. Acesso em 10 jun. 2016.

PARIS x Mariana: fla-flus semelhantes dominaram redes sociais em outros países. BBC Brasil, São Paulo. 17 nov. 2015.  Acesso em 20 jun. 2016.

PENA, Rodolfo F. Alves. “Boko Haram”. Brasil Escola.  Acesso em 20 jun. 2016.

RAMALHOSO, Wellington. Mariana ou Paris: por que há quem critique a solidariedade alheia? UOL Tecnologia, São Paulo. 17 nov. 2015.  Acesso em 22 jun. 2016.

SANTOS, Josiane dos; SIQUEIRA, Ádria Costa. “Filtro Paris” e as Produções de Sentido. In: XXI CONGRESSO DE CIENCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE. Salto, SP. 2016.

WOLF, Eduardo. A conspiração dos imbecis. Veja. São Paulo. 01 jul. 2015.  Acesso em 02 jul. 2016.

 



Cesar Augusto Gomes - Graduado em Letras pela PUC-Campinas. Especialista em Educomunicação e Midialogia pelo Centro Universitário Salesiano (Unisal). Coordenou Projetos de Educomunicação e Formação de Professores em Tecnologias Aplicadas à Educação da Secretaria da Educação de Valinhos. Docente de Língua Portuguesa e Literatura da Prefeitura de Valinhos e do Governo do Estado de São Paulo. Email: c.agomes@yahoo.com.br

 

 

Imagem de capa JU-online
Imagens: Reprodução

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