Formulação feita a partir de óleos essenciais melhora o sistema imunológico de peixes
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de duas porções de pescado por semana, o equivalente a 250 g. No Brasil, a média está abaixo do ideal e há uma discrepância de consumo segundo a região do país. O pescado é mais comumente usado na culinária da região Norte, enquanto na região Sul ainda prevalece a carne vermelha. A presença do peixe na dieta humana é recomendada por nutricionistas em função de seu perfil nutricional.
O aumento da produção de peixe em cativeiro pode ampliar o consumo de pescado em todas as regiões do país. Apesar do grande potencial da aquicultura, há desafios a serem enfrentados para diminuir o impacto ambiental e ampliar a qualidade do pescado voltado para o consumo humano. Neste contexto, uma tecnologia desenvolvida no Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp (CPQBA) pode ser uma aliada para a produção em maior escala por meio da aquicultura.
A tecnologia oferece uma alternativa natural para prevenção e tratamento de bacterioses. O antibiótico é o principal tratamento empregado no controle das bacterioses em peixes, mas seu uso excessivo pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes e à poluição do meio ambiente. O desafio de substituir os antibióticos na dieta dos peixes foi objeto da pesquisa de doutorado desenvolvida pela aluna Renata Estaiano de Rezende. Sob a orientação da pesquisadora Marta Cristina Duarte, Rezende testou 71 óleos essenciais voláteis, até encontrar a composição ativa exata para combater os três principais tipos de bactérias que atingem a produção industrial de peixes e mariscos.
O resultado é uma formulação feita a partir dos óleos essenciais de tomilho, tomilho vermelho e alecrim pimenta. Quando aplicada à ração, obtém-se maior imunidade dos peixes. “Notamos um aumento significativo na quantidade de leucócitos em peixes que consumiram a ração com a mistura dos óleos”, explica Duarte. Também participaram do desenvolvimento da tecnologia os pesquisadores Rodney Rodrigues e Marili Villa Nova Rodrigues.
A solução foi protegida por meio de patente pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que também negociou o contrato de licenciamento para a Terpenia, empresa com foco no desenvolvimento de produtos a partir de tecnologias advindas da Unicamp. “Nossa equipe está muito satisfeita com a parceria com a Unicamp. A Inova nos deu um ótimo suporte em orientação e formalização das licenças e estamos estudando novas tecnologias para nosso portfólio de atuação”, relata Wolney Longhini, sócio consultor e responsável pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Terpenia.
Próximos passos em direção ao mercado - Nos testes de efetividade da formulação realizados na Unicamp, Rezende fez um pequeno furo na ração de peixe comercial e inseriu ali a formulação com os óleos, alcançando bons resultados em pequena escala. A próxima fase do desenvolvimento é ampliar a escala de maneira a produzir um suplemento a partir da formulação. Para essa etapa, a Terpenia está em busca de parceiros. “Identificamos o potencial para geração de um suplemento que pode reduzir o uso de antibióticos na alimentação de peixes para o controle de bacterioses. Começamos, então, a busca de parceiros para o desenvolvimento em escala industrial”, comenta Longhini.
Prêmio Inventores 2022
Os inventores da nova formulação, Marta Cristina Teixeira Duarte (pesquisadora titular), Renata Antunes Estaiano de Rezende, Rodney Alexandre Rodrigues e Marili Villa Nova Rodrigues, foram premiados na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2022.
Essa reportagem faz parte da série produzida pela Inova Unicamp sobre tecnologias licenciadas. Elas podem ser lidas no site da Inova e também em formato e-book na Revista Prêmio Inventores, com lançamento previsto para junho.
Confira todos os premiados no site do Prêmio Inventores da Unicamp.