O curso privilegia o estudo independente, com metodologia própria e textos não datados
Em 2020, com a pandemia de Covid-19, estudantes e professores tiveram que se adaptar ao ambiente online. As aulas passaram a ser ministradas virtualmente, e os conteúdos de ensino invadiram o meio digital. Entretanto, desde o início dos anos 2000, professores do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) já trabalhavam no desenvolvimento de ferramentas digitais para o ensino em ambiente virtual.
Foi a partir desses estudos que, ainda no início dos anos 2000, foi criada, a primeira disciplina online da Unicamp, um curso de inglês para alunos da graduação e pós-graduação. Os docentes do IEL produziram um banco de conteúdo autoral para o curso e desenvolveram a disciplina ministrada de forma virtual.
A professora Denise Braga, uma das responsáveis pelo projeto, explica que o banco de conteúdo privilegiou textos curtos e não datados, garantindo sua atemporalidade.
“Procuramos alinhar o estudo independente à prática textual, com uma lógica da leitura em tela e linguagem digital, privilegiando textos acadêmicos e de divulgação científica”, explica.
A partir desses princípios, os professores criaram um banco de conteúdo diverso, que permitiu o desenvolvimento da disciplina de inglês online com metodologia própria.
São 24 aulas, divididas em seis módulos, agrupados segundo critérios gramaticais. Três deles discutem problemas recorrentes para leitores no nível da sentença: verbo, formação de palavras (prefixos e sufixos) e adjuntos adnominais complexos. Os outros três módulos exploram organizações textuais mais amplas: elementos de coesão (pronominal e lexical), relações lógicas (conjunções) e os elementos que marcam, no texto, a modalização das afirmações feitas pelo autor.
Cada atividade inclui um texto para leitura e audição, seis questões de compreensão, material de apoio, reflexões sobre estratégias de leitura e aquisição de língua e exercícios de sistematização com verificação automática.
“Oferecemos ao aluno um material de apoio com glossário e apostila gramatical, além de respostas sugeridas pela equipe pedagógica. Também explicamos a estratégia utilizada na resolução das questões. Esse método permite que o aluno tenha um estudo independente de qualidade”, destaca Denise Braga.
Licenciamento não exclusivo de conteúdo autoral
O banco de conteúdo autoral desenvolvido pelos professores do IEL foi licenciado, com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a empresa Mupi Tecnologia e Serviços de Informação.
As negociações foram iniciadas em 2017 e concluídas apenas em 2021. A Diretoria de Parcerias e Contratos da Inova teve que estudar um modelo que se adequasse ao caso específico de direito autoral e permitisse a negociação do conteúdo pela Unicamp.
Antes de chegar à Inova, Braga tentou por vários anos encontrar uma forma de manter o projeto vivo na Unicamp e disponibilizá-lo a mais pessoas.
“Foi uma satisfação contribuir neste caso, já que o projeto poderá ter um futuro dentro e fora da Unicamp, disseminando o conteúdo para alunos de diversos locais a partir da comercialização pela Mupi. A empresa repassará à Unicamp o acesso gratuito às próximas versões e as melhorias do conteúdo, desde que a universidade providencie suporte e manutenção. Ou seja, se a Unicamp tiver interesse em fornecer o curso para a comunidade acadêmica, poderá se beneficiar de conteúdos atualizados”, explica Ana Daidone, analista de Parcerias da Inova Unicamp.
Raquel Barbosa, diretora de Propriedade Intelectual da Inova Unicamp, explica que a questão do direito autoral no ensino ganhou destaque nos últimos dois anos, com a disseminação das aulas virtuais. Ela não envolve só o processo de produção do conteúdo autoral próprio.
“Quando se trata de ensino, o direito autoral está presente em todo o processo: preparo, elaboração, gravação e disponibilização do conteúdo próprio e utilização de conteúdo de terceiros de forma adequada”, destaca Raquel Barbosa.
Pensando nisso, a Procuradoria Geral da Unicamp e o Sistema de Bibliotecas da Unicamp produziram um guia sobre direitos autorais disponível na página do SBU. Através da Inova, a Unicamp recebe as comunicações de criação de conteúdo autoral. Ela também é responsável pelas ofertas de licenciamento de conteúdo autoral próprio.
Prêmio Inventores 2022
INVENTORES PREMIADOS NESTE LICENCIAMENTO
Denise Bértoli Braga, Lúcia Alves Costa, Joanne Marie Mccaffrey Busnardo Neto, Maria Cecília dos Santos Fraga, Anabel Deuber, Virgilio Nascimento Santos e Fábio Aragão da Silva foram premiados na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2022.
PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS
Essa matéria faz parte da série de reportagens produzida pela Inova Unicamp sobre tecnologias licenciadas. Elas podem ser lidas pelo site da Inova e também em formato e-book na Revista Prêmio Inventores, com lançamento previsto para junho. Também está agendado um webinar sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia para o dia 8 de junho, com inscrições abertas ao público em geral.
Confira todos os premiados no site do Prêmio Inventores da Unicamp.
Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2022 são: Pulse Hub, ClarkeModet, 3M e Neger Telecom.
Este texto foi publicado originalmente no site da Inova Unicamp.