Tecnologia desenvolvida em uma colaboração com a empresa BR2W permite monitorar carga a que são submetidas amarras de sistemas de ancoragem em plataformas de petróleo
Um dos mecanismos responsáveis pela ancoragem das plataformas de petróleo em grandes profundidades são as amarras, que se caracterizam por grandes correntes, com elos que podem chegar a 70 cm de comprimento, e longas o bastante para tocar o leito do mar. As amarras conferem estabilidade às plataformas, permitindo que permaneçam no mesmo local, ainda que expostas ao movimento causado pelas correntes marítimas. Devido à sua importância, é necessário o monitoramento constante das cargas às quais as amarras estão submetidas, a fim de evitar o rompimento dos elos.
Na Unicamp, um grupo de pesquisa liderado pelo professor Milton Dias, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), em colaboração com a empresa BR2W, desenvolveu uma solução voltada justamente para o monitoramento dessas cargas. “Os métodos existentes atualmente para esse tipo de controle são muito caros. Já os que têm preços acessíveis, são imprecisos. Nós desenvolvemos uma metodologia de monitoramento fácil de ser aplicada e que fornece um nível de precisão interessante, sobretudo se considerarmos suas vantagens”, explica o docente.
A tecnologia desenvolvida no Laboratório de Dinâmica de Estruturas e Máquinas (LDEM) envolve um método para determinação da carga axial aplicada às amarras por meio da medição da resposta vibracional desses sistemas. A tecnologia consiste de um mecanismo de aquisição e processamento de sinais que registra a vibração na amarra, de maneira que suas frequências naturais sejam estimadas. Conhecendo-se a relação entre essas frequências naturais e a carga axial à qual a amarra está submetida, é possível determinar a carga que atua sobre a amarra.
O processamento dos dados é realizado com algoritmos de inteligência artificial e pode ser executado à distância, o que, segundo o pesquisador, também é uma vantagem, pois dispensa o embarque de pessoal especializado para fazer a aquisição e análise dos dados in loco – o que é sempre um problema devido à dificuldade de acesso em plataforma de águas profundas e ao espaço de alojamento limitado disponível nestas instalações –, permite o monitoramento contínuo das cargas nas amarras e, como consequência, possibilita a identificação, de forma rápida, de possíveis danos no equipamento ou da ocorrência de cargas excessivas aplicadas às amarras, ressalta Dias.
Em função do potencial de mercado internacional desta tecnologia, foi realizado um pedido de proteção internacional via PCT (Tratado de Cooperação de Patentes), que funciona de forma simultânea em vários países. O contrato de licenciamento com a empresa BR2W foi celebrado em 2020.
Leia matéria na íntegra publicada no site da Agência de Inovação da Unicamp.